segunda-feira, 1 de outubro de 2012

“Dancin’ Days”: Resumo de um dos maiores sucessos dos anos 70 valoriza quadro que é o que há de melhor no “Vídeo Show”, que carece da presença de pessoas com mais bagagem sobre a história da televisão


Sonia Braga, sem maquiagem, cabelos presos, roupas simples e postura humilde, e Joanna Fom, mulher requintada e cigarro em punho, há 34 anos, estão sentadas à mesa de um restaurante discutindo sobre os acontecimentos dos últimos onze anos. Foi o tempo em que Júlia Matos, personagem de Sonia, ficou presa, enquanto Yolanda Pratini, interpretada por Joana, enriquecia e cuidava da filha da irmã presidiária, Marisa (Glória Pires). Rever essa cena na primeira parte de “Dancin’ Days”, que começou a ser exibida no “Novelão da Semana” do “Vídeo Show” dessa segunda-feira (1), foi como fazer um mergulho no tempo de uma das novelas mais marcantes da teledramaturgia brasileira, exibida em 1978.

Escrita por Gilberto Braga e dirigida por Daniel Filho, Gonzaga Blota, Dennis Carvalho, Marcos Paulo e José Carlos Pieri, foi uma novela que marcou a época das discotecas, embalada pelo sucesso nos cinemas de “Os Embalos de Sábado à Noite”, filme estrelado por John Travolta. Sem falar nas famosas meias coloridas de lurex, usadas com sandália de salto fino, que viraram moda naquele tempo.

Mas o que se ressaltou realmente foi a discussão proposta por Gilberto Braga sobre valores sociais e morais que ainda eram pouco explorados com tanta verdade nas novelas. Some-se a isso um elenco fantástico que reunia, além das três atrizes já citadas, nomes como os de Antônio Fagundes, Beatriz Segal, Yara Amaral, Milton Moraes, Lídia Brondi e Mário Lago, o grande destaque no papel do sofisticado Alberico, morador de Copacabana. 

A escolha de “Dancin’ Days” só vem valorizar um quadro, que, sem dúvida, é o que tem de melhor atualmente no “Vídeo Show”, que já perdeu muito dos tempos áureos em que era apresentado por Miguel Falabella e que Cissa Guimarães era a repórter anunciada pelo apresentador como “A garota que quebra o coco, mas não arrebenta a sapucaia!”. Está precisando de uma reformulação que resgate um pouco mais de sua verdadeira identidade e da participação de algum apresentador, ou comentarista, que tenha uma bagagem maior sobre a história da televisão. Não basta ser apenas engraçadinho, tem que ter conteúdo também.