domingo, 7 de outubro de 2012

“Balacobaco”: Novela das dez da Record experimenta elementos de comédia usados em tramas vespertinas e é criativa no uso de recursos gráficos computadorizados


Depois de jogar suas fichas em tramas policiais recheadas de suspense e violência, como “Poder Paralelo”, fantasiosas como “Metamorfose”, e após o fracasso de “Máscaras”, que até tinha elementos para ser considerada uma boa ideia do autor Lauro César Muniz, mas não foi bem desenvolvida e naufragou no começo do tal cruzeiro, a Record resolveu apostar em comédia na faixa das 22h, com “Balacobaco”, que estreou nessa quinta-feira (4).

O gênero já foi explorado em tramas anteriores da emissora, como “Bela, A Feia”, inspirada em um folhetim colombiano feita por Gisela Joras, mas eram exibidas em horários mais cedo. Dessa vez, a novela também escrita por Gisela não se trata de uma adaptação, mas percebe-se que a autora herdou muito do estilo mexicano no texto. O mesmo acontece na cenografia que, buscando uma estética popular, exagera na mão na miscelânea de cores e informações na decoração dos ambientes. Os figurinos acompanham os cenários, assim como até a interpretação dada por alguns atores que pesam no tom, tanto nos momentos de drama quanto nos de humor. Mas possui agilidade e um clima festivo embalado pela trilha sonora que mescla sertanejo universitário com pagode e outros ritmos animados que casam bem com a forma como a história está sendo contada.

Os protagonistas da história, dirigida por Edson Spinello, são Isabel (Juliana Silveira), Danilo (Roger Gobeth), Norberto (Bruno Ferrari), que realmente vem dominando a história, e as gêmeas Paranhos, Dóris e Diva, interpretadas respectivamente por Roberta Gualda e Bárbara Borges. As duas estão dando mostras de que podem  roubar as cenas, texto para isso nas mãos elas têm, mas podem melhorar se aperfeiçoarem mais a entonação e deixarem um pouco de lado o exagero nas caras e bocas e gritos. Um pouco menos de histeria pode valorizar um pouco mais suas personagens.

Pelo que se viu nos dois primeiros capítulos já exibidos, soube-se que Isabel é uma arquiteta bem-sucedida casada com Danilo, que ela acredita ser o marido romântico e perfeito e não sabe que ele é viciado em carteado e está sendo ameaçado por ter uma dívida imensa em um cassino clandestino. Cassino esse que pertence a Norberto, o vilão da história que parece circular por todos os núcleos da trama, inclusive por ter um caso com uma das gêmeas, Diva. E as duas têm sede de vingança contra Isabel por causa de um episódio do passado.

Valeu a ousadia da cena de um acidente de carro feita em plena Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, com a Igreja da Candelária ao fundo. Assim como é agradável ver a valorização das ruas do centrão do Rio Antigo bastante exploradas até agora. Meio lugar comum a pastelaria de esquina no Catete, bairro considerado Zona Sul do Rio, mas com características mais próximas às da Zona Norte. Só existe lá uma mesa na calçada, onde os personagens se revezam em seus encontros. Também pouco inovadora a ideia de uma rádio AM nos moldes dos anos 70 com um locutor de voz aveludada, tal qual se acabou de ver em “Cheias de Charme”, novela das sete da Globo.

Há que se registrar também o resgate de um recurso que já foi usado que é o de se mostrar o resumo do capítulo anterior no novo e, no fim, uma prévia do que acontecerá no seguinte. Sem dúvida a novela está buscando um colorido diferente que se percebe pelo uso de imagens computadorizadas e efeitos que lembram elementos de vídeos games interferindo em tomadas reais. “Balaco Baco” tem cara de novela das sete sendo exibida às dez. E quem disse que o público desse horário não está precisando de tramas mais leves e divertidas antes de ir dormir?