sexta-feira, 12 de outubro de 2012

“Guerra dos Sexos”: Em meio a algumas interpretações histriônicas, Gloria Pires se destaca por fazer humor na medida certa


Gloria Pires parece estar carregando nas costas a nova versão de “Guerra dos Sexos”, adaptação de Silvio de Abreu para uma trama de sua própria autoria exibida originalmente em 1983. As cenas da atriz, que interpreta a empresária Roberta Leoni, papel que foi de Glória Menezes na primeira versão, são as que mais instigam a se continuar assistindo à novela das sete da Rede Globo, que, diga-se de passagem, ainda não decolou em termos de audiência.  Gloria sabe a medida certa da hora de ser séria e da hora de fazer humor, sem pesar a mão em nenhuma das situações. 

Diferentemente de outros atores, tão veteranos quanto ela, que estão exagerando na tentativa de fazer graça apenas por se tratar de um gênero comédia. A sensação é de que a atriz se autodirige e que os diretores confiam nessa autonomia conquistada por quem estreou na televisão aos 5 anos de idade e domina o veículo com segurança. Não foi à toa que coube a ela no primeiro capítulo do remake, há duas semanas, protagonizar uma cena em que enfiava uma torta na cara de Felipe (Edson Celulari), no mesmo estilo pastelão que consagrou a primeira versão. Graças à Gloria, a sequência não soou forçada. Já Celulari, além de dar a impressão de emprestar sempre a mesma interpretação a seus personagens cômicos, não consegue surpreender como aconteceu quando Tarcísio Meira deu vida a Felipe no original.

Nem mesmo Tony Ramos e Irene Ravache, com todo o talento de ambos, atingiram o mesmo êxito de Paulo Autran e Fernanda Montenegro na primeira versão ao fazerem no capítulo dessa quinta-feira (11) a antológica batalha entre Otávio e Charlô, na qual um suja o outro com o lauto café da manhã. A ideia de inserir flashes da atuação de Fernanda e Autran não surtiu um bom efeito e acabou até prejudicando a imitação dos intérpretes atuais da dupla de primos.

Longe do compromisso de fazer humor a qualquer custo, destacam-se as atuações de Fernando Eiras, fazendo uma bela dobradinha com Gloria no papel de Dinorah, cunhado e braço direito de Roberta; e de Paulo Rocha, agora sem sotaque e mostrando sua versatilidade fazendo de Fábio um homem também cativante, mas que não lembra em nada o Guaracy que o ator português viveu em “Fina Estampa”.

Ou seja, os intérpretes de personagens naturalistas estão se destacando mais. Enquanto que aqueles atores responsáveis pelos tipos mais voltados à comédia deixam a desejar pela interpretação caricata e histriônica demais. Talvez esteja na hora de tirar o excesso de certos “ingredientes” que estão sobrando nesse “pastelão”. 


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