domingo, 30 de dezembro de 2012

“Domingão do Faustão”: Apresentador solta mais uma das suas pérolas e Roberto Carlos canta, mas evita responder a elogios usando como desculpa as “muitas emoções”




Roberto Carlos não estava no “Caldeirão de Ouro”, especial de fim de ano do “Caldeirão do Huck” que foi ao ar nesse sábado (29) e fez uma réplica da antiga parada musical “Globo de Ouro” mostrando um paradão com as dez mais tocadas em 2012. Em compensação o Rei ocupou 50 por cento do “Domingão do Faustão” desse domingo (30), quando foi receber o troféu Mário Lago, que premia artistas veteranos. Ele recebeu a estatueta das mãos de Regina Duarte, premiada de 2011. “Fica quieto, quem fala agora sou eu”, brincou a atriz, relembrando as mesmas palavras usadas por Hebe Camargo quando entregou a ela o troféu no ano passado. É tradição o vencedor de um ano fazer a entrega ao escolhido do ano seguinte.

O programa, que repetiu a versão de “Pizza do Faustão”, reuniu nove atrizes na mesa: Juliana Paes, Ísis Valverde, Maria Fernanda Cândido, Lisandra Souto, Débora Nascimento, Cris Viana, Flávia Alessandra, Paola Oliveira e Luana Piovani. Nos primeiros blocos, as atrizes falaram de assuntos triviais do universo feminino, como maternidade, boa forma, cuidado com cabelos, quase um programa digno do GNT. “Esse é um programa de mulheres reais”, decretou Paola. Menos, né? A afirmação foi totalmente fora de ordem após Flávia Alessandra dizer que não fez grandes esforços para voltar a usar manequim 36 após o nascimento de suas duas filhas. Trinta e seis? Quero ver quantas mulheres da vida "real" conseguem essa façanha!

Já quando Roberto Carlos entrou no palco o programa realmente ganhou o tom de especial. Estranho foi ver nas redes sociais as reações: enquanto alguns reclamaram de o cantor não estar na parada do Huck, outros ironizaram a presença do mesmo no Faustão. Definitivamente, não se pode agradar a todo mundo. Pode-se apenas se respeitar a opinião de cada um.

Achei justa a homenagem. Mas gostaria de destacar algumas pérolas do apresentador. Em determinado momento, Fausto Silva diz: “Roberto Carlos está voltando a trabalhar!”. Como assim, ele havia se aposentado? Depois, afirma: “Eu desejo que na sua vida pessoal você tenha dez por cento do que distribui para seu público”. Só dez por cento? E, para encerrar, chama assim as "Videocassetadas": "Agora que a festa do Rei acabou, é hora de alegria". Então a homenagem a Roberto Carlos foi hora de tristeza?

Em todo caso, o Rei, com toda a história construída numa trajetória de mais de 50 anos, mais uma vez manteve sua postura modesta diante dos depoimentos de muitos famosos e anônimos que o reverenciaram. E até das bolas fora do apresentador. Usando como desculpa a emoção, o cantor evitou comentar o festival de elogios gravados e os feitos no palco pelas atrizes da mesa, regados a vinho e pizza. Bom senso que falta a muitos famosos e anônimos que nem chegaram “à beira do caminho”.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

“Xingu – A Saga dos Irmãos Villas-Boas”: Filme vira série e faz mais sucesso na TV do que no cinema, provando que a questão indígena interessa ao grande público, sim


A narração do ator João Miguel, aliada à sua excelente interpretação como Claudio Villas-Boas, pode estar fazendo a diferença na montagem feita para a televisão do filme “Xingu”, de Cao Hamburguer, que não chegou a ter grande repercussão ao estrear nos cinemas em abril deste ano. Já a história sobre a instalação do Parque do Xingu na década de 40 que começou a ser exibida na Rede Globo nessa terça-feira (25), tomou a forma ideal de uma série, que está sendo exibida em quatro capítulos, tendo como subtítulo “A Saga dos Irmãos Villas-Boas”. Além de João Miguel, encabeçam a saga dos três irmãos Felipe Camargo, como Orlando, e Caio Blat, no papel de Leonardo. Se no cinema a bilheteria não correspondeu às expectativas, na televisão a audiência tem surpreendido e mostrado que a questão indígena continua interessando ao grande público.

