quarta-feira, 19 de setembro de 2012

“Esquadrão da Moda”: Ter um personagem inusitado faz toda a diferença em programas estrelados por anônimos, por mais comum que pareçam e tempo que estejam no ar


Acertar na escolha do convidado em programas nos quais anônimos é a matéria-prima central de cada edição é essencial e faz toda a diferença, seja em grandes produções ou em atrações realizadas sem grandes pretensões. Foi o que se verificou no “Esquadrão da Moda”, do SBT, que foi ao ar no sábado (15), em que Fernanda, uma publicitária que, apesar de já ter passado da idade, seguia uma cartilha tatibitate na forma de se vestir. O programa, uma versão brasileira de “What Not To Wear”, dos canais Discovery Home & Health e BBC, é exibido na emissora de Silvio Santos desde 2009. Mas nem sempre traz personagens tão interessantes quanto foi a publicitária Fernanda, uma jovem senhora que se vestia como adolescente, escondia a idade de todos e se vestia como adolescente.

Também faz diferença a sintonia entre os apresentadores, a top model Isabella Fiorentino e o stylist Arlindo Grund. Da dupla, ele se sobressai não só pelo sotaque nordestino carregado, pernambucano que é, como também pela maior desenvoltura e facilidade de se aproximar dos participantes. Para quem não sabe, Arlindo mora em São Paulo desde 2003, dá aulas de produção para catálogo de moda comercial e de produção para editorial de moda no Instituto Europeo di Design (IED), desde 2010.

Voltando à estrela da edição em questão, Fernanda é a mulher, mãe, avó e publicitária que vende anúncios para uma revista, mas que na hora de vender uma boa imagem dela própria faz tudo errado. Ela usa sapatos de oncinha, sombra azul escandalosa nos olhos, presilhas infantis nos cabelos e roupas apropriadas para adolescentes que não passam qualquer seriedade nas visitas profissionais que faz a clientes da revista. E nem o filho de Fernanda soube dizer a idade da mãe. “Eu lembro quando tinha uns 10 anos ela ficou uns três anos dizendo que tinha 27 anos”, contou o jovem.

Pega de surpresa numa espécie de reality show pré-programado, ela aceita receber R$ 10 mil para renovar seu guarda-roupa e aceitar a consultoria de moda de Isabella e Arlindo. “Meu estilo é descolado”, diz Fernanda. “Descolou do bom-senso”, rebate Arlindo.  “Dá para parecer mais jovem de forma mais coerente”, avisa Isabella, sabendo que Fernanda tem problema com a idade.

O bacana do programa é que ele não propõem uma transformação momentânea. Os looks sugeridos a Fernanda não abominam totalmente seu estilo, apenas acrescentam a ele uma pitada de bom gosto que poderá ser usado no dia-a-dia. “Agora não sou mais brega. Aprendi a me vestir”, comemora a publicitária, após usar sua verba para renovar o guarda-roupa.

Mesmo após ganhar novo corte de cabelo e novas dicas de maquiagem, na hora em que perguntam qual a verdadeira idade de Fernanda, ela sai pela tangente: “Eu sou mais velha do que um pé de alface e mais nova do que uma montanha”, diz ela. Mas, passado um tempo, sentindo-se melhor, mais bonita e mais segura, a participante se solta e se refere até a ela própria na segunda pessoa: “A Fernanda depois do ‘Esquadrão da Moda’ é uma mãe, publicitária de 44 anos, e super moderna”, diz ela, divertindo-se.

Essa forma despojada e bem humorada de encarar o desafio fez toda a diferença. Prova de que em atrações desse tipo o trabalho de produção e apuração faz muita diferença. Devem ser, e muito, valorizados.