terça-feira, 27 de setembro de 2016

“Escrava Mãe”: Lidi Lisboa e Taís Fersoza roubam a cena como escrava e sinhá vilãs em novela em que falta brilho à mocinha


Uma das qualidades de “Escrava Mãe” é o fato de a novela das sete da Record não ter perdido em quatro meses no ar o mesmo ritmo mostrado desde a estreia. A história de época escrita por Gustavo Reiz renova o fôlego a cada capítulo através de acontecimentos impactantes, mantendo um texto coerente e diálogos ágeis. Outro acerto do autor é atribuir importâncias consideráveis às tramas paralelas, sem se deter unicamente no vértice central que conta a origem da Escrava Isaura, heroína do clássico da literatura criado por Bernardo Guimarães. O que compensa o fato de Gabriela Moreyra, intérprete de Juliana, ainda não ter realmente deixado aflorar o carisma que a personagem-título deveria ter pelo posto que ocupa na história.

Mas enquanto aquela que um dia dará à luz Isaura não brilha, quem vem roubando a cena é Esméria, a escrava rebelde, rancorosa e que sempre invejou as regalias dadas a Juliana na Casa Grande, interpretada por Lidi Lisboa. Percebe-se que a personagem vem sendo defendida com garra pela atriz, que mergulha fundo nas variações de humores e sentimentos da mucama. Esméria consegue causar tanta repulsa por atraiçoar seus iguais para levar a melhor agradando seus senhores, quanto pode comover nos poucos momentos em que deixa aflorar as próprias carências.

O momento de glória de Esméria veio no capítulo dessa segunda-feira (26), em que encarou de frente Maria Izabel, a grande vilã da novela encarnada com maestria por Taís Fersoza. Assim como Lidi, Taís encontrou o tom perfeito para reinar absoluta como antagonista de Juliana, mostrando com força no olhar suas variações de humores, que vão do ódio à sedução, passando por momentos de falsos arrependimentos.

E na cena, trancadas no quarto, Esméria e Maria Izabel duelaram de igual para igual no jogo da tirania. Com vários trunfos na manga por conhecer todos os segredos de sua sinhá, como ter assassinado o próprio pai, a mucama resolveu inverter os papéis e assumiu o papel de sinhá, ordenando que suas vontades fossem atendidas, enquanto a outra engolia em seco a própria ira. Se o enfrentamento das personagens foi bom, o desempenho das atrizes foi melhor ainda. Certamente ainda haverá outros embates entre ambas até que Esméria consiga sua alforria para finalmente se tornar livre ao lado da irmã, a Condessa Catarina (Adriana Lessa), da qual foi separada no mercado de escravos quando criança e agora a reencontrou.


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sábado, 24 de setembro de 2016

“Justiça”: Com texto inteligente e direção artística competente, desfecho surpreende apesar de algumas soluções previsíveis


A forma sútil e ao mesmo tempo latente como se deu o entrelaçamento de personagens nos desfechos das quatros histórias interligadas contadas em “Justiça”, coroou de forma inteligente a série que chegou ao fim na Rede Globo essa semana. E mesmo com sequências de fatos aparentemente aleatórios, mas algumas vezes até absurdamente interdependentes, e personagens comuns passeando em universos distintos, a autora Manuela Dias conseguiu dar a cada trama um final próprio, sem no entanto colocar um ponto final absoluto. Talvez por isso todos terminaram em um fade out, ou seja, com uma espécie de última cena inacabada, para que as reflexões tivessem liberdade para prosseguir dentro da individualidade do ponto de vista de cada um.

Em termos de interpretação, Adriana Esteves e Débora Bloch se sobressaíram em mais uma demonstração de atuação impecável, de poder de transformação e de entrega visceral a suas personagens. Adriana traz na sua história o exemplo de quem não se deixou abater por um momento não muito bem sucedido (“Renascer”,1993) e, através de trabalhos realmente à altura de seu talento (“Dalva & Herivelto, Uma Canção de Amor”, 2010, e “Avenida Brasil”, 2012) mostrou toda sua capacidade de se reinventar e de corresponder quando bons papéis lhe são confiados. Já no caso de Débora, embora premiada por vários trabalhos em cinema, na televisão sua veia humorística ficou registrada em trabalhos memoráveis em programas como “TV Pirata” nos anos 80 e “A Comédia da Vida Privada” nos anos 90. Mas a versatilidade para papéis dramáticos também ficou conhecida em novelas, como em “Cordel Encantado”, em 2011. Ou seja, são duas atrizes que sabem lapidar suas personagens e transforma pedras brutas em verdadeiros diamantes.

No elenco masculino, é inegável a contribuição de Jesuíta Barbosa como protagonista no papel de Vicente, o noivo traído que mata a noiva a tiros, fica preso sete anos e ao ser libertado se envolve com Elisa (Débora Bloch), a ex-sogra que tem ideia fixa de vingar a filha assassinada. O ator pernambucano valorizou o personagem nos mais diversos universos por onde ele circulou, passando pelo luxo do filho de papai bon vivant até o ex presidiário que foi ser morador de cortiço com a mulher e uma filha, empregado e aluno em uma universidade. O drama de Vicente foi feito de sobressaltos do início ao fim. Não à toa foi um verdadeiro choque a cena do acidente com o carro dirigido por ele, enquanto Elisa, no banco do carona, assiste à sua morte, coberto de sangue, como estava o corpo de Isabela (Marina Rui Barbosa) no colo da mãe.