A história por si só emociona e leva à reflexão ao mostrar a que preço para as civilizações indígenas é buscado o progresso do país.  A narração de Claudio é cheia de mensagens e verdades: “Vamos sair do território deles”, “Nós somos os invasores”, “O primeiro índio que eu vi poderia ter me matado, mas não matou”, escreve ele em seu diário. Tudo começa quando os três irmãos resolveram se alistar na expedição que visava ocupar “o vazio do Brasil Central” na conhecida Marcha Para O Oeste, num processo de interiorização do Brasil orquestrado pelo governo de Getúlio Vargas. Muitos foram apenas de olho nos parcos salários. Outros, como os Villas-Boas, em busca de aventura. E acabaram sendo fisgados pela cultura indígena. Principalmente ao perceberem que, além de armas, facas, aviões e rádios, tinham levado também doenças para aqueles seres tão diferentes.

O segundo capítulo, que foi ao ar nessa quarta-feira (26), foi particularmente chocante, ao mostrar a matança de índios por brancos, entre eles seringueiros que tentavam escraviza-los. E em que também a imprensa tenta escrachar do trabalho dos três irmãos sertanistas ao publicar a manchete de que Leonardo tinha engravidado uma índia. E ainda tem mais dois capítulos pela frente.

Talvez “Xingu – A Saga dos Irmãos Villas-Boas”, esteja funcionando na televisão muito melhor na versão de série do que o filme no qual Hamburguer, além da direção, assinou o roteiro ao lado de Elena Soarez. A fotografia de Adriano Goldman também tem os tons de luzes realisticamente compatíveis com os horários da região. E é de se valorizar nos créditos da abertura os nomes dos índios atores Maiarim Kaiabi, Awakari Tumã Kaiabi, Adana Kambeba, Tapaié Waurá e Totomai Yawalapiti, à frente de outros integrantes do elenco, como Maria Flor, Augusto Madeira e Fabio Lago.

Só para lembrar: em 1985, a extinta Rede Manchete o documentário “Xingu – A Terra Mágica”, realizada pelo jornalista Washington Novaes. O projeto foi idealizado na época por Walter Salles, Roberto D’Ávila e Fernando Barbosa Lima Sobrinho, que estavam à frente da Intervídeo. Nele foram mostrados os registros do cotidiano das tribos Kren-a-Karore, Waurá, Kuikuro, Metukire no Parque do Xingu, etnias predominantes no Parque do Xingu. A série de 11 capítulos foi premiada em vários festivais nacionais e internacionais. Merecidamente.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

“Coral de Rua”: Especial que reúne moradores de rua emociona e faz refletir sobre as histórias de vida dessa parte da população que vive à margem da sociedade


A segunda edição do “Coral de Rua” que a Record exibiu nesse domingo (23), mais uma vez emocionou e fez refletir sobre a realidade que há por trás de pessoas que, por motivos diversos, acabam virando moradores de rua. No especial de fim de ano da emissora, o produtor musical Marco Camargo mais uma vez percorreu a cidade de São Paulo em busca de cidadãos que vivem à margem da sociedade que estivessem dispostos a participarem de um coral. E o que se viu é que a maioria está disposta, sim, a tentar mudar de vida, basta ter uma oportunidade.

Nas ruas, Camargo encontrou de tudo, até um mendigo completamente embriagado que, diante do convite, prometeu parar de beber e se dedicar às aulas de canto. Se ele realmente parou, não se sabe, mas estava presente na apresentação final do grupo. Teve também um que garantiu participar, mas não apareceu. E a mulher que recusou o convite porque tinha que cuidar do marido e dos filhos, mas surgiu de surpresa no início da preparação do grupo.

Em suas andanças, o produtor formou um grupo de 25 pessoas para quem deu aulas de canto e música. Foi contagiante ver o entusiasmo de cada um deles diante da chance de estarem se sentindo realmente vistos e acreditando na sua própria superação. Também foi bem sacada a ideia de na apresentação para uma plateia que contou com o elenco da emissora todos estarem bem vestidos, mas com figurinos que tinham a ver com o jeito de ser de cada um, e não com um uniforme padrão de coral. E ficou nítida a sensação de alegria de cada um ao encerrar o show cantando “Lindo Balão Azul”. Que venham muitos outros especiais inspirados nesse projeto.

“Lado a Lado”: Novela de época extrapola no modernismo e transforma protagonistas, Laura e Isabel, em mulheres inconstantes diante das escolhas que fizeram na vida


Camila Pitanga e Marjorie Estiano formam em “Lado a Lado”, novela das seis da Rede Globo, uma dupla com uma química raramente encontrada entre atrizes que dividem o posto de protagonista da história. A sintonia vista entre suas personagens, respectivamente Isabel e Laura, é tanta que fica claro que ela existe também na vida real. Mas, infelizmente, na ficção, ambas estão começando a perder a admiração conquistada até agora com suas posições libertárias e avançadas para o século passado, época em que se passa a trama de Cláudia Lage e João Ximenes Braga, ao assumirem posturas contraditórias com o que apregoam.

