quarta-feira, 31 de outubro de 2012

“Louco Por Elas”: Na segunda temporada, seriado continua sendo apenas um bom programa, não surpreende nem diverte e não consegue deixar todos “loucos por ele”


O primeiro episódio da segunda temporada de “Louco Por Elas”, exibido nessa terça-feira (30), na Globo, mostrou que o seriado repete a mesma fórmula de antes, recheada de clichês e sem sair da zona de conforto de ser apenas mais uma tentativa de fazer humor. Existe um quê de lugar comum nas situações, os diálogos são previsíveis e até as emoções, tanto de alegria quanto de tristeza ou decepção dos personagens, parecem pouco espontâneas. A produção é cuidadosa e a trilha sonora é inspirada e divertida. É uma boa comédia. Mas ainda não conseguiu deixar todos “loucos por ela”.

O seriado gira em torno dos desencontros de Léo (Eduardo Moscovis) e Giovanna (Deborah Secco), casal separado e pais de Bárbara (Luísa Arraes), além de Theodora (Laura Barreto), filha de Giovanna em outra relação. Mas não foi à toa que a primeira cena foi com a brilhante Violeta, a mãe de Léo interpretada por Glória Menezes. A atriz continua sendo a alma do programa. Coube a ela segurar os melhores momentos, como quando cantou com o Coral da Terceira Idade “O Tempo Não Para”, de Cazuza, todos fantasiados. A presença de Violeta no “Domingão do Faustão” repetiu um recurso já bastante batido em novelas, como foi o caso de Chayenne e depois as Empreguetes de “Cheias de Charme”.

A presença de participações especiais, quase nada explorada no episódio da estreia de março e que depois ganhou força nos seguintes, foi resgatada já na abertura dessa temporada. Bruno Garcia funcionou no papel de João Paulo, novo namorado de Giovanna, pois o ator tem estrada em fazer comédia. Só que a imagem de Ana Furtado, que ela está no ar de segunda a sexta-feira apresentando o “Vídeo Show” e aos sábados à frente do “Estrelas”, está ficando over na tela. A escolha para interpretar Larissa, ex-namorada de Léo, poderia ter sido outra para uma estreia.

Eduardo Moscovis está mais à vontade, mas ainda se perde um pouco no excesso de esforço para fazer de Léo um romântico trapalhão. No aeroporto à espera de Giovanna, ele se depara com a ex-mulher que está com um novo namorado, João Paulo, e ainda um filho dele, Pedrinho (Arthur Borba). Os três chegam juntos, depois de uma viagem para Disney. Para se vingar, o técnico decide reviver o romance com Larissa (Ana Furtado), uma antiga e excêntrica namorada. Deborah Secco parece desconfortável fazendo humor e mantém a expressão de “a mocinha da novela”. Já as crianças repetem o bom desempenho mostrado anteriormente.

Consideraria “Louco Por Elas”, do autor e diretor-geral João Falcão, um bom programa, mas que não empolga tanto quanto o excelente “Tapas & Beijos”, exibido imediatamente antes dele. Na comparação, a comédia com Fernanda Torres, Andréa Beltrão, Fábio Assunção e Vladimir Brichta, continua ganhando de longe em termos de roteiro, produção e criação. Se ocupasse na grade de programação outro dia e horário, em que não ficasse colado a outra comédia, fugindo assim de qualquer tipo de comparação, talvez “Louco Por Elas” conseguisse um efeito melhor em termos de diversão.


Mais "Louco Por Elas", aqui:

http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2012/03/louco-por-elas-na-estreia-da-serie.html


terça-feira, 30 de outubro de 2012

“Elementary”: Versão modernizada de Sherlock Holmes, agora musculoso, tatuado e ex-drogado, ao lado de uma ajudante feminina sem carisma, deixa saudades dos tempos do “Elementar, meu caro Watson”


Se você é fã de Sherlock Homes, esqueça-se de esperar ver a tradicional personagem criada no século XIX pelo escritor britânico Conan Doyle, na série “Elementary”, que estreou no Universal Channel na quinta-feira (25). É mais uma versão que foge totalmente das características marcantes do detetive mais famoso da literatura mundial. A começar pelo perfil do novo Sherlock, vivido por Jonny Lee Miller, um ex-dependente químico que acaba de sair de uma clínica de reabilitação e vai trabalhar em Nova York como consultor da polícia local. Longe de exibir o elegante figurino londrino de época usado pelo detetive original, o Holmes dos tempos atuais já aparece em sua primeira cena sem camisa, exibindo tórax e braços musculosos e tatuados.