Igualmente vale ressaltar o amadurecimento e comprometimento de Cauã Reymond em cena, em um papel que exigiu do ator um grau de responsabilidade e seriedade ainda não visto nos seus trabalhos anteriores. Mas é difícil falar em destaques quando se tem no elenco nomes consagrados como os de Drica Moraes, Henrique Diaz, Leandra Leal, Marina Ruy Barbosa, Antônio Calloni, Luísa Arraes...  Assim como Vladimir Brichta, que desde a primeira semana chamou a atenção pelo fato de seu personagem, Celso, o dono de um quiosque na praia, servir como uma espécie de carretel usado para alinhavar uma história na outra. O personagem era uma espécie de coringa interferindo nas histórias de uma forma comprometida, mas sempre parecendo ser descompromissada. Foi um fora da lei que não julgava, mas não titubeava em ajudar para que fosse feita a justiça emocional considerada justa por aqueles que ele tinha como seus pares. E o final feliz de Celso foi justamente com Rose (Jéssica Ellen), a garota que foi condenada a sete anos de prisão após ser pega em flagrante com a droga que havia comprado no quiosque dele.

“Justiça” fez jus ao título tanto nas interpretações impecáveis quanto na direção artística inspirada de Luiz Villamarim, que, embalada por uma trilha sonora que soube valorizar hits antigos e atuais da MPB, provocou as reflexões mais diversas, inclusive as ocultas em campos sombrios, através de um texto inteligente, engajado, consistente... Reflexivo.










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quarta-feira, 21 de setembro de 2016

“Supermax”: Proposta de fazer reality show dentro da ficção é bem executada, mas ganharia se não tivesse no elenco atores no ar em outras produções simultaneamente


Para os aficionados em suspense e terror, “Supermax”, que estreou nessa terça-feira (20), é uma série bem realizada pela Rede Globo em termos de produção e direção. O nível de qualidade não chega a atingir padrões internacionais, mas trata-se de um projeto ousado que representa bem o gênero na televisão brasileira. A assinatura de José Alvarenga Jr. na criação e concepção, ao lado de Marçal Aquino e Fernando Bonassi, já é garantia de uma inovação pesquisada e construída em bases confiáveis.

Pode ser boa a ideia de replicar um reality show dentro de uma série ficcional, mas não é fácil de executar já que o desafio maior está em incutir no público a sensação de vida real, quando na verdade trata-se de uma história interpretada por atores. E, para complicar ainda mais, alguns deles simultaneamente no ar em outras obras da emissora, como Cleo Pires e Mariana Ximenes, que também integram o elenco da novela das sete “Haja Coração”.

Para tentar confundir, o primeiro episódio conta com a participação do jornalista Pedro Bial na mesma função que exerceu nos últimos 16 anos como apresentador do “Big Brother Brasil”. Através de um monitor, tal qual no “BBB”, ele explica as regras do jogo para os sete homens e cinco mulheres que viverão três meses de confinamento em um presídio de segurança máxima desativado no meio de uma floresta, concorrendo a um prêmio de R$ 2 milhões. Os 12 foram selecionados por terem em comum o fato de já terem cometido um assassinato. Só que um não sabe do crime cometido pelo outro, o que acirra a desconfiança entre todos.

O problema é que a maioria dos participantes são figuras conhecidas. Além de Cleo Pires (Sabrina, psicóloga) e Mariana Ximenes (Bruna, enfermeira), estão no elenco Erom Cordeiro (Sérgio, ex-policial), Bruno Belarmino (Luisão, ex-lutador de MMA), Nicolas Trevijano (padre Nando), Ademir Emboava (José Augusto, assessor político), Maria Clara Spinelli (Janette, dona de salão de beleza), Rui Ricardo Diaz (Artur, ex-craque de futebol), Fabiana Gugli (Diana, ex-garota de programa), Mário César Camargo (Timóteo, médico reformado do Exército), Vania de Brito (Cecília, ex-socialite) e Ravel Andrade (Dante, jovem adepto a seitas satânicas).

Como a Globo já disponibilizou para assinantes na internet 11 dos 12 episódios, percebe-se logo nos quatro da primeira semana indícios sutis que podem levar às mais variadas conclusões sobre o que pode realmente ser esse reality dentro da ficção. Será que realmente trata-se de um show dentro de outro? Ou todos esses personagens foram levados para esse lugar como cobaias de alguma espécie de experimento científico ou psicológico, achando que estão em um jogo disputando um prêmio? Faz lembrar até o livro “Paciente 67”, de Dennis Lehane, em que é questionado o quanto de dor o cérebro humano pode suportar e até onde ele consegue ir antes que a demência supere a lucidez.

O roteiro de “Supermax” parece algumas vezes confuso ou desencontrado. Talvez por serem poucos episódios escritos por muitos autores. São oito: Bráulio Mantovani, Fernando Bonassi, Raphael Montes, Carolina Kotscho, Marçal Aquino, Dennison Ramalho, Juliana Rojas e Raphael Draccon. Mas a direção artística compensa traduzindo a textura sombria pedida no texto através de elementos como cenografia, fotografia, iluminação e trilha sonora. Sem dúvida, é uma aposta tanto ousada quanto arriscada. Mas arriscaria bem mais se no elenco fossem lançados atores desconhecidos ou que fossem, no mínimo, menos conhecidos do grande público.


