sábado, 22 de setembro de 2012

“Lado a Lado”: Texto ousado faz novela de época derrubar tabus arcaicos sobre comportamentos femininos, enquanto sons modernos na trilha sonora aquecem a trama


A nova novela das seis traz um vigor renovado na forma de revisitar a nossa história e com um olhar tão despido até mesmo dos ranços da modernidade que surpreende até os mais atentos e mais rigorosos na horar de cobrar um perfeccionismo raras vezes encontrado num texto. É claro que a trilha sonora, embalada por ritmos modernos e sem medo de desafiar os críticos de música que se acham sempre os mais atuais e antenados do momento, contribue muito para fazer a diferença. Essa ousadia com certeza não parte de uma única vertente do produto final. Existe aí uma sintonia orquestrada entre elenco, autores, produtores, diretores e uma gama de equipe técnica por trás.

Que a sinfônica está bem afinada, isso já se percebeu nos primeiros capítulos. Mas no decorrer da história percebe-se uma visão mais apurada e antenada da leitura sociológica feita em um período em que a mulher era alvo de tanto preconceito quanto eram os negros. E o quanto ela também usava de subterfúgios para despistar os conceitos do falso a que era submetida.

Há apenas duas semanas no ar, “Lado a Lado” já mostrou que não veio para ser apenas mais uma novela de época. Em dez capítulos, Isabel (Camila Pitanga) se entregou a Betinho (Rafael Cardoso), mesmo amando Zé Maria (Lázaro Ramos), e a ex-condessa Constância (Patrícia Pilar) virou amante do senador Bonifácio (Cássio Gabus Mendes).

A novela mostra claramente um desejo de por fim à hipocrisia de mostrar no horário das seis uma época de “bons costumes”. Só tinha visto ousadia maior em “Chiquinha Gonzaga”, minissérie exibida às 23h. Não é apenas a música que embala o desapertar de uma era antiga, é o texto, a direção de arte e a fotografia mostrando em cada vírgula uma nova forma de se fazer novela de época, e todo o contexto acompanhando a vestimenta dada a um trabalho realizado em cima de uma história que se passa no começo do século passado. Que venha uma nova era de se mostrar de uma forma mais verdadeira histórias vividas por nossos ancestrais em tempos passados.