Nem mesmo o carismático ajudante, Dr. John Watson, que ficou estigmatizado pela frase do detetive: “Elementar, meu caro Watson”, após comprovar suas deduções sempre infalíveis nas investigações, aparece na série que, não por acaso se chama “Elementary”. Em seu lugar, aparece uma mulher, Joan Watson, numa interpretação pouco impactante e quase automática da atriz Lucy Liu. Ela é uma ex-cirurgiã contratada pelo pai de Holmes para acompanha-lo nas primeiras semanas após ter tido alta da reabilitação, para comprovar que ele não voltará a usar drogas.  

É claro que o detetive continua se vangloriando de seu poder quase de vidência ao reconhecer que Joan é uma cirurgiã apenas pelo toque de suas mãos, que ela tem um carro, por ter visto no meio das coisas que caíram de sua bolsa uma multa, e demais pistas que levam à elucidação do assassinato de uma mulher pelo terapeuta de seu marido. “Eu não adivinho. Eu observo. E depois deduzo”, diz Holmes.

Mas nem só de deduções é feita essa versão do detetive. Ele também recorre às novas tecnologias. Admite que as respostas para o que não pode ser deduzido podem ser encontradas no Google. Ele ainda revela ter pesquisado no Facebook da vítima pessoas com as quais ela se relacionava. Ficou no ar uma dúvida: mesmo sendo um ex-consultor da Scotland Yard, Holmes teria condição de já ser chamado para tomar à frente da investigação de um assassinato logo no primeiro dia após ter saído de um centro de reabilitação para drogados?

A série estreou nos Estados Unidos, pela CBS, há um mês, e nessa primeira temporada terá 22 episódios. A produção está longe de ter o mesmo nível de outras séries investigativas, como “CSI” ou “Law & Order”, mas parece que a preocupação do criador e roteirista de “Elementary”, Rob Dohert, é explorar mais os dramas pessoais da dupla, criando atritos e, ao mesmo tempo, cumplicidade, que deixa no ar se haverá um envolvimento romântico entre os dois. “É incrível a forma como consegue analisar as pessoas só de olhar para elas. Notei que aqui não há espelhos”, diz Joan, na casa de Holmes. “O que quer dizer?”, indaga ele. “Eu acho que você reconhece uma causa perdida quando vê uma”, provoca a ex-cirurgiã, instigando o detetive. Só falta agora Watson criar o “Elementar, meu caro Holmes”.




A título de curiosidade:

- A frase “Elementar, meu caro Watson” nunca foi usada pelo escritor Arthur Conan Doyle, que entre 1887 e 1927 escreveu quatro novelas e 56 contos nos quais aparecem o detetive Sherlock Holmes e seu fiel parceiro, John H. Watson. Ela surgiu na interpretação feita do detetive pelo ator britânico Basil Rathbone numa série de filmes feitos em Hollywood entre 1930 e 1940. E o “jargão” acabou pegando.

- Desde o ano 2000, Sherlock Holmes é um personagem em domínio público no Reino Unido. Nos EUA, as obras anteriores a 1923 também são de domínio público. A exceção fica por conta de algumas das 12 histórias que compõem a antologia “The Case-Book of Sherlock Holmes”, publicada até 1927.


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

“Se Liga Brasil”: Regina Volpato e Douglas Camargo disputam holofotes, enquanto a convidada Sônia Abrão faz sombra para os apresentadores em estreia de matinal


Sonia Abrão roubou a cena na estreia do “Se Liga Brasil”, na manhã dessa segunda-feira (29), na Rede TV!. Primeira convidada do quadro “4 Contra 1”, ela se impôs e fez sombra para os apresentadores do matinal, Regina Volpato, Douglas Camargo e Heaven Delhaye, ao esclarecer sobre os boatos que circularam pela internet de que teria falado mal de Adriane Galisteu. A apresentadora do “A Tarde É Sua” afirmou que nada tem contra a loura da Band, mas que ficou muito chateada ao ser bombardeada por “aquelas pessoas que ficavam no entorno de Adriane”, como ela mesma definiu os outros apresentadores do extinto "Muito+".
 