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terça-feira, 20 de setembro de 2016

“Malhação – Pro Dia Nascer Feliz”: Em um mês no ar, história mantém a maturidade de temporadas anteriores, mas ainda não apresentou nenhuma trama impactante


Já deixou de ser novidade que a cada nova temporada “Malhação” vai se distanciando cada vez mais daquele título de soap opera ou “novelinha” da Rede Globo que começou lá nos anos 90, quando tudo se passava em uma academia onde as tramas principais envolviam questões romanticamente triviais de adolescentes sarados e bem nascidos. Portanto não é de estranhar que “Pro Dia Nascer Feliz”, subtítulo da fase atual que está no ar há um mês, escrita por Emanuel Jacobina, um dos criadores da série, mantenha a linha adotada nos últimos anos de trazer cada vez mais temas adultos para o centro das discussões. E que estes não envolvam apenas o núcleo familiar como todo um universo de mudanças e transformações sociais que influenciam na vida e no comportamento de pessoas de todas as gerações nos tempos modernos.

Entre outras questões, está lá o dilema de pais ou mães que enfrentam o dilema de criar os filhos sem a presença de seus parceiros. Como acontece com Tânia, personagem de Deborah Secco, que, abandonada pelo marido, precisa batalhar para sustentar um casal de filhos sozinha. E Ricardo, o ex-atleta, viúvo e dono de uma academia vivido por Marcos Pasquim, que, apesar de uma situação financeira confortável, não sabe lidar muito bem com a forma de educar suas três filhas. É fácil prever que em breve os dois se aproximarão e o tema da família não tradicional voltará a ser foco de discussão.

Aliás, um dos estigmas que “Malhação” já deveria ter perdido é o de ser “um celeiro de calouros”. Há muito tempo o elenco equilibra nomes já consagrados com outros em início de carreira e alguns estreantes. Não há motivo para se estranhar ver Deborah Secco e Marcos Pasquim fazendo o casal de protagonistas na atual temporada. Assim como é irrelevante insistir o tempo todo em dar a eles e outros atores a alcunha de “veteranos”. Sílvia Pfeifer, Lilia Cabral, Maitê Proença e Letícia Spiller são apenas alguns nomes femininos que também estrelaram temporadas anteriores. Enquanto a ala masculina já contou com Marcello Novaes, Tartu Gabus, Paulo Betti e Giuseppe Oristânio, entre outros. Ou seja, todo elenco de qualquer novela é composto por nomes muito conhecidos, pouco conhecidos e lançamentos.

A novidade pretendida dessa vez realmente ficou por conta de anunciar Aline Dias como a primeira protagonista negra de “Malhação” desde sua criação, há 21 anos. A atriz interpreta Joana, uma moça humilde do Nordeste, órfã de mãe e criada pela avó e o padrasto, que vai para o Rio de Janeiro tentar descobrir quem é seu pai biológico. O rótulo, no entanto, já ficou déjà-vu em novelas e nem ao menos tem grande peso no contexto geral da trama. Pelo menos até agora, Joana tem sido apenas uma menina ingênua e sem mostrar a força esperada de uma heroína corajosa e batalhadora. Pelo contrário, ela é bem aceita por quase todos, a exceção apenas de Bárbara, a filha mais velha de Ricardo, e que, intencionalmente ou não, é a vilã loira da história interpretada por Barbara França. E o preconceito maior da moça rica, como ficou claro na cena que foi ao ar nessa segunda-feira (19), é pelo fato de a garota ser bonita, já ter chamado a atenção de seu namorado e ocupar a função de faxineira da academia. Em nenhum momento houve uma discriminação racial assumida até agora por nenhuma outra personagem em relação a Joana.  

Como está a apenas um mês no ar, resta aguardar que nessa temporada os autores não se privem de ousar, como fizeram na anterior, “Seu Lugar No Mundo”, que abordou de forma simples e competente temas delicados enfrentados pelos jovens como o casal de personagens em que um era soropositivo e o outro não, gravidez resultante de estupro, tráfico de drogas, filhos de pais envolvidos em corrupção e até o caso da jovem que formava um triângulo amoroso com dois amigos, engravidou de um deles e a parceria dos três não foi abalada. E nunca foi feita qualquer referência ao fato de o pai da criança ser negro. Como se vê, há casos em que os rótulos só existem na cabeça de quem os cria.


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terça-feira, 13 de setembro de 2016

“Justiça”: Beijo entre assassino e mãe de sua vítima desafia emocional e psicológico, e causa misto de indignação e reflexão


Das cenas dramáticas mostradas até agora em “Justiça”, a do beijo entre Elisa (Débora Bloch) e Vicente (Jesuíta Barbosa) no final do episódio dessa segunda-feira (12) talvez tenha sido a que tocou mais fundo por provocar um misto de indignação e reflexão. É sabido desde a estreia da série da Rede Globo, há três semanas, que cada uma das quatro histórias contadas de forma intercalada tem a nítida intenção de levar o telespectador a se questionar sobre como agiria se estivesse na pele de cada personagem. Mas mostrar a mãe beijando o assassino de sua própria filha foi uma ousadia da autora Manuela Dias, que desafiou o emocional e o psicológico de qualquer telespectador.  

