quinta-feira, 20 de setembro de 2012

“Cheias de Charme”: Taís Araújo consegue que sua Penha seja uma das Maria que mais se destaca no grupo das Empreguetes


Taís Araújo, com suas sacudidas de ombro à la Xica da Silva, caras e bocas e formas curvilíneas, desde o começo de “Cheias de Charme” já foi marcando território para fazer de sua Penha uma das Marias que mais se destacasse entre as Empreguetes. E vem conseguindo também graças a sua personagem ter oportunidades de viver situações muito mais variadas do que suas companheiras no extinto grupo, Rosário e Cida, vividas respectivamente por Leandra Leal e Isabelle Drummond, na novela das sete da Rede Globo.

O mais novo imbróglio envolvendo Maria da Penha realmente a deixou num vestido mais justo do que os que ela costuma usar nas ladeiras do Borralho.  No capítulo dessa quarta-feira (19) ela teve que engolir a lição de amizade que recebeu de Lygia (Malu Galli). “Amigo sincero conta a verdade. Mesmo que isso machuque ou magoe”, afirmou a advogada, com a sua classe de sempre. A cena aconteceu após a advogada ter visto na internet uma foto da ex-empreguete beijando Gilson (Marcos Pasquim), um amor do passado e pai do seu primeiro filho. Foi um golpe para ela que não só considerava Penha sua melhor amiga como também é sua ex-patroa e sempre lhe estendeu a mão, ajudando-a inclusive financeiramente.

Esse caso de traição de amiga é semelhante ao recentemente mostrado na novela das nove, “Avenida Brasil”, quando Olenka (Fabíula Nascimento) se envolveu com Silas (Ailton Graça), ex-marido de sua melhor amiga, Monalisa (Heloísa Périssé). A diferença é que Olenka foi movida apenas por atração física, e ela ouvia Monalisa dizer que não queria mais ver Silas pela frente nem pintado de ouro. Já Penha sabia que rever Gilson tinha mexido com Lygia. A amiga tinha confidenciado até ter ficado perturbada com o beijo trocado com o surfista no primeiro reencontro.

O erro de Penha não foi ter se apaixonado. Assim como o de Olenka pode não ter sido o fato de ceder à tentação. As duas falharam em uma questão bem mais delicada, que é o de terem quebrado o principal alicerce de qualquer relação, principalmente de amizade, que é o da confiança. As duas tiveram tempo de serem sinceras com suas amigas, mas sentiram vergonha, medo. E, ao vacilarem, acabaram omitindo a verdade, achando que, dessa forma, não estavam mentindo.

Assim como Monalisa perdoou Olenka, é sabido que Lygia e Penha voltarão a se aproximar. Se Gilson acabará sobrando sozinho como aconteceu com Silas é outra história. Ele bem pode voltar para sua vida de surfista em Pernambuco. Mas, e Lygia, que acabou de sair de um casamento de anos após descobrir ter sido o tempo todo enganada pelo marido, o mulherengo espanhol, Alejandro (Pablo Bellini)? Quanto a Penha, é claro que não faltam candidatos. Fazendo a linha “irresistível”, que aposta num erotismo meio vulgar e meio “RPM”, com a língua “meio de lado já saindo” do canto da boca, ela vai colecionando admiradores. E continua a falar errado, mesmo após já ter sido uma cantora de sucesso e atualmente atuar como consultora em um importante escritório de advocacia.

Lidera sua lista de apaixonados Sandro (Marcos Palmeira), o ex-marido malandro e biscateiro, pai de seu filho e por quem ela sempre foi louca, a ponto de engolir as safadezas dele. Sandro vem tentando mudar, de um jeito meio torto, é verdade, mas tem conseguido convencer no papel de herói por acidente. Pulando as cantadas escancaradas que levou de Kleiton (Fábio Neppo), Penha também teve seu momento de ceder aos elogios fáceis do radialista Gentil Soares (Gustavo Gasparini), na época do auge das Empreguetes. Um carro com motorista particular na porta e um restaurante fino a deixaram nas nuvens. Logo em seguida surgiu o milionário Otto Werneck (Leopoldo Pacheco), com quem ela chegou a trocar beijos e revelar à própria amiga Lygia estar pensando seriamente em dar uma chance ao empresário.

Penha parece espelhar muito a personalidade de pessoas da vida real que também dizem ter “mania de querer poupar as pessoas que amam”, mas no fundo só querem se manter no centro das atenções e no comando geral de todos à sua volta. Seu comportamento já tinha sido pouco ético na época das Empreguetes quando, após ter confidenciado a Otto que aquele mundo de shows não era o dela e que não gostava de ensaiar e achava chato gravar, jogou toda a culpa do fim do grupo em cima de Rosário. Por que? Porque a iniciativa de decretar o fim do trio tinha sido da vocalista principal, e não dela. Mentiu lá também. E não poupou aquela que tinha sido responsável por ajudá-la a atingir o estrelato.

Se as Empreguetes ainda voltarão ou não a cantar juntas no fim da novela, a decisão só cabe aos autores Izabel de Oliveira e Filipe Miguez. Mas, com certeza, Penha merece voltar a ser a “Neguinha” do Sandro, fazendo churrasco e servindo linguicinha na laje ao som de pagode. Só vai precisar fazer um intensivo se for continuar como “consultora” do escritório de Otto, para deixar de falar “pá tu”, pá mim”, “pá ela” e “pá todo mundo”.