Com uma deliciosa coletânea de histórias contadas com a descontração típica dos ambientes em que mulheres se reúnem para tratar de beleza e também não dispensam as confidências íntimas, a série “Conversa de Salão”, que já foi exibida pelo GNT ano passado, é mais uma boa reprise do canal Viva. Não mostra nenhuma grande fórmula inovadora, mas a ideia é criativa e ganha pela simplicidade do conteúdo, o cuidado na edição e finalização e a participação única e exclusiva de mulheres comuns.
São mostrados vários e diferentes tipos de salões de
beleza onde tanto as cabeleireiras quanto as clientes, durante bate-papos
informais, tratam de temas comuns a todas. O primeiro foi sobre ciúmes e
traição. Os relatos são hilariantes e a diferença de classe social é indicada
logo no começo de cada história, em que é dado o nome do estabelecimento e os
preços cobrados. No salão Novo Visual, localizado em Paraisópolis, favela da
Zona Sul de São Paulo, a mão custa R$ 10, o corte R$ 20 e a escova R$ 16. Já no
Salão Proença, no Jardim Paulista, bairro nobre da Zona Oeste São Paulo, a mão
custa R$ 38, o corte R$ 210 e escova R$ 73. É bom lembrar que são preços da
época em que a série foi produzida, em 2011.
Além dos valores, a decoração de cada um dos quatro
salões mostrados indica a diferença cultural de cada região da cidade. Mas
todas as mulheres assumiram conviverem com situações amorosas bem
semelhantes. Enquanto pintava o cabelo de uma cliente, Genilda, do Novo Visual,
divertia todo mundo contando sobre o dia em que saiu correndo do salão para
flagrar o marido com outra. “Bati na mulher no meio da rua, e a cliente lá,
mais de meia hora com o pé de molho esperando”, lembrou ela, às gargalhadas.
As situações são todas intercaladas, dando movimento à edição. E a reação de Suzy,
cliente do Casa da Avó, no Alto da Boa Vista, outro bairro nobre da Zona Sul de
São Paulo, e onde o preço da mão era R$ 20, o corte R$ 70 e a escova R$ 40, não
foi tão diferente assim da revelada pela cabeleireira da favela. Ela estava com o namorado em um bar e não gostou do
fato dele ter elogiado outra. “Eu fiquei louca, chamei de filho da puta quando
ele disse para mim que achou bonita a bunda da vagabunda da menina que estava
querendo dar pra ele. Briguei no meio do bar, na frente de todo mundo”,
esbravejou a moça.
Bem divertida foi Roberta, cabeleireira do
Salão Proença. Enquanto as clientes faziam pose dizendo que não revistavam as
senhas dos maridos na internet nem conferiam as mensagens nos celulares deles,
ela interrompeu na hora: “Fala sério! Quem nunca colocou o número do celular de
um homem com o nome de uma mulher? Quando é Carlos eu coloco Carla. Quando toca,
eu digo: ‘Olha a Carla tá me ligando’. Aí, se toca de madrugada, aí não dá pra
atender. Aí eu digo: ‘Olha a Carla, deve estar bêbada ligando”, entregou ela, rindo,
enquanto escovava o cabelo de uma cliente.
Ao todo são 13
episódios em que não falta descontração, mesmo quando os temas são mais sérios
como desejo ou falta dele, envelhecimento, bullying, preconceitos, aceitação. O segundo episódio, que vai ao
ar nessa quinta-feira (13), mostrará cinco histórias de salão sobre a
descoberta de um grande amor. As personagens falam sobre o que sentem e o que fazem
quando se apaixonam e revelam as surpresas que já tiveram em seus primeiros
encontros. Promete! Sem falar que a abertura, com desenhos retrô e trilha musical brega, é bem bacaninha.