terça-feira, 4 de setembro de 2012

“Viva O Sucesso”: Falta mais ousadia ao programa em aproveitar a vantagem de ser produção independente para inovar e deixar de lado a estética de “projeto universitário”


Sandy talvez não tenha sido a melhor escolha para o primeiro “Viva o Sucesso”, programa que foi ao ar no canal Viva na sexta-feira (31) e que traz a proposta de mostrar artistas contando sobre sua trajetória profissional. Não que a cantora não merecesse ser uma das convidadas de alguma das edições, mas para a estreia a escolha poderia ter sido algum artista com uma história mais palpitante e não tão repetitivamente conhecida quando a dela. E já que se trata de uma produção independente da Los Feliz, dirigida por Pablo Uranga, poderiam ter ousado mais e fugido um pouco dos padrões e fórmulas dos projetos ensinados nos cursos de televisão.

Sem apresentador, o programa começa com Sandy saindo de um hotel no Rio de Janeiro para se apresentar em algum lugar, que não é dito onde será. A partir daí ela vai contando sua história com a música desde a infância. É claro que não falta a imagem dela e Júnior cantando “Maria Chiquinha” no “Som Brasil” de 1989. Mas a narrativa é intercalada principalmente por trechos de clipes da cantora já em carreira solo.

Mais uma vez, ela atribuiu o fim da dupla com o irmão a uma decisão de consenso. “Nossas personalidades foram tomando caminhos divergentes. Ficou mais complicado encontrar um caminho que fosse bom para os dois”, afirmou ela num tom quase melancólico. “O número de pessoas que querem ver meu trabalho hoje é muito menor. (...) Estou começando a construir uma carreira. Ainda estou descobrindo quem eu sou como artista, como eu quero ser”, admitiu Sandy.

Júnior, por sua vez, continua mostrando-se mais feliz com a nova fase. “Acho que agora é hora de se divertir, independente do resultado, de quem vai gostar ou não. A maneira certa de encarar uma situação como essa, na minha opinião, é ver isso como liberdade e não como prisão”, enfatizou o músico.

Apesar do pouco tempo de duração, menos de 15 minutos, incluindo intervalo comercial, a ideia do roteiro de acompanhar Sandy desde a saída para um show até o fim de sua apresentação não foi bem desenvolvida. Talvez tentando mostrar um perfil intimista, falhou ao acabar mostrando a cantora o tempo todo sozinha: saindo do hotel, entrando no carro, chegando ao local do show, no camarim ela própria se maquiando, arrumando o cabelo e escolhendo o figurino, tomando água no backstage, indo embora após descer do palco... Não havia assessores, seguranças, maquiadores, cabeleireiros, figurinistas e toda a legião de “auxiliares” que acompanham os famosos antes, durante e depois dos shows. Perdeu-se a proposta de “Sucesso” do título. Ficou uma sensação de estrela solitária, ainda se descobrindo como artista.