Mesmo que o envolvimento entre Elisa e Vicente já viesse sendo ensaiado, o “fato consumado” causou impacto. Contrastou com a cena impactante do primeiro episódio em que a professora de Direito apareceu em absoluto desespero agarrada ao corpo ensanguentado de Isabela (Marina Ruy Barbosa), morta a tiros pelo noivo no box do banheiro, onde ela o estava traindo com outro. Como a mãe, que durante sete anos se preparou para matar aquele que tirou a vida de sua filha quando este saísse da cadeia, pode agora se entregar a esse mesmo homem?

Estará Alice sofrendo de uma espécie de Síndrome de Estocolmo, em que a vítima se apaixona por seu algoz? Ou ela, sentindo-se incapaz de realmente matar Vicente, mudou os meios usados para atingir sua vingança? Na história protagonizada por Cauã Reymond, seu personagem, Maurício, também desistiu de matar o homem que atropelou sua mulher e resolveu fazê-lo sofrer em vida. No entanto, as circunstâncias que envolvem um crime e outro são bem diversas. E as tentativas de buscar atenuantes para o caso de Elisa, como mostrar em flashbacks que Isabela não era a filha ideal nem a mocinha perfeita, podem ser apenas armadilhas para despistar a passionalidade que o cerca.

Talvez aí esteja mais um ponto instigante dessa série: independentemente do desfecho que será dado pela autora da história, a avaliação pessoal de qual é o crime pior e até que ponto todos são culpados e/ou inocentes vai continuar dependendo do ponto de vista ou das próprias experiências de cada um.


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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

“X-Factor”: Com candidatos fracos e jurados apáticos, a versão da Band para atração britânica não encontrou seu próprio Fator X


A Band se esforça, mas está difícil a sua versão de “X Factor” chegar perto do original britânico produzido há 12 anos pela FremantleMedias’ Thames e exibido pela ITV no Reino Unido. Por aqui o programa estreou há duas semanas e é apresentado nas noites de terça e quarta-feira, mas ainda falta acertar a mão na dose de muitos ingredientes para o concurso musical se tornar realmente atraente.

Em primeiro lugar, falta o mais importante: matéria-prima de primeira qualidade. Ou seja, cantores com o tal fator X. Nas quatro edições que já foram ao ar, dois ou três candidatos realmente surpreenderam pela qualidade vocal. E aí o programa começou a apelar para outros fatores. Na edição que foi ao ar nessa quarta-feira (7) teve desde um simpático senhorzinho de 86 anos do interior de São Paulo cantando uma música de sua autoria falando sobre o relógio de uma tia, e que – pasmem! - passou para a segunda etapa do programa, até um cara usando o pseudônimo de Gnomo fazendo uma apresentação no melhor estilo “eu sou doidão”, que nem chegou a ser julgado, mas conseguiu vender seu peixe. Ou seja, está parecendo mais um programa de calouros.  

E se o nível dos candidatos não está dos mais elevado, a bancada de jurados também parece pouco motivada. O produtor musical Rick Bonadio e o ex-Titãs Paulo Miklos são os que se mostram mais interessados em fazer uma avaliação séria e profissional dos candidatos, mas lhes faltam estímulos. Enquanto a cantora de axé Alinne Rosa foi lá só dar pinta com suas caras e bocas, pegando sempre carona no que Bonadio fala. E Di Ferrero, com uma intragável expressão enfadonha, segue no vai-da-valsa e faz anotações sem parar num bloco. O que o vocalista do NX Zero escreve tanto se depois não tem nenhuma opinião conceitual sobre a apresentação que assistiu?     

Apresentando o programa está a atriz Fernanda Paes Leme, que se comporta como se estivesse fazendo uma matéria como “repórter por um dia” no “Vídeo Show” da Rede Globo, sua antiga emissora. Alguém precisa avisá-la de que ela não está no camarote vip de um show, ali ela é a apresentadora do programa e que, mesmo da coxia, precisa se comportar como tal, com a responsabilidade que a função merece. Está exagerada a sua tentativa de parecer muito amiga de todos que vão cantar, assim como é inexplicável tantas lágrimas na maioria das apresentações. E, para completar, ainda tem Maurício Meireles entrevistando os candidatos nos bastidores, ainda se sentindo o repórter do “CQC”. Alguém precisa avisá-lo que aquele programa não existe mais, antes que ele mande beijos para o Marcelo Tass. É só o que falta...      

Ou melhor, ainda falta muito para o “X Factor” da Band encontrar o seu próprio Fator X, que é aquele “algo” indefinível que faz alguém ou algo acontecer e brilhar.



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terça-feira, 6 de setembro de 2016

“Sol Nascente”: Novela atrai pelas locações paradisíacas, mas o tema central é fraco e algumas interpretações estão exageradas


Em uma semana no ar, “Sol Nascente”, nova novela das seis da Rede Globo, mostrou que sua principal pretensão é contar uma história leve, com imagens gravadas em praias paradisíacas do litoral do Rio de Janeiro e em pontos que fazem parte do roteiro cultural de São Paulo, embalada por uma trilha sonora com clima de verão. Percebe-se claramente o estilo solar marcante do novelista Walther Negrão, que já assinou “Flor do Caribe”, “Como Uma Onda” e “Tropicaliente”, entre outras no mesmo horário, e neste trabalho divide a autoria com Suzana Pires e Júlio Fischer. Após sete capítulos, no entanto, percebe-se que o trio de autores precisa dar uma turbinada na trama principal, pois uma novela não é feita apenas de belas locações, mesmo tendo a competente direção geral de Leonardo Nogueira e Marcelo Travesso.

