Depois de jogar suas fichas em tramas policiais recheadas de suspense e violência, como “Poder Paralelo”, fantasiosas como “Metamorfose”, e após o fracasso de “Máscaras”, que até tinha elementos para ser considerada uma boa ideia do autor Lauro César Muniz, mas não foi bem desenvolvida e naufragou no começo do tal cruzeiro, a Record resolveu apostar em comédia na faixa das 22h, com “Balacobaco”, que estreou nessa quinta-feira (4).
O gênero já foi explorado em tramas anteriores da
emissora, como “Bela, A Feia”, inspirada em um folhetim colombiano feita por Gisela Joras, mas eram exibidas em horários mais cedo. Dessa vez, a novela também escrita
por Gisela não se trata de uma adaptação, mas percebe-se que a autora herdou
muito do estilo mexicano no texto. O mesmo acontece na cenografia que, buscando
uma estética popular, exagera na mão na miscelânea de cores e informações na
decoração dos ambientes. Os figurinos acompanham os cenários, assim como até a
interpretação dada por alguns atores que pesam no tom, tanto nos momentos de drama
quanto nos de humor. Mas possui agilidade e um clima festivo embalado pela trilha
sonora que mescla sertanejo universitário com pagode e outros ritmos animados que
casam bem com a forma como a história está sendo contada.
Os protagonistas da história, dirigida por Edson
Spinello, são Isabel (Juliana Silveira), Danilo (Roger Gobeth), Norberto (Bruno
Ferrari), que realmente vem dominando a história, e as gêmeas Paranhos, Dóris e Diva, interpretadas respectivamente por
Roberta Gualda e Bárbara Borges. As duas estão dando mostras de que podem roubar as cenas, texto para isso nas mãos elas têm, mas podem melhorar se aperfeiçoarem mais a entonação e deixarem um pouco de lado o exagero nas caras e bocas e gritos. Um pouco menos de histeria pode valorizar um pouco mais suas personagens.
Pelo que se viu nos dois primeiros capítulos
já exibidos, soube-se que Isabel é uma arquiteta bem-sucedida casada com Danilo,
que ela acredita ser o marido romântico e perfeito e não sabe que ele é viciado
em carteado e está sendo ameaçado por ter uma dívida imensa em um cassino
clandestino. Cassino esse que pertence a Norberto, o vilão da história que
parece circular por todos os núcleos da trama, inclusive por ter um caso com uma
das gêmeas, Diva. E as duas têm sede de vingança contra Isabel por causa de um
episódio do passado.
Valeu a ousadia da cena de um acidente de carro
feita em plena Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, com a
Igreja da Candelária ao fundo. Assim como é agradável ver a valorização das ruas do centrão
do Rio Antigo bastante exploradas até agora. Meio lugar comum a pastelaria de
esquina no Catete, bairro considerado Zona Sul do Rio, mas com características
mais próximas às da Zona Norte. Só existe lá uma mesa na calçada, onde os
personagens se revezam em seus encontros. Também pouco inovadora a ideia de uma
rádio AM nos moldes dos anos 70 com um locutor de voz aveludada, tal qual se
acabou de ver em “Cheias de Charme”, novela das sete da Globo.
Há que se registrar também o resgate de um recurso
que já foi usado que é o de se mostrar o resumo do capítulo anterior no novo e,
no fim, uma prévia do que acontecerá no seguinte. Sem dúvida a novela está
buscando um colorido diferente que se percebe pelo uso de imagens
computadorizadas e efeitos que lembram elementos de vídeos games interferindo
em tomadas reais. “Balaco Baco” tem cara de novela das sete sendo exibida às dez. E
quem disse que o público desse horário não está precisando de tramas mais leves
e divertidas antes de ir dormir?