“Eu não sei os nomes deles, nem quem são. Mas eles começaram a me chamar de coveira, dizer que eu fazia entrevistas com cara de velório. (...) Eles me chamaram de coveira? Então, eu enterrei o programa deles. Desculpa se enterrei, mas eu não gastei vela com mau defunto, porque a gente não cobriu o sepultamento dessa vez”, disparou Sonia, referindo-se ao fato de o “Muito+” ter saído do ar há três semanas.

Na verdade, o jogo que consiste em o convidado responder a perguntas feitas pelos três apresentadores e uma quarta formulada pelo telespectador através da internet deve se tornar o ponto forte do matinal, se conseguir entrevistados de peso, é claro. No conjunto, mais do que ser de variedades o foco é mesmo o jornalismo. Tanto que Regina e Douglas ficam numa bancada, estilo telejornal, enquanto Heaven comanda receitas de culinária num cenário que lembra muito as cozinhas das atrações do canal “Bem Simples”, da Fox.

Lembrou também um pouco policiais como “Brasil Urgente” e “Cidade Alerta”, já que maior parte foi dedicada a notícias sobre violência, operação policial, comércio clandestino de animais e flagrantes ao vivo de confusões registradas de um helicóptero. E, apesar de o nome ser “Se Liga Brasil”, São Paulo dominou todo o noticiário. Quando o assunto foi eleições, depois de terem dado um destaque enorme ao prefeito eleito na capital paulista, Fernando Haddad, Douglas anunciou que fariam um giro pelas demais capitais. Mas mostrou apenas, e rapidamente, os candidatos eleitos em Fortaleza (RE) e em Vitória (ES). O “Brasil” está presente mesmo apenas na informação dada no canto da tela sobre a temperatura no momento em diversas cidades do país.

Douglas e Regina, ansiosos por tornar o programa ágil, acabam interrompendo as matérias de uma forma pouco educada e desnecessária, como quando mandaram Heaven parar a receita de granola que estava dando e chamaram imagens do helicóptero. Na volta, partiram para uma entrevista com uma especialista em segurança que, talvez para fazer um “gancho”, primeiro apareceu no cenário da cozinha e depois já estava no espaço para convidados com cadeiras de pés altíssimos, totalmente desconfortáveis. O tradicional sofá ou poltronas seriam bem mais eficazes.

Enquanto Heaven parece se contentar em fazer papel de coadjuvante, Regina e Douglas disputam no grito o direito de brilhar na frente das câmeras. Chegam ao exagero de falarem ao mesmo tempo, até mesmo em cima da fala dos entrevistados, e um tenta roubar do outro o direito de fazer perguntas aos convidados. Mais de uma vez Regina não esperou que o entrevistado respondesse a uma pergunta de Douglas, formulando outras duas imediatamente. Com certeza ela já percebeu que seu parceiro tem muito mais jogo de cintura diante das câmeras do que Daniela Albuquerque, sua antiga companheira no “Manhã Maior”.

Afinal, Douglas traz o traquejo adquirido quando foi apresentador do “Balanço Geral” na TV Vitória, afiliada da Record no Espírito Santo. Ele não perdeu inclusive a mania de dirigir o programa no ar, comandando os câmeras e usando o tradicional “Enche a tela”, no maior estilo Wagner Montes e Luiz Datena. Não foi à toa que Regina precisou tomar vários copos de água durante todo o programa, depois de, logo na abertura ter mandado uma mensagem para Daniela, apresentadora casada com Amílcare Dallevo, um dos donos da Rede TV!, que está afastada por causa da licença-maternidade: “Tá muito bom, tá tudo muito bem, mas estou com muita saudade, viu Dani?”. Foi dado o recado. 