A história de “Sol Nascente” gira em torno de dois amigos de infância pertencentes a famílias de origens diferentes, mas muito próximas: Alice (Giovanna Antonelli) foi criada pelo padrasto japonês, dentro das doutrinas orientais, enquanto Mário (Bruno Gagliasso) é neto de um típico casal de imigrantes italianos que mantêm vivos os costumes de seu país. Acontece que, tirando um flashback rápido na estreia, não houve um tempo de reconhecimento dessa amizade aos olhos do público. No mesmo primeiro capítulo Mário deixou aflorar, do nada, que está perdidamente apaixonada por Alice. Enquanto ela, mesmo sendo mais velha e mais madura, continua fazendo cara de paisagem e posando de menininha ingênua. Não convence.

Esse “drama” do cara apaixonado pela melhor amiga é pueril demais para segurar como trama principal. Mesmo sendo no horário das 18h não segura a audiência muito tempo se não tiver elementos realmente mais instigantes. Se bobear, o público vai acabar torcendo pelo mau caráter César (Rafael Cardoso), com quem Alice vai se envolver no Japão, onde os dois foram estudar por dois anos. Nas primeiras cenas em que César esbarrou com Alice a química entre os dois ficou evidente. Apesar de a situação ter lembrado uma outra cena já feita por Rafael Cardoso, quando o personagem dele em “Além do Tempo” reencontrou a personagem de Alinne Moraes em outra encarnação. Mas foi apenas por conta do contexto da cena e não da interpretação do ator.

Bruno Gagliasso, por sua vez, remeteu a outros trabalhos dele pelos seus gestuais, como na cena em que Mário surtou ao saber que Alice iria estudar no Japão e ele fez uma expressão semelhante à do psicopata que interpretou em “Dupla Identidade”. E quando chorou na cama após a partida da amiga, parecia estar em “Caminho da Índias” fazendo o frágil Tarso, que sofria de esquizofrenia. O ator precisa dar mais naturalidade a Mário, afinal, é possível se destacar e mostrar talento também fazendo uma pessoa normal. Talvez essa seja a missão mais difícil.

Exagerados também estão Ralf e Lenita, vividos por Henri Castelli e Letícia Spiller. Fica até difícil saber se o histrionismo realmente faz parte do perfil de cada um dos dois irmãos ou se os atores é que estão errando a mão no comportamento levianamente agressivo de seus personagens. Até quando foi para a cama com o “ficante” Felipe (Marcelo Faria), Lenita parecia estar fazendo uma cena de sexo selvagem na novela das onze... São atitudes desnecessárias de uma rebeldia forçada e sem causa. Talvez ela melhore quando começar a se relacionar com Vittorio, que tem recebido uma interpretação comedida e segura de Marcelo Novaes.

O destaque até agora fica para o casal Gaetano e Geppina, magistralmente interpretado por Francisco Cuoco e Aracy Balabanian. Os dois atores estão dando uma leveza e um frescor deliciosos ao nono e à nona que, após 50 anos de casados, mantêm acesa a chama da paixão. Mesmo apaixonado pela mulher, ele ainda arrisca arrastar a asa para as mocinhas, enquanto ela não tem pudores em esbravejar e fazer cenas de ciúmes, que acabam sempre em uma romântica reconciliação.

Além do clima de comédia romântica da terceira idade, Gaetano e Geppina trazem um interessante toque retrô para a novela através do tal mistério do passado que envolve a máfia siciliana e foi o real motivo deles terem migrado da Itália para o Brasil. Até aqui, o casal cinquentenário está ganhando de longe do provável casal de amigos de infância.


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domingo, 4 de setembro de 2016

“Hell’s Kitchen – Cozinha Sob Pressão”: Calma e tom professoral de nova chef acabam com austeridade e ritmo que sempre justificaram título da competição


Se a ideia do SBT era dar um tom maternal ao “Hell’s Kitchen – Cozinha Sob Pressão” ao substituir o chefe Carlos Bertolazzi pela chef Danielle Dahoui no comando dessa quarta temporada, o intento foi alcançado. Ficou bastante claro na estreia, nesse sábado (3), que a competição culinária não terá mais o mesmo sabor sem o tempero da austeridade, marca registrada da atração britânica original que ganhou o mundo principalmente pelo carisma do implacável chef Gordon Ramsay.

Nas três temporadas anteriores, Bertolazzi tentou imitar o inglês no grito. Não deve ter agradado ao patrão Silvio Santos, já que decidiram suavizar o tom colocando uma mulher para comandar a cozinha. Deveriam ter mudado também o nome da atração, já que o que era pressão virou um “banho-maria” e todos parecem estar mais em um paraíso do que num inferno.