Laura foi corajosa o suficiente para enfrentar uma sociedade inteira ao tomar a decisão de se divorciar de Edgar (Thiago Fragoso), mesmo sabendo que isso romperia os vínculos com seus familiares e a tornaria uma mulher mal vista e alvo de todo tipo de preconceito, mas não teve força para lutar pelo seu amor. Ela simplesmente abriu mão da própria felicidade por não aceitar que seu marido tivesse tido uma filha com outra mulher quando ainda era seu noivo. Edgar a traiu, sim. Mas num período em que nem ele nem ela se conheciam e ambos não tinham o menor interesse em concretizar aquele casamento arranjado.

Se Laura ama tanto Edgar quanto diz, por que não lutou por esse amor e se impôs diante da “outra”, Catarina (Alessandra Negrini), na condição de mulher oficial, já que o marido lhe deu todas as provas de que é ela quem ele realmente ama? Mesmo passados seis anos e vendo que Edgar continua sozinho e fiel a ela, Laura se mostra insegura e desconfiada, numa postura que não combina em nada com a imagem que ela tenta passar para todos de mulher forte e convicta de suas decisões. O pior é que ela mantém o marido afastado, mas sempre deixando no ar uma ponta de esperança para uma reconciliação. Como fez no capítulo dessa segunda-feira (24), em que foi atrás dele e depois de uma noite de amor mais uma vez recuou na hora de voltar a ser sua mulher. Esse comportamento contraditório não combina com o caráter da mocinha idealista e romântica que ela mostrava no começo da novela.

Já Isabel nunca mostrou um comportamento exatamente linear em termos de convicções. Logo após acreditar ter sido abandonada no altar por Zé Maria (Lázaro Ramos), ela nem pensou em investigar o que realmente tinha acontecido com o noivo. Sendo uma mulher calejada por sentir na pele as agressões que aqueles de sua raça passaram, ela deveria ter tido discernimento para buscar a verdade e não se acomodar na confortável posição de noiva abandonada. E usando essa vitimização como desculpa se entregou a Albertinho (Rafael Cardoso), no quarto que ocupava na casa de sua patroa, Madame Besançon (Beatriz Segall), a quem devia também as aulas de etiqueta e do idioma francês. Ou seja, ela não levou em consideração nem o respeito que devia a sua benfeitora. Impulso? Tesão? Então ela nunca tinha sentido isso quando estava com Zé?

Isabel soube dar a volta por cima ao ultrapassar as fronteiras e ousou ao arriscar uma carreira de dançarina de samba na França, mesmo contra a vontade de seu pai, Afonso (Milton Gonçalves). E o sucesso que fez no exterior só realçou características que já faziam parte de sua personalidade antes da fama. Ela continua sendo insensível ao que se passa no íntimo tanto de seu pai quanto no de Zé Maria e insiste em cobrar compreensão da parte de ambos, quando a própria não leva em consideração o que se passa no coração deles. Não foi o dinheiro que a transformou, o poder econômico apenas trouxe à tona seu desejo de ser o centro das atenções, como já demonstrava quando se destacava dançando no morro.

Laura e Isabel poderiam tranquilamente ser personagens de uma novela que se passa nos tempos atuais. Mas, mesmo assim, alguns comportamentos que estão tendo nessa fase da trama não combinam com o contexto. Ou Laura é forte a ponto de brigar por seu amor e enfrenta de forma mais inteligente aos preconceitos da época, ou assume ser uma mulher mal resolvida, que se faz de forte, mas vive chorando pelos cantos por não saber conduzir sua própria vida sozinha. Ou Isabel fica de vez com sua escolha de brilhar como a diva dos palcos, ou busca uma forma mais humilde de resgatar o respeito de seu pai e de seu grande amor, sem colocá-los na posição de seus dependentes.



sábado, 22 de dezembro de 2012

“Suburbia”: Desfecho ousou ao mostrar pregação evangélica na Globo, mas foi bem menos impactante dos que os sete capítulos anteriores da série





“Suburbia”, série da Rede Globo que chegou ao fim nessa quinta-feira (20), tem que ser analisada no seu todo por trazer a grife do diretor Luiz Fernando Carvalho, dessa vez contando com a contribuição luxuosa de Paulo Lins, autor de “Cidade de Deus”, no roteiro. O último capítulo, no entanto, deixou no ar a expectativa de algo diferente iria acontecer e, quanto mais se aproximava do fim maior ficava a ansiedade. No fim, o que se viu foi uma sequência de festa de casamento confusa, com cena dos noivos ora em momento íntimo, ora dançando em uma roda festiva com os amigos.

