Tufão viveu um momento não só aguardado pelo público
de “Avenida Brasil” na cena que encerrou o capítulo dessa terça-feira (25),
como mais uma vez mostrou que não é apenas, em linguagem popular, o “corno
manso” da vez. O ex-jogador vivido por Murilo Benício, alvo de chacotas desde a
estreia da novela das nove da Rede Globo, há seis meses, viveu um momento
crucial ao mostrar que, muito mais que o noivado com Monalisa (Heloisa
Périssé), o casamento com Carminha (Adriana Esteves) e a paixão platônica por
Nina (Débora Falabela), o que sempre realmente o moveu foi o amor incondicional
por Jorginho (Cauã Reymond), o filho adotado oriundo do lixão.
Ao visitar o filho na cadeia, após mais uma armação de
Carminha para prejudicar não apenas Nina como o próprio filho biológico da
megera, Tufão recebe de um só golpe revelações das quais Jorginho vinha
tentando lhe poupar desde o início: a de que Carminha se autossequestrou
mancomunada com o amante, Max (Marcelo Novaes), e, a pior de todas, de que ele
é filho biológico dos dois trambiqueiros criminosos.
A cena foi tocante porque mostrou Tufão e Jorginho
em mais uma situação no qual muitos pais e filhos adotivos talvez vão se
espelhar ou se reconhecer. Não pelo contexto da sequência, criada na ficção
pelo autor João Emanuel Carneiro, mas pelo amor incondicional que também
acontece nos relacionamentos que unem famílias na vida real e não são resultado,
necessariamente, de um laço consanguíneo. E essa trama mostra que os laços de
confiança ultrapassam qualquer sinal de parentesco. O amor entre os dois ultrapassa limites que só são transponíveis por quem conhece e tem autoridade para ultrapassar o limite do outro. Tem a ver com amor, confiança, respeito.
Tufão foi ingênuo desde o início da novela, quando,
após atropelar Genésio (Tony Ramos), deduziu que a vítima, ao balbuciar o nome
Carminha, estava pedindo que ele ajudasse a viúva. Podia ter desconfiado de que
o moribundo estava denunciando sua algoz, independentemente de ter sido vítima
de um acidente. Foi covarde quando, para se livrar de um processo policial, consciente
ou inconscientemente, preferiu se deixar seduzir pela vilã, abrindo mão da
noiva Monalisa.
O cúmulo da falta de esperteza de Tufão foi ter
passado doze anos sendo traído sob o mesmo teto pela mulher, Carminha, e, o
pior, com seu próprio cunhado, Max. Mas uma qualidade Tufão tem, e parece
passar totalmente despercebida: o sentimento paternal mesmo não tendo um filho
seu biológico. Ele é pura atenção com Ágata (Ana Karolina Lannes), mesmo achando
que ela é filha de Carminha com Genésio, e tem por Jorginho, o garoto adotado
do lixão, um amor imensurável.
Tufão não tem filhos biológicos, mas é um
exemplo como pai. Será que isso vale menos do que ser o marido com fama de corno?