Ivete Sangalo resumiu bem a noite: “É a tradição do
Prêmio Multishow”. Ela nem precisava ter dito que a tradição de ser tradicionalmente
mais uma noite tradicional feita para colocar a “turminha da música” nas
primeiras filas da plateia, enquanto a galera que votou na internet, depois de
disputar quase a tapas virtuais um ingresso para a festa, ocupava lá um lugar
na geral. Sempre foi assim. Desde 1994, quando o prêmio ainda se chamava TVZ. Ao
mudar de nome, quatro anos depois, apenas ganhou algumas novas categorias para
premiação.
Mas o que era novidade no começo foi pouco a pouco
caindo na mesmice. Até para quem é convidado Vip, amiguinho dos amiguinhos de
quem está no palco ou envolvido na produção. Mas aí é uma questão de cada um
gostar de viver na mesmice, até mesmo nas mesmíssimas festas embaladas pelos
mesmíssimos integrantes de gente nem tão jovem assim reunida.
Paulo Gustavo, um dos anfitriões da festa ao lado de
Ivete, até se esforçou. E como se esforçou, tendo ao lado a cantora baiana que parecia
estar se achando a multimídia das multimídias do país tropical. Enquanto o ator
se virava em mil tentando deixar a transmissão menos monótona interagindo com
os artistas na plateia, Ivete assumia seu momento totalmente global e parecia estar
encarnando até ali a Maria Machadão, dona do Bataclan que interpreta na novela
das onze da Globo, chamando ao palco artistas como Michel Teló e Paula Fernandes para cumprirem seu
papel na noite.
E o Multishow mais uma vez não inovou e
mostrou o mesmo do mesmo. A eleição é popular, mas da festa o povo realmente
não participa. O tal “popular” só existe na hora de eleger aqueles que
realmente interessam ao mercado fonográfico, os que vendem mais. E qualidade é
uma palavra que não existe no universo Multishow de ser. Repórteres, Vjs, ou
seja lá como queiram ser chamados, fazendo o “aquecimento” da festa, foram
totalmente constrangedores.
Perdeu-se mais uma vez a chance de se realmente
valorizar a realização ao vivo de um evento musical. Mas, esperar o que de um canal que logo em seguida à
transmissão do “Prêmio Multishow de Música” coloca no ar um programa pornô que
se chama “”Sexytime: Cine Sexytime”?
Sem falso moralismo contra a programação liberta do canal,
mas após um evento voltado à música não seria mais interessante promover um debate sobre o
resultado, aproveitando a presença de tantos artistas interessados no prêmio e
na música?
Ou não???
Acho que não, né???? Estão todos lá querendo comer e beber na festa...
Bom, mas poderiam ao menos exibir vídeos com clipes
dos vencedores da noite...
Também não???
Pô, mas então o canal promoveu essa eleição só pra
fazer festinha para eles e entre eles????