Mais sobre o fim do "Muito+", aqui:

http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2012/10/muito-popeye-joga-sua-ancora-faz.html

“Domingão do Faustão”: A atriz Adriana Esteves usufrui do sucesso de Carminha, passando por cima com soberania de quem insiste em ainda tentar lhe puxar para baixo





Adriana Esteves deu o maior exemplo de superação de momentos difíceis sobre aqueles que insistem em buscar no seu passado alguma má fase, ignorando a coragem de quem se superou e hoje é nada mais nada menos do que a grande estrela da teledramaturgia graças a sua interpretação como Carminha em “Avenida Brasil”, novela das nove da Rede Globo que chegou ao fim há uma semana, na sexta-feira (19). No decorrer da semana, houve quem dissesse que a atriz teria se negado a participar do quadro “Arquivo Confidencial” do “Domingão do Faustão” desse domingo (28), como se o artista alvo em questão fosse avisado de tal produção

Uma colunista do portal de uma emissora concorrente chegou a escrever que “O povo que trabalha com Faustão ficou sem entender o fato de Adriana Esteves não querer ser homenageada no programa. Convidaram a atriz para participar do ‘Arquivo Confidencial’ (aquele em que os famosos choram com depoimentos etc). E ela não aceitou. Uma fonte do blog comentou que Carminha causou certo mal-estar com isso, pois os globais só faltam se estapear para aparecer neste quadro do ‘Domingão’. Mas ela tem o direito de não topar, né? Quem sabe ainda muda de ideia. Será que Adriana está com medo que relembrem sua sofrível atuação na novela ‘Renascer’. Na época, a atriz entrou em depressão de tanta rejeição do público, tadinha.”

Tadinha?  Tadinha de quem? Da atriz que atingiu o auge da consagração graças a um trabalho que coroou sua trajetória construída com talento, dedicação, estudo e esforço? Tadinha da mulher que recebeu em público elogios de tantos profissionais de sucesso e uma declaração de amor do marido, o ator Vladimir Brichta? Ou seria tadinha quem se cria à custa de denegrir os outros com fontes pouco confiáveis? Tadinha... 

domingo, 28 de outubro de 2012

“The Voice Brasil”: Nova fase do programa mostra o tamanho da responsabilidade dos técnicos tanto na escolha do repertório quanto na preparação dos concorrentes





O clima de competição entre os técnicos do “The Voice Brasil” tem sido um elemento à parte na disputa também acirrada entre os concorrentes a vencedor do título de A Voz do Brasil no programa da Rede Globo. E nesse domingo (28) ficou claro que Lulu Santos é um dos técnicos com mais espírito de briga em suas colocações. Ele, que já havia provocado Carlinhos Brown em edições anteriores, dessa vez incomodou Claudia Leitte ao, com toda sua sinceridade, afirmar que uma das duplas preparada pela cantora não agradou ao cantar “Ainda Lembro”, de Marisa Monte. “A música é linda, mas eu não senti nada”, disse Lulu, enquanto um close em Claudia mostrava sua contrariedade com o comentário. Só que Daniel, que aparenta ser o mais metódico, foi outro técnico a afirmar que não tinha visto “química” entre a dupla.
 

Essa fase do programa revela a responsabilidade dos técnicos tanto na escolha do repertório quanto na preparação dos concorrentes. E essa espontaneidade que eles mostram no ar tornam o programa bem mais crível do que muitos outros que sobrevivem apenas pelas polêmicas de bastidores plantadas em notinhas de colunas. Vale o que o público está vendo e constatando. E é nítido que Claudia está sendo a técnica menos empenhada em ensinar e querendo mais aparecer como a “fada madrinha” de seus escolhidos. E sua escolha do repertório é tendenciosa. Sua segunda dupla cantou “Famosa Millionaire”, uma versão gravada pela própria Claudia. Enquanto Daniel, um cavalheiro, escolheu para uma de suas duplas uma música de Lulu, “Um Pro Outro”.

Continuo achando dispensável a escolha de músicas americanas, já que se trata da escolha de A Voz do Brasil. Talvez seja uma cláusula que faça parte do contrato quando o formato do programa é comprado. Mas, sem dúvida, considero que a escolha de melhor qualidade foi a do técnico Carlinhos Brown, que abriu o programa com sua primeira dupla cantando divinamente “Canto das Três Raças”, de Clara Nunes. De chorar de emoção.