O formato continua o mesmo. Os 20 cozinheiros foram divididos em dois grupos: dez mulheres no time vermelho e dez homens no time azul. Logo na primeira prova, em que cada um preparou o seu “prato de assinatura”, dois foram eliminados: o gogo boy Marco e a professora Ludmyla. Os 18 restantes ganharam suas domas e foram para a primeira prova em equipe, em que devem servir convidados do restaurante oficial do programa. Entre eles estavam participantes do “Bake Off Brasil”, uma batalha de confeiteiros da emissora que chegou ao fim no sábado passado, no mesmo horário.

Foi aí que se pode conhecer melhor o estilo de Danielle Dahoui. Num primeiro momento ficou claro que ela está preocupada em não parecer que irá privilegiar o time feminino, mas também precisa tomar cuidado para não acabar sendo condescendente demais com o masculino. O problema é seu tom quase professoral ao lidar com os cozinheiros, como se todos estivessem no Jardim de Infância. Teve até o momento “chef-zen”, quando ela tentou acalmar uma participante aconselhando suavemente: “Pensa numa luz dourada. Respira. Foco”. Se o Gordon visse essa cena mandaria botar fogo na caixa d’água.

É compreensível que Danielle Bahoui não tenha experiência em televisão, já que foi escolhida através de uma seleção que a direção do programa fez após buscar chefs femininas pela internet. Mas foi extremamente amador ter afirmado “É o meu que está na reta!”, ao reclamar do time feminino que não estava indo bem nos pratos. Como assim? Ela estava com medo de ser eliminada?

Ficou claro também que lhe falta perspicácia para avaliar prontamente apenas no olhar quando um prato não está em condições de sair da bancada e ir para a mesa. Vários foram devolvidos pelos clientes porque as kaftas e as quiches estavam crus, e os tarteletes estavam duros. Ora, quando a sobremesa estava sendo preparada, a chef conferiu de perto que todos tinham errado ao assar a massa das tarteletes: “Mazipan não vai no forno. É cru!”, alertou ela. E mesmo assim deixou que passassem da bancada, que é supervisionada por ela, para as mesas. Ao menos nesse quesito Bertolazzi sempre teve razão ao ser austero com os cozinheiros e exigente no resultado final dos pratos.

Já na hora da eliminação, Bahoui se saiu bem ao fazer uma avaliação correta e criticar a forma injusta como o time azul indicou para serem julgados dois participantes que não foram os piores da noite. Mas foi rápida demais para anunciar a búlgara Borianka, que foi quem realmente não mostrou a que veio no time vermelho, como sendo a terceira eliminada da estreia. Poderia ter feito um pouco de suspense e criar expectativa em torno da decisão, afinal ela está em um reality show...  

Ah, só para lembrar: Dahoui é a primeira chef no comando da cozinha do “Hell’s Kitchen”, mas o programa já teve uma apresentadora em 2009, no ITV1, quando Claudia Winkleman dividiu a cena com o chef Marco Pierre White, mentor de Gordon Ramsay, à frente da competição culinária no canal britânico.










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sábado, 3 de setembro de 2016

“Programa do Jô”: Fausto Silva conta histórias divertidas de sua trajetória no rádio e na TV em entrevista que teve até apagão


Jô Soares estava certo ao dizer que bobeou ao não ter deixado Fausto Silva para encerrar a carreira do “Programa do Jô” na Rede Globo, no final do ano. Realmente, dificilmente ele conseguirá outro nome que supere a entrevista que o apresentador do “Domingão do Faustão” deu nessa sexta-feira (2) e que também não seja uma figurinha repetida ou tarimbada em outras atrações da emissora.  

Ao ser anunciado, Fausto entrou no estúdio aparentemente tímido, mas bastou se sentar no sofá para desandar a falar. Antes mesmo que o anfitrião se manifestasse, fez questão de esclarecer que já foi entrevistado do Jô, “há 50 anos”, quando o programa dele era no SBT. Ou seja, derrubou de cara a ideia de estar aceitando um convite do amigo pela primeira vez. A entrevista, que logo virou uma conversa descontraída e animada entre amigos, só estava sendo inédita mesmo na Globo.

Foi um papo de botequim sem teor etílico, porque Fausto não bebe. E, apesar de ambos terem fama de não deixarem seus convidados falar, um soube respeitar o tempo do outro em uma sinergia poucas vezes vista no talk show. Com uma pauta flexível, Fausto começou falando sobre suas peripécias como repórter esportivo e trazendo histórias engraçadas de campo. Os assuntos variaram conforme os ganchos vinham surgindo, misturando desde lembranças de quando Fausto foi coroinha, até as famosas pizzas que oferece atualmente em sua casa para os amigos.

Claro que não faltaram variações em torno do tema figurino plus size. Fausto não deixou por menos e entregou que Jô, na época que emagreceu 80 quilos, deu uma jaqueta de couro dele para o motorista e quando engordou de novo foi pedir o presente de volta. No meio da conversa, justo quando Jô dizia que hoje em dia é crime chamar alguém de gordo, aconteceu um apagão no estúdio: “Falou de gordo apagou a luz”, brincou Fausto, já contando um episódio em que um grupo de amigos fez uma festa de aniversário de um ano da morte de uma apresentadora e no meio da comemoração apagou a luz. “Eu não fui, me contaram. Aposto que foi ela que apagou aquela p...! E se eu conheço, foi ela que desligou isso aqui tudo”, referindo-se à queda de energia durante a gravação.

