Tiago Leifert abriu a estreia do “The Voice Brasil”
nesse domingo (23), na Rede Globo, afirmando que estava começando “Uma
competição musical diferente de tudo que existe”. Faltou ele acrescentar que
era diferente na televisão brasileira, já que se trata de uma cópia fiel do original
americano: o mesmo cenário, o mesmo logotipo (a mão segurando um microfone que
mais parece um símbolo fálico) e a mesma formação de “técnicos” com três homens
e uma mulher. Felizmente, a versão brasileira também se esmerou em selecionar
candidatos de um nível profissional a toda prova. Todos com “uma voz forte” ou “uma
grande voz”, expressões muito usadas pelos jurados para justificarem suas
escolhas.
Produzido
pela NBC, o “The Voice” já está em sua terceira temporada nos Estados Unidos.
E, se lá a missão de formar uma equipe e treiná-la está nas mãos de Adam Levine,
CeeLo Green, Christina Aguilera e Blake Shelton, aqui os técnicos são Lulu
Santos, Carlinhos
Brown, Claudia Leitte e Daniel. O processo de escolha, sim, faz toda a
diferença em relação a outras competições musicais. Roupa, aparência, idade,
histórico de vida pessoal não contam. Nessa fase preliminar, o que vale é a
voz, selecionada a partir de uma espécie de teste às escuras: os técnicos ficam
sentados de costas para o palco, apenas ouvindo os candidatos cantarem, e, caso
aprovem, tocam um botão vermelho que faz a cadeira girar e o coloca de frente
para o escolhido.
A
dinâmica permite que mais de um técnico aperte o botão, e aí a disputa passa a
ser entre eles na tentativa de ser o eleito do participante. Lulu Santos e
Carlinhos Brown se mostraram ser os mais imbuídos do espírito de competição
entre eles. “Não tenho o que falar”, disse Brown ao elogiar um eleito por ele. “Então
não fala”, rebateu Lulu, também de olho no possível aluno. Claudia, acostumada
a ser o centro das atenções, parecia mais preocupada em fazer caras e bocas e ficava
o tempo todo esperando a reação dos seus colegas, com medo de errar na
avaliação. Ela só ousou tocar primeiro a luz vermelha quando viu que estava
perdendo, com apenas um candidato no seu time.
No fim do
primeiro programa dessa etapa, Claudia e Daniel ficaram com dois participantes
cada um, Lulu com três e Brown com quatro. Mas, sem dúvida, Daniel levou as vozes mais
marcantes para seu time: a paraense Liah Soares e a norte-americana Alma Thomas,
que foi disputada pelos quatro técnicos, mas optou pelo cantor sertanejo.
Esse processo seguirá até que cada técnico tenha formado um time com 12 participantes, que serão treinados por eles para aprimorarem suas técnicas. Em seguida, cada time será cortado pela metade pelo próprio mentor. A participação do público votando em seus favoritos só acontecerá a partir de novembro, quando começam as apresentações individuais em shows ao vivo. A grande final terá apenas um “pupilo” de cada técnico. Mas desde agora já paira no ar o risco de “A Voz” do Brasil pertencer a uma norte-americana cantando Adele.