No todo, o projeto merece ser exaltado, principalmente pela coragem de Luiz Fernando em, mais uma vez, buscar atores desconhecidos e até pessoas anônimas de fora do ramo para atuarem, como foi o caso da protagonista Conceição, vivida por Érica Januza. No mais, é falta de conhecimento exaltar o programa pela “ousadia” de ter seu núcleo principal na periferia, subúrbio ou favela. Outros produtos da teledramaturgia já fizeram isso. Ninguém se lembra de “Guerra Sem Fim”, novela de José Louzeiro que foi ao ar na extinta Rede Manchete em 1993? E esse papo de que só agora estão falando em classe C? “Dona Xepa”, novela de Gilberto Braga exibida em 1977 tinha como protagonista quem?

Ousadia mesmo foi em fazer uma miscigenação de crenças religiosas num mesmo núcleo, como foi o caso dos cultos de pastores evangélicos convivendo com Conceição, devota de Nossa Senhora Aparecida, uma santa da igreja católica, além de outras moradoras do morro claramente adeptas do candomblé. A cena em que Cleiton (Fabrício Boliveira) dá seu testemunho em uma igreja evangélica, após uma drástica mudança de sua vida, em que “ressuscitou” após ser alvejado por balas por traficantes, parecia mais uma cena de alguma minissérie da Rede Record.

Em termos de direção, fotografia, produção, iluminação e demais partes técnicas, foi um trabalho irretocável. Em termos de roteiro, começou muito bem, mas foi se perdendo com o tempo. O fato de ser uma história contínua exibida apenas semanalmente também prejudica. Trata-se de uma série e não de um seriado. Se ela é contada em capítulos, diferente de episódios independentes, a distância entre a exibição de um e outro não colabora. O que emocionou mesmo, do início ao fim, foi a trilha sonora com sucessos antigos de Roberto Carlos.


“Como Aproveitar o Fim do Mundo”: Série mantém o humor inteligente até o fim e deixa no ar gancho para nova temporada


Fernanda Young e Alexandre Machado, autores de “Como Aproveitar o Fim do Mundo”, tiveram uma boa sacada ao encerrar a série da Rede Globo adiando a data do Apocalipse. O fim foi ao ar na noite de quarta-feira (20), véspera do dia previsto pelos Maias para a destruição do planeta. Nele, Ernani (Danton Mello), temendo não mais contar com a companhia de Kátia (Alinne Moraes) já que o mundo não acabou, resolve inverter o jogo e, baseado em pesquisas e informações da NASA, é ele que passa a convencê-la de que o mundo vai acabar... Mas só em junho de 2014. Coincidência, ou não, o mês em que começa a Copa do Mundo no Brasil.

Se no começo da série Nelson Freitas foi o coadjuvante perfeito, roubando cenas como Raposo, um colega de trabalho de Ernani, no final, Helena Cerello e Renato Caldas não fizeram feio no papel do casal Lívia e Nuno, respectivamente irmã e cunhado de Kátia. Claro que os dois não têm a mesma popularidade do ator que faz parte do elenco fixo do humorístico “Zorra Total”, mas também seu estilo próprio de lidar com cenas do cotidiano dosadas com comédia contida e inteligente.

Ernani e Kátia se envolveram em mais situações hilariantes, no melhor estilo das já mostradas ao longo dos setes episódios anteriores do programa dirigido por José Alvarenga Jr.. E a cena dos dois, mais Lívia e Nuno, brindando com champanhe o fim do mundo como se fosse um réveillon foi pontual e trouxe um significado nas entrelinhas do roteiro que pode ser transportado da ficção para o que aconteceu na vida real em torno dessa profecia. 

E já que o mundo só vai acabar em 2014, quem sabe não vemos até lá uma nova temporada da série?

Mais "Como Aproveitar o Fim do Mundo" aqui:
http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6861779965983543569#editor/target=post;postID=2443466555527531304  


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

“Os Fatos Espetaculares de 2012”: Band inova ao fazer retrospectiva do ano diferente, brincando com acontecimentos bizarros, mas pesa a mão nas baixarias e palavrões em atração indicada como Livre


A ideia da Band de buscar uma forma diferente de fazer a tradicional retrospectiva de fim de ano que invade quase todos os veículos de comunicação nos últimos dias de dezembro, dessa vez em formato de um game, poderia ter sido mais bem desenvolvida não fossem as “estrelas” escolhidas para o projeto. Para começar, a apresentação de “Os Fatos Espetaculares de 2012”, que foi ao ar na noite de terça-feira (18), coube a Danilo Gentili, que insiste naquele seu jeito Homer Simpson de ser, apostando que fazer humor é misturar tiradas escatológicas, mostrar um ar blasé e rir ele próprio de suas gracinhas. O humorista abriu o especial dizendo: “O que faz um jogo ser bom? A qualidade dos competidores. Por isso a nossa equipe fez contato com as celebridades mais badaladas do país para participar. Depois que todas recusaram a gente chegou a essas que estão aqui”.