Quando a luz voltou totalmente, 40 segundos depois, Jô mandou não editarem o bloco. “É a maior homenagem que a luz da televisão podia fazer ao Fausto Silva”, disse ele, puxando os aplausos da plateia. Sem economizar nos palavrões e sentindo-se em casa, Faustão não titubeou ao ouvir Jô pedindo para Willem (Van Weerelt, diretor do programa), rodar a vinheta: “O Willem  tá aqui ainda? Ele era o pico doce da Globo. Comia todo mundo!”, divertiu-se o entrevistado.

O melhor momento da entrevista ficou por conta do bloco em que os dois recordaram os áureos tempos do rádio e da televisão, citando situações surreais que envolveram figuras ilustres como Adoniram Barbosa, Caçulinha, Elis Regina, Nilton Travesso, Cassiano Gabus Mendes e Boni, entre tantos outros. Como sempre, Fausto citou várias vezes o “Perdidos na Noite”, programa que marcou sua estreia na TV, exibido de 1984 a 1988, começando na TV Gazeta e passando depois pela Record e pela Band.

Ao fim do programa, Jô estava visivelmente orgulhoso de ter contado com a presença do amigo: “Isso é um momento histórico. Eu bobeei, deveria ter deixado essa entrevista para ser a última do ano, porque seria um fecho de ouro. Mas não tem problema, porque qualquer momento que você senta aqui é um fecho de ouro”. Fausto retribuiu explicando que não costuma dar entrevistas porque, como está todo domingo quatro horas no ar, ninguém aguentaria vê-lo também em outros programas durante a semana. E prestou sua homenagem ao amigo: “Um cara que está na história como um dos três maiores humoristas desse país, que tem uma cultura acima da média em qualquer lugar do mundo, que consegue se transportar de um tipo de trabalho, que é o humorismo, vira entrevistador e consegue ser o mais importante da história também... Não é para qualquer um”, exaltou.

Resta esperar qual será o próximo programa que receberá essa deferência do apresentador do "Domingão". E também aguardar para saber qual será realmente o último convidado de Jô Soares em mais essa passagem sua pela Rede Globo.


Mais Fausto Silva em:
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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

“Adnight” x “Porchat”: Marcelo Adnet ainda perdido em cena enquanto Fabio Porchat sabe dar a volta por cima sobre as críticas


Parece que Marcelo Adnet, na Globo, e Fabio Porchat, na Record, já têm marcado um encontro semanal em que vão disputar ferozmente a audiência noturna, como aconteceu nessa quinta-feira (1). Coincidentemente, ou não, ambos se enfrentaram tendo como foco falhas que cometeram em suas respectivas estreias. E, mais uma vez, como aconteceu na semana passada, o “Programa do Porchat” se saiu muito melhor do que o “Adnight”. E olha que a atração da Record tinha como entrevistada principal Sonia Abrão, apresentadora do “A Tarde É Sua” da Rede TV!, enquanto na Globo o convidado era Cauã Reymond, ator que vem roubando todas as cenas na minissérie “Justiça”.

Marcelo Adnet começou dizendo que havia sido uma semana de reavaliação, de olhar para trás, ver o que poderia fazer melhor: “E depois de os números não irem muito bem na semana passada eu me dediquei, eu me concentrei, agora a gente fez uma reformulação e vamos melhorar o nosso rendimento. Estou falando do meu cartola FC”, ironizou ele, tentando transformar a verdade em piada. Com isso já começou dando bola fora. Não é engraçado fingir humildade ao reconhecer um erro, muito menos transformar isso em pegadinha para enganar o público.

Ao menos a escolha do segundo convidado superou o desastre da estreia com Galvão Bueno. Mas logo no começo da entrevista ficou sacramentado o desastre: “Cauã, como é ser bonito?”, pergunta o humorista, com aquele jeito de quem não é humano mas sim o projeto de um boneco biônico com complexo de Silvio Santos. Do nada, a todo momento o apresentador imita o dono do SBT, como se fosse um tique nervoso incontrolável.

E mais uma vez a palavra que norteou quem assistiu ao programa foi: constrangedor. Deu até pena ver Cauã fazer de tudo para ajudar o amigo, abrindo o bocão e rindo de situações totalmente sem graça, fingindo que estava se divertindo de montão. Ou realmente estava se divertindo com o próprio mico que estava pagando ao participar de programa tão ruim. Mais uma vez Cauã mostrou ser um excelente ator. Pena que ainda não se pode dizer o mesmo de Adnet como apresentador. Se tirasse o Adnet e deixasse Cauã sozinho com a plateia, com quem o ator interagiu várias vezes deixando o outro boiando, seria um programaço!   

Enquanto isso na Record, Porchat escrachou ao levar Sônia Abrão, que malhou a estreia dele no ar em seu programa de fofoca. A jornalista e apresentadora, que tenta se fazer de modesta mas adora uma bajulação e se leva muito a sério, resolveu ensinar que perguntas Porchat deveria ter feito a Sasha. Ora, como se o humorista realmente tivesse carta branca para responder qualquer coisa à filha de Xuxa, contratada da emissora? Por favor, né Sônia Abrão? Mereceu que Porchat tivesse reagido como um personagem de comédia, fingindo concordar com todas as “lições” que a convidada estava lhe dando. Aí ela sugere uma questão pelo fato de Sasha poder ser nome de homem. Ué, Xuxa também pode, e é! “O Jô Soares teria feito uma entrevista melhor”, critica Sônia, já puxando o saco do Jô. Educadamente Porchat faz cara de paisagem, tipo, pensando: “Então por que nunca fez?”.