O programa também trouxe nesse domingo a novidade de intercalar as apresentações com depoimentos de familiares na plateia, de técnicos sobre os ensaios, de técnicos após “salvar” um cantor de outro técnico, de cantores salvos. Acredito que apenas as cenas dos ensaios sejam suficientes. Assim como acho dispensável o merchandising de um produto de beleza mostrando um cabeleireiro preparando uma das cantoras. Ficou parecendo o “Vai Dar Namoro”, que o Rodrigo Faro faz no “Melhor do Brasil”, na Record. Prejudicou o glamour do programa. 

Vamos para as próximas Batalhas.

“Gabriela”: Na ânsia de inovar, remake perde a poesia e o tom político da obra de Jorge Amado e mostra desfecho sem mensagem de impacto e cenas de nudez apelativas desnecessárias no último capítulo


José Wilker conseguiu o que poucos atores já tiveram oportunidade de concretizar: ser a peça-chave de uma novela tanto em sua primeira versão quanto em seu remake. Aconteceu agora em “Gabriela”, que chegou ao fim nessa sexta-feira (26), na Rede Globo. No original de 1975, Wilker já tinha protagonizado as cenas finais do último capítulo da adaptação de Jorge Amado feita por Walter George Dust, no qual a última cena congelou justamente com seu personagem na época, Mundinho, sendo reverenciado em praça pública pelo povo, dando mostras de que o coronelismo não tinha terminado. Como, é sabido, não terminou até hoje. Já na versão atual de Walcyr Carrasco, Wilker, no papel do coronel Jesuíno, dominou o penúltimo capítulo, que superou até mesmo o subsequente, no julgamento pelos assassinatos de sua mulher, Sinhazinha (Maitê Proença), e do amante dela, Osmundo (Erik Marmo).

Walcyr Carrasco inovou no final. Mas acabou fazendo um desfecho previsível em qualquer outro folhetim que não fosse baseado numa obra tão politicamente engajada e marcante quanto é a do escritor baiano. Um final feliz para Mundinho, agora vivido por Mateus Solano, numa cena trivial de casamento com Gerusa (Luiza Valderato), perdeu totalmente o impacto causado no fim da outra novela. Até mesmo a morte do coronel Ramiro (Antonio Fagundes) num banco de praça, perdeu a poesia e o lúdico mostrado quando o mandatário da cidade, vivido antes por Paulo Gracindo, amanhecia morto em sua cama com o tule do mosqueteiro sendo suavemente embalado pelo vento que entrava pela janela.

Faltou um pouco mais de literatura e sobrou muito de folhetim à adaptação de Walcyr. É inegável, porém, o belíssimo trabalho de direção, fotografia, produção e cenografia. E a maior estrela que brilhou do início ao fim deste remake foi, sem dúvida, Laura Cardoso, interpretando Dorotéia, a matriarca e falsa beata que defendia com pulso de ferro as morais e os bons costumes e, soube-se depois, não passava de uma ex-quenga. A atriz colocou todo o elenco no bolso com uma personagem inédita, que não havia na novela há 37 anos.

Leona Cavalli também surpreendeu com sua Zarolha, interpretada antes pela saudosa Dina Sfat. A personagem, uma das “meninas do Bataclan” que ia embora de Ilhéus para não mais voltar, dessa vez teve direito a um regresso para lutar pelo amor do turco Nacib (Humberto Martins). Essa decisão do autor pode ter sido tanto graças à empatia despertada pela atriz quanto pelo fato de Ivete Sangalo não ter ocupado o posto de Maria Machadão à altura da interpretação original de Heloísa Mafalda. Impossível olhar a cantora baiana na tela, apesar de toda caracterização, e não associar a imagem a... Ivete.

Juliana Paes, justiça seja feita, foi corajosa ao aceitar o desafio de viver a protagonista do remake de “Gabriela”. E até se esforçou. Mas não conseguiu tirar de Sonia Braga o título de eterna “Cravo e Canela”. A sequência em que Gabriela subiu no telhado para pegar uma pipa e que entrou para a história da televisão na interpretação de Sonia, dessa vez conseguiu no máximo virar piada na internet através de um deboche sobre o péssimo serviço de uma operadora de serviço celular. Ganhou uma homenagem especial que desvirtuou totalmente o desfecho antológico inicial. E as cenas de nudez no último capítulo foram totalmente desnecessárias, apelando mais uma vez para um erotismo que maculou a brejeirice sensual da personagem da literatura.