Aí vem o “elenco de pesos pesados da casa”: Gominho, o blogueiro que se acha famoso, mas ninguém sabia quem era até ele aparecer no falido “Muito+” (na verdade, muita gente continua não sabendo quem ele é); Denílson, o enjoado ex-jogador do “Deu Olé” que se acha o próprio “Filho de Francisco” por ser genro de Zezé di Camargo; Roger, o vocalista do Ultraje a Rigor, grupo remanescente dos anos 80 que faz a trilha do “Agora É Tarde”, o comentarista esportivo Neto e o jornalista Ricardo Boechat, apresentador do “Jornal da Band”, que, dono de um humor inteligente, acabou parecendo um peixe fora d’água na atração.

Não bastasse esse casting, o jogo de perguntas e respostas sobre acontecimentos mais marcantes, na verdade bizarros, de 2012 contou com a presença de convidados “especiais”, como o sempre polêmico Alexandre Frota; o produtor musical Miranda, além de Marcelo Adnet e Dani Calabresa, os dois humoristas que exploram sem modéstia do merchan de “casal 20 da MTV”.

Entre os “fatos espetaculares” lembrados na disputa estavam o vexame do ator Wagner Moura encarnando Renato Russo num show, a Luiza que estava no Canadá, o leilão de virgem na webe e a falsa grávida de quadrigêmeos de Tatuapé. Danilo dava a dica e as duplas tinham que acertar a resposta para ganhar o prêmio: um carro Gurgel todo enferrujado. Marcelo Adnet e Miranda venceram as outras duas duplas formadas por Frota e Neto, e Boechat e Calabresa.

Mas o que mais rolou mesmo foram palavrões e piadas de mau gosto. Chegou ao ponto de Alexandre Frota ter “ameaçado” Gominho, que estava no papel de curinga do jogo: “Se errar eu não te como mais”, disse o ator para o blogueiro. Essa foi apenas uma entre as muitas outras baixarias do gênero ditas o tempo todo. Tudo bem que o intuito era muito mais de fazer graça do que de tocar em assuntos sérios. Não precisavam, no entanto, ter descido tanto o nível, principalmente porque a classificação indicativa do programa era Livre. Ou seja, aconselhado para telespectadores de todas as idades, inclusive crianças. Estragaram o que poderia ter sido uma ideia nova e original.



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

“Encontro Com Fátima Bernardes”: Luiz André Azevedo resgata a essência da verdadeira função de um repórter em atração comandada por uma jornalista que continua sonhado ser celebridade da mídia




Fátima Bernardes perdeu mais uma chance de mostrar que sua veia jornalística poderia acrescentar mais e mais ao seu desejo de ser celebridade da mídia no papel de apresentadora. No “Encontro Com Fátima Bernardes” (continuo achando egocêntrico colocar o nome completo da apresentadora no título do programa. Nem Hebe Camargo fazia isso), dessa quarta-feira (19).

A ex-editora e ex-apresentadora do “Jornal Nacional” se mostrou visivelmente incomodada com a emoção que tomou conta do repórter Luiz André Azevedo ao ser exibida uma retrospectiva da carreira dele na qual, entre muitas imagens, estava a que mostrava sua parceria com o jornalista Tim Lopes, vítima de narcotraficantes durante realização de uma reportagem investigativa para a Rede Globo.
Por que Fátima estava desconfortável? Talvez porque André Luiz seja um dos poucos jornalistas que ainda representa a essência da profissão. Que bebe na fonte do jornalismo em sua raiz. Que não se vende ou se troca pelos cinco minutos de fama que transformou a profissão, para muitos novatos e nem tão novatos assim, num cabide de “celebridades da mídia”. Que se realiza e é feliz sendo repórter. Não quer ser apresentador. Tem uma humildade valorizada pela competência.

Obrigada, André Luiz Azevedo. Sua presença no programa de uma ex-jornalista foi um bálsamo para quem já começa a desacreditar na profissão diante de tantos profissionais “celebridades da mídia”. 

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