Sonia Braga, sem maquiagem, cabelos presos, roupas
simples e postura humilde, e Joanna Fom, mulher requintada e cigarro em punho, há
34 anos, estão sentadas à mesa de um restaurante discutindo sobre os
acontecimentos dos últimos onze anos. Foi o tempo em que Júlia Matos,
personagem de Sonia, ficou presa, enquanto Yolanda Pratini, interpretada por
Joana, enriquecia e cuidava da filha da irmã presidiária, Marisa (Glória
Pires). Rever essa cena na primeira parte de “Dancin’ Days”, que começou a
ser exibida no “Novelão da Semana” do “Vídeo Show” dessa segunda-feira (1), foi
como fazer um mergulho no tempo de uma das novelas mais marcantes da teledramaturgia
brasileira, exibida em 1978.
Escrita por Gilberto Braga e dirigida por Daniel Filho, Gonzaga Blota, Dennis Carvalho, Marcos Paulo e José Carlos Pieri, foi uma novela que marcou a época das discotecas, embalada
pelo sucesso nos cinemas de “Os Embalos de Sábado à Noite”, filme estrelado por
John Travolta. Sem falar nas famosas meias coloridas de lurex, usadas com
sandália de salto fino, que viraram moda naquele tempo.
Mas o que se ressaltou realmente foi a discussão proposta
por Gilberto Braga sobre valores sociais e morais que ainda eram
pouco explorados com tanta verdade nas novelas. Some-se a isso um elenco
fantástico que reunia, além das três atrizes já citadas, nomes como os de
Antônio Fagundes, Beatriz Segal, Yara Amaral, Milton Moraes, Lídia Brondi e
Mário Lago, o grande destaque no papel do sofisticado Alberico, morador de
Copacabana.
A escolha de “Dancin’
Days” só vem valorizar um quadro, que, sem dúvida, é o que tem de melhor
atualmente no “Vídeo Show”, que já perdeu muito dos tempos áureos em que era
apresentado por Miguel Falabella e que Cissa Guimarães era a repórter anunciada
pelo apresentador como “A garota que quebra o coco, mas
não arrebenta a sapucaia!”. Está precisando de uma reformulação que resgate um pouco mais de sua verdadeira identidade e da participação de algum apresentador, ou comentarista, que tenha uma bagagem maior sobre a história da televisão. Não basta ser apenas engraçadinho, tem que ter conteúdo também.