De qualquer forma, a novela dirigida por Mauro Mendonça Filho reservou para a última semana uma grata surpresa ao promover um verdadeiro encontro de titãs: Tarcísio Meira, Antonio Fagundes e José Wilker contracenando nos capítulos que foram ao ar a partir de terça-feira (23). Tarcísio entrou para fazer uma participação especial no papel do juiz que, primeiro, anulou o casamento de Nacib e Gabriela e, segundo, no final, quando presidiu o julgamento do coronel Jesuíno pelos assassinatos de sua mulher, Sinhazinha (Maitê Proença), e do amante dela, Osmundo (Erik Marmo). Na tentativa de inovar, o último capítulo perdeu o impacto de décadas. O penúltimo foi melhor. E, mesmo assim, após a leitura do veredicto do juiz, faltou aquele silêncio constrangedor quebrado apenas pelas palmas puxadas no tribunal por ninguém menos do que Maria Machadão, personagem interpretada brilhantemente por Heloísa Mafalda. Aliás, achei digno a personagem não aparecer nessa cena após ter sido entregue a Ivete, uma cantora que tem todo direito de enveredar pela dramaturgia, mas começando como todos os iniciantes o fazem e não como sucessora de uma atriz do naipe de Heloísa Mafalda.


A título de curiosidade: O juiz interpretado agora por Tarcísio Meira foi vivido anteriormente pelo ator e dublador Isaac Bardavid. Considerado um dos maiores dubladores do país, é dele a voz de personagens famosos como o Esqueleto, dos desenhos de He-Man, Freddy Krueger de “A Hora do Pesadelo” e Wolverine, do filme de mesmo nome, entre outros. Atualmente Bardavid está no elenco da nova novela das nove, “Salve Jorge”, em que aparece como Tartan, dono de um restaurante na Capadócia e de uma loja no Gran Bazar.  



Mais de "Gabriela", aqui:

http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2012/06/gabriela-direcao-de-fotografia-e.html

http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com.br/2012/08/gabriela-laura-cardoso-da-show-de.html


 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

“The Client List”: Série traz a sensualidade de Jennifer Love Hewitt, mas vale mesmo pela presença de Cybill Shepher, musa dos anos 80 no seriado “A Gata e o Rato”


Os fãs de Jennifer Love Hewitt, estrela de suspenses como “Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado” e “Ghost Whisperer”, vão se surpreender ao ver a atriz esbanjando sensualidade em “The Client List”, que estreou no Sony na quarta-feira (24). Na série, ela é Riley Parks, uma espécie de “Anjo de Programa”, que vai trabalhar no “Sugar Land”, uma casa onde massagistas fazem às vezes de prostitutas de luxo prestando “favores sexuais” aos clientes de uma lista vip. E, após ser abandonada pelo marido com um casal de filhos e para conseguir um dinheiro extra e pagar a hipoteca da casa onde mora, ela acaba entrando no esquema. Mas, com toda sua exuberância vestindo lingeries insinuantes, Riley é diferente das outras massagistas do estabelecimento. Ela faz uma espécie de terapia com seus clientes, ouvindo seus problemas amorosos e conseguindo até promover a reconciliação de alguns maridos infiéis com suas esposas traídas. 

Para os mais veteranos, no entanto, a grande surpresa é ver Cybill Shepher fazendo o papel de Lynette, a mãe de Riley. Aos 62 anos, a atriz, que se consagrou nos anos 80 protagonizando ao lado de Bruce Willis o seriado de comédia policial “A Gata e o Rato”, mostra uma beleza amadurecida e sem perder sua veia humorística.  Em uma cena em que conversa com a filha sobre o fato de ter se casado cinco vezes, ou melhor, quatro, já que duas vezes foi com o mesmo homem, como ela mesma corrige, Lynette se justifica, misturando sua religiosidade com um tom de ironia: “O Senhor nunca quis que as mulheres ficassem sós”. Suas expressões faciais continuam inconfundíveis.

