Não vou repetir o que todos já sabem, ou deveriam
saber, sobre a trajetória de Hebe Camargo, uma mulher que viu a televisão brasileira
nascer e fez parte de toda trajetória desse veículo fantástico. Em mais de 60
anos de profissão, ela fez história como cantora, atriz, dubladora, apresentadora e
tudo mais que se apresentasse como desafio à sua frente.
Hoje, o que não faltam são aprendizes de Hebe. Mas é
claro que ainda não surgiu e dificilmente surgirá uma substituta. Primeiro que
como Hebe não haverá outra, com coragem de dizer o que pensa, de enfrentar,
encarar, não se subjugar ao caminho mais fácil para ter sucesso nem fazer
caramuru ao dono da empresa. E segundo que essas novas apresentadoras forçam
uma barra, investem numa função sem talento nato para tal. Qualquer uma agora
acha que pode ser apresentadora, querendo, no fundo, realizar o desejo oculto
de ser celebridade. Mas nenhuma conseguirá nunca imitar o "jeito Hebe de ser".
Unanimidade? Não. Hebe não era. Encontrei no
elevador do meu prédio um vizinho questionando: “Cada um faz o que quiser com o
próprio dinheiro. Mas uma mulher que ganhava até pouco tempo quase três milhões
de reais por mês, o que ela fez de caridade?”. Os amigos mais próximos da
apresentadora talvez saibam responder. E a resposta veio de sua grande amiga Lolita Rodrigues durante o "Programa da Tarde", da Record, nessa segunda-feira (1), ao contar que Hebe sempre fez muita caridade, mas não contava, nem gostava que falassem.
E para o grande público de Hebe o que importa mesmo é que ela doou aos telespectadores durante mais de seis décadas sua maior riqueza: a alegria de viver. Afinal, "o bem e o mal existem dentro de cada um".