José de Abreu se emocionou e também surpreendeu durante sua participação no “Mais Você” dessa terça-feira (25), na Rede Globo, ao tomar o já tradicional café da manhã com Ana Maria Braga. Quem ainda não sabia um pouco mais de sua história pode descobrir o homem cheio de histórias e com uma bagagem riquíssima de vivência tanto na arte de atuar quanto na política. Sem fazer bancar o bom moço apenas para amenizar a imagem de vilão do Nilo, seu personagem em “Avenida Brasil”, o ator revelou o máximo de sinceridade ao falar sobre a dicotomia do bem e do mal nos personagens da novela de João Emanuel Carneiro. “O ser humano é bom e mau junto. As pessoas brigam muito comigo por causa de corrupção e tal, mas vai ter corrupção enquanto houver ser humano, o ser humano é pecador. Não tem jeito. Vai ter roubo, vai ter assassinato, pedofilia, pecado. Eu já estudei quase todas as religiões e duas coisas existem em todas: o pecado só existe na sua cabeça e todo mundo tem a sua consciência interior. Todo mundo sabe o que é certo e o que é errado. Mas às vezes não sabe a atitude certa, ou a errada”, afirmou o ator, deixando a apresentadora meio desconcentrada.
Para
amenizar, Zé trouxe Nilo de volta para o assunto, justificando que em algum
momento na vida o personagem deve ter pirado para agir de forma tão agressiva.
“Quando a vida te apresenta um problema maior do que a sua capacidade de
solucioná-lo, você pode, por defesa, pirar. O bom e o mal convivem dentro da
gente, e a todo momento nós temos que optar pelo bem. Mas a qualquer momento a
gente pode optar errado, por falta de informação, por falta de inteligência ou
esperteza na vida. É louco isso”, filosofou o ator.
E quando
começou a falar da época que foi seminarista, misturando religião com política,
Ana Maria viu que o papo iria longe e acabou interrompendo o ator para
convidá-lo a voltar ao programa após terminar a novela e o fim do Mensalão,
para ele falar mais sobre corrupção na política. Com certeza, apenas um café da
manhã é pouco para José de Abreu, 68 anos de idade, falar sobre seus 45 de
carreira, sua militância política nos tempos da ditadura, o exílio na Europa,
as viagens alucinantes que fez para Grécia, Índia, Turquia, e ainda sobre a
vida amorosa agitada que lhe renderam quatro casamentos, cinco filhos e quatro
netos.
Mas,
voltando às amenidades, ele contou que criou a famosa risadinha de Nilo para
mostrar os dentes podres e amarelos do morador do lixão, que ficavam escondidos
pelos volumosos bigode e barba. E também analisou bem o fato de a trama
envolvendo Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabela) ter passado por
um período de marasmo: “As pessoas esquecem que a novela tem um tempo diferente
do da gente na vida real. O público quer que o núcleo da Nina se desenvolva
mais rápido, mas a velocidade cênica é diferente, ele (o autor) não pode deixar o lixão, o Cadinho (Alexandre Borges), a Suelen (Isis
Valverde)... Tem que segurar um pouco um núcleo para os outros se
desenrolarem junto e se encontrarem no fim”, explicou o ator.
Divertido
e o tempo todo com seu iPad conferindo os comentários de seus seguidores no
Twitter sobre a entrevista que estava dando ao vivo, Zé contou que acompanha a
novela sempre conectado às redes sociais e que curte essa troca imediata com os
telespectadores. Admitiu, porém, que nem só de elogios é feita a relação com os
internautas e que é preciso estar receptivo também para as pedradas. “O Chico Buarque tem uma piada que ele fala
que entrou no Twitter e ficou um dia só, porque achava que era uma unanimidade.
É preciso estar preparado, eu mesmo recebo críticas tanto para o Nilo quanto
para mim, Zé de Abreu”, brincou o ator.