A relação entre Riley e Lynette tem alguma semelhança, guardadas as devidas proporções, da mostrada entre mãe e filha em “Good Christian Belles”, que estreou em maio no mesmo canal. Em “GCB”, Amanda Vaughn (Leslie Bibb), após a morte do marido, também foi, com a filha do casal, morar com sua mãe, a religiosa mas bem humorada e debochada Gigi (Annie Potts), e as duas também tinham diálogos embalados por vinho e cheios de sutilezas sobre o comportamento humano e suas experiências pessoais. Já uma das diferenças entre as duas séries é o fato de Amanda ter descoberto que o marido tinha uma amante ao ficar viúva. Riley vai descobrir isso com o safado ainda vivo.

A ideia da série, escrita por Jordan Budde, surgiu após a realização de um filme para televisão produzido pelo canal Lifetime, nos Estados Unidos, com base em um escândalo envolvendo massagistas ocorrido no país em 2004. O Licensed Massage Therapist, ligado aos profissionais de massagem terapêutica, chegou a fazer uma campanha para impedir a exibição da série, alegando que ela iria perpetuar um conceito errado da profissão.  Algo assim como acontece no Brasil quando qualquer novela mostra algum tipo de profissional não agindo tão eticamente como deveria. Não adiantou. A primeira temporada da série, com dez episódios, estreou nos Estados Unidos em maio, e uma segunda já está garantida. Resta saber se haverá “clientes” com histórias tão interessantes que impeçam que tanta “terapia” na cama de massagem não acabe se tornando enfadonha.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

“Malhação”: Roteiro concilia modernidade com nostalgia do romantismo da adolescência, novela recupera frescor que havia perdido nos últimos anos e Alice Wegamnn se destaca entre os novos atores



A vigésima temporada de “Malhação” pode até estar longe de atingir os índices de audiência de 2004, quando a série conquistou mais de 30 pontos no Ibope embalada pelo sucesso da Vagabanda, mas sem dúvida vive uma boa fase graças à volta ao ambiente de um colégio e à aposta nos conflitos que envolvem os romances na adolescência, depois da anterior que investiu em alunos com mais idade, já na faculdade, e até com um núcleo na favela. Os atuais autores, Patrícia Moretzsohn e Ricardo Hoffstetter, trouxeram uma revigorada a um programa que insiste em se manter no ar há 17 anos.

Aliado ao texto bem costurado, conciliando modernidade e nostalgia romântica que sobrevive no subconsciente de muitos jovens, há um elenco bem escalado, com destaque para o trio de protagonistas formado por Alice Wegmann (Lia), Agatha Moreira (Ju) e Guilherme Prates (Dinho), além de David Lucas como Orelha e Juliana Paiva como Fatinha.

Tirando a interpretação competente dos jovens atores, do reforço de artistas veteranos e da direção cuidadosa, pesa a forma como temas como buylling, virgindade, traumas recorrentes da separação dos pais ainda na infância, desvios de caráter, amizades e traições estão sendo tratados.

A cena daquela que deveria ser a primeira vez de Ju com Dinho no capítulo dessa terça-feira (23) não aconteceu. Muito mais do que mostrar um conto de fadas, serviu como um alerta para meninas que se entregam a uma paixão sem avaliar as futuras consequências de seus atos. Dinho não foi um aproveitador, faz parte de sua personalidade ser um jovem aventureiro, que não se prende definitivamente a nada nem ninguém. E ele nunca fingiu ser diferente. E na hora “H” Ju se rendeu a encarar a realidade que estava à sua frente com os olhos da verdade, principalmente por ter sido alertada antes pela amiga Lia.

E é Lia quem tem conquistado a maioria dos fãs dessa temporada de “Malhação”. É a personagem de Alice a mais curtida no site da novela no Facebook. Os fãs elogiam seu visual de roqueira, contestadora, rebelde. Mas, tal identificação talvez aconteça também por Lia representar a jovem que precisa se mostrar forte para combater suas próprias inseguranças e abafar a carência que sente desde que a mãe abandonou a família quando ela ainda era criança. Ela mostra ainda uma qualidade rara, de extrema lealdade, ao abrir mão de qualquer sentimento mais forte que possa nutrir por Dinho para não magoar sua melhor amiga, Ju. E é isso que faz dela uma personagem forte, altruísta e honesta, reforçada ainda mais pela entrega de sua intérprete.