O apresentador ainda zoa com o fato de Sonia ter desmerecido ele por usar uma piada velha de que ela só fala de morte. Porchat provou que o tema ainda é recorrente no “A Tarde É Sua”, e ela teve que não só enfiar a viola no saco como participar da brincadeira das lápides. E para encerrar teve um “Arquivo Confidencial” com os anunciantes que fazem merchan no programa dela, encenando uma paródia deles próprios. Sônia deve ter ido para casa tratar do seu torcicolo com a musiquinha do Dolly na cabeça.

Essa briga é no mínimo saudável para o público, já que instiga ambos a fazerem cada vez melhor, independentemente da emissora em que estejam e entendendo que um ótimo convidado sozinho não segura a onda de um mau entrevistador. Assim como um entrevistado mediano pode virar estrela se houver sagacidade da parte do condutor do bate-papo. Danilo Gentili que se cuide nas noites de quinta-feira no SBT.



Mais "Adnight" em:
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E mais "Programa do Porchat" em:
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quinta-feira, 1 de setembro de 2016

“Justiça”: Cauã Reymond surpreende em papel maduro e é o maior destaque ao protagonizar o quarto episódio da minissérie


A terceira e a quarta história que fazem parte de “Justiça”, minissérie da Rede Globo dividida em 20 capítulos, só vieram dar continuidade à sequência de conflitos impactantes, como os mostrados nos dois primeiros episódios, instigando o público a refletir diante de situações controversas sobre o que é justo ou injusto do ponto de vista de cada um. Desses dois dramas que foram ao ar na quinta-feira (29) e na sexta-feira (30), respectivamente, o último foi o mais impactante e comovente. Não que Jéssica Ellen e Luíza Arraes, protagonistas do primeiro, não tenham desempenhado bem seus papéis, mas porque Cauã Reymond surpreendeu fazendo uma interpretação comovente como o marido que comete eutanásia na mulher que tanto ama. Vê-se que não foi por acaso que o personagem do ator foi o coadjuvante mais ativos nos episódios anteriores.  

A terceira história envolve a dupla de amigas, Rose e Débora, interpretadas por Jéssica e Luísa, respectivamente. O pontapé é dado com destaque para a questão do racismo, quando Rose é barrada em um restaurante por ser negra. Débora a defende e deixa claro: “É a gente que faz a lei sair do papel!”. É mais uma daquelas frases repetidas no cotidiano por qualquer um de nós, que pontuam o texto de Manuela Dias, autora da minissérie. Só que, contrariando as leis, na mesma noite as duas compram drogas em uma rave, e apenas Rose é presa por tráfico. Após sete anos de cadeia, Rose é solta e ao reencontrar Débora fica sabendo que a amiga foi violentada e que, devido às sequelas, não poderá ter filhos. As duas decidem então ir em busca do estuprador.

O destaque desse episódio, sem dúvida, ficou por conta da excelente interpretação de Teca Pereira no papel de Zelita, a mãe de Rose, empregada doméstica da casa de Débora que morre antes da filha sair da prisão. E, como faz parte do formato do programa, as aparições de personagens presentes nos demais episódios, como Celso (Vladimir Brichta), dono de um quiosque, que é quem vende as drogas para as meninas na mesma noite em que serviu cerveja para Vicente (Jesuíta Barbosa), pouco antes dele assassinar a própria noiva no primeiro episódio e fornece a droga usada para o crime de eutanásia que será praticada no episódio seguinte.

Depois de Débora Bloch dar um show como Elisa, a mãe que vê a filha ser assassinada e morrer em seus braços na estreia da minissérie, foi a vez de Cauã se destacar em um trabalho que pode ser considerado seu melhor momento na teledramaturgia. Ele vive a história de Maurício, um contador casado com Beatriz (Marjorie Estiano), uma bailarina que fica tetraplégica após ser atropelada por um carro na saída do teatro onde acabou de estrear uma turnê. Ao saber que perdeu para sempre os movimentos do pescoço para baixo, ela diz ao marido que se não poderá mais dançar, acabou: “Eu estou aqui e não tenho um corpo”, afirma. Um momento ímpar da atriz também, que traduz toda a infelicidade da personagem através apenas de expressões faciais. Consumado o fato, Maurício é preso no próprio hospital e, sete anos depois, sai do presídio com a ideia fixa de matar Antenor (Antônio Calloni), o homem que atropelou Beatriz, fugiu sem prestar socorro, e agora é candidato a governador de seu estado.

A primeira fase da minissérie foi cumprida com mérito. A direção artística de José Luiz Vilamarim está irretocável e o elenco em geral fazendo uma entrega visceral a cada personagem. Resta acompanhar os próximos episódios e o veridcto final de cada história. Mas de antemão já pode ser considerado um produto que realmente vem apresentando um padrão de qualidade do qual a emissora pode se orgulhar.


Mais "Justiça" em:

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