Gloria Pires parece estar carregando nas costas a
nova versão de “Guerra dos Sexos”, adaptação de Silvio de Abreu para uma trama
de sua própria autoria exibida originalmente em 1983. As cenas da atriz, que
interpreta a empresária Roberta Leoni, papel que foi de Glória Menezes na
primeira versão, são as que mais instigam a se continuar assistindo à novela
das sete da Rede Globo, que, diga-se de passagem, ainda não decolou em termos
de audiência. Gloria sabe a medida certa
da hora de ser séria e da hora de fazer humor, sem pesar a mão em nenhuma das
situações.
Diferentemente de outros atores, tão veteranos
quanto ela, que estão exagerando na tentativa de fazer graça apenas por se tratar
de um gênero comédia. A sensação é de que a atriz se autodirige e que os
diretores confiam nessa autonomia conquistada por quem estreou na televisão aos
5 anos de idade e domina o veículo com segurança. Não foi à toa que coube a ela
no primeiro capítulo do remake, há duas semanas, protagonizar uma cena em que
enfiava uma torta na cara de Felipe (Edson Celulari), no mesmo estilo pastelão
que consagrou a primeira versão. Graças à Gloria, a sequência não soou forçada.
Já Celulari, além de dar a impressão de emprestar sempre a mesma interpretação
a seus personagens cômicos, não consegue surpreender como aconteceu quando Tarcísio
Meira deu vida a Felipe no original.
Nem mesmo Tony Ramos e Irene Ravache, com todo o
talento de ambos, atingiram o mesmo êxito de Paulo Autran e Fernanda Montenegro
na primeira versão ao fazerem no capítulo dessa quinta-feira (11) a antológica batalha
entre Otávio e Charlô, na qual um suja o outro com o lauto café da manhã. A
ideia de inserir flashes da atuação de Fernanda e Autran não surtiu um bom
efeito e acabou até prejudicando a imitação dos intérpretes atuais da dupla de
primos.
Longe do compromisso de fazer humor a qualquer
custo, destacam-se as atuações de Fernando Eiras, fazendo uma bela dobradinha com
Gloria no papel de Dinorah, cunhado e braço direito de Roberta; e de Paulo
Rocha, agora sem sotaque e mostrando sua versatilidade fazendo de Fábio um
homem também cativante, mas que não lembra em nada o Guaracy que o ator
português viveu em “Fina Estampa”.
Ou seja, os intérpretes de personagens naturalistas
estão se destacando mais. Enquanto que aqueles atores responsáveis pelos tipos mais
voltados à comédia deixam a desejar pela interpretação caricata e histriônica
demais. Talvez esteja na hora de tirar o excesso de certos “ingredientes” que
estão sobrando nesse “pastelão”.
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