domingo, 30 de setembro de 2012

Apenas uma pequena homenagem àquela que doou ao público brasileiro durante seis décadas sua maior riqueza: a alegria de viver e o exemplo do seu "jeito Hebe de ser"


Não vou repetir o que todos já sabem, ou deveriam saber, sobre a trajetória de Hebe Camargo, uma mulher que viu a televisão brasileira nascer e fez parte de toda trajetória desse veículo fantástico. Em mais de 60 anos de profissão, ela fez história como cantora, atriz, dubladora, apresentadora e tudo mais que se apresentasse como desafio à sua frente.

Existe uma linha tênue que separa o ídolo do seu admirador.  Fiquei pensando sobre isso quando fui surpreendida pela notícia da morte de Hebe Camargo nesse sábado (29). Eu tinha acabado de acordar quando li na internet. Confesso que demorei um tempo para assimilar a informação. É normal esse tipo de sentimento quando se perde um ente querido. E Hebe parece ser exatamente isso, a mãe, a tia, a avó que todo mundo gostaria de ter e adotou através das imagens da televisão.

Hoje, o que não faltam são aprendizes de Hebe. Mas é claro que ainda não surgiu e dificilmente surgirá uma substituta. Primeiro que como Hebe não haverá outra, com coragem de dizer o que pensa, de enfrentar, encarar, não se subjugar ao caminho mais fácil para ter sucesso nem fazer caramuru ao dono da empresa. E segundo que essas novas apresentadoras forçam uma barra, investem numa função sem talento nato para tal. Qualquer uma agora acha que pode ser apresentadora, querendo, no fundo, realizar o desejo oculto de ser celebridade. Mas nenhuma conseguirá nunca imitar o "jeito Hebe de ser".

Unanimidade? Não. Hebe não era. Encontrei no elevador do meu prédio um vizinho questionando: “Cada um faz o que quiser com o próprio dinheiro. Mas uma mulher que ganhava até pouco tempo quase três milhões de reais por mês, o que ela fez de caridade?”. Os amigos mais próximos da apresentadora talvez saibam responder. E a resposta veio de sua grande amiga Lolita Rodrigues durante o "Programa da Tarde", da Record, nessa segunda-feira (1), ao contar que Hebe sempre fez muita caridade, mas não contava, nem gostava que falassem.

E para o grande público de Hebe o que importa mesmo é que ela doou aos telespectadores durante mais de seis décadas sua maior riqueza: a alegria de viver. Afinal, "o bem e o mal existem dentro de cada um".


“Miss Brasil 2012”: Concurso moderniza o formato, agiliza a atuação das candidatas através de uma coreografia bem realizada, mas perde o glamour e a emoção que sempre marcaram a eleição de uma miss


Para quem pegou a rebarba dos anos dourados dos concursos de misses ainda deve sentir uma ponta de nostalgia ao assistir aos atuais, como o “Miss Brasil 2012”, transmitido diretamente de Fortaleza, no Ceará, pela Band, nesse sábado (29).  Não vemos mais o desfile das candidatas com os famosos maiôs Catalina, nem ouvimos mais a “Canção da Misses”, cantada por Ellen de Lima e cuja letra iniciava com os versos “Os Estados, brasileiros, se apresentam/ Nesta festa, de alegria e esplendor”. Ninguém mais perde também por uma polegada nem pelos mililitros adicionais de silicone. São conceitos que não servem mais para o século XXI, mas que eram bem mais divertidos antigamente, ah, isso eram. Pelo menos para quem prefere optar por se divertir a levar a vida tão a sério.

Os tempos são outros e os concursos ganharam um tratamento mais moderno que por um lado valorizou o produto, mas por outro precisa de ajustes para não perder totalmente o glamour que, não adianta, é necessário nesse tipo de competição. O trabalho de coreografia feito com as candidatas de 27 estados, o balé masculino que as acompanhou e a trilha sonora com sucessos antigos com tratamento eletrônico trouxeram a disputa para os tempos atuais. Mas eles pecaram feio, no final, quando foi anunciada a vencedora da noite, a miss Rio Grande do Sul Gabriela Markus. Adriane Galisteu, que apresentou o programa ao lado do ator Sérgio Marone, não só errou o sobrenome da eleita, chamando-a de Gabriela "Marques", como não teve a delicadeza de ir até o palco ao menos cumprimentá-la pela vitória. Gabriela ficou sozinha enquanto o programa estava ao vivo. Faltou o final apoteótico que sempre marcou a coroação da Miss Brasil vitoriosa.

Na abertura, Adriane Galisteu até tentou emocionar o público dedicando a edição a Hebe Camargo e pedindo ao público um minuto de aplausos à apresentadora falecida nesse dia. Derramou uma ou duas lágrimas e logo em seguida estampou um sorriso no rosto. Afinal, o show não pode parar.

Sérgio Marone começou mal ao anunciar: “Chegou a hora de saber quem é o melhor vencedor dos trajes típicos”, logo após o primeiro desfile. Como assim, “melhor vencedor”? Existe um “pior vencedor”? Adriane também foi deselegante ao dizer que a representante do Amazonas teve a “sorte” ao ser selecionada entre as dez finalistas, após ter vencido a prova de trajes típicos. Se o concurso é de beleza, o quesito sorte pode até pesar, mas não era o caso, certo? Não foi sorte nem a candidata de São Paulo ocupar a décima vaga de finalista destinada à escolhida pelo voto popular. No caso dela, foi campanha feita pela internet.

Já os trajes de gala tinham todos o mesmo estilo à la Angelina Jolie, com a famosa fenda lateral deixando a perna direita à mostra. A única que teve um vestido com uma transparência revelando, mas cobrindo discretamente a perna, foi a candidata paulista. A mesma que chegou à final graças à votação via internet e por celular. O tal estilista, tão divulgado e paparicado por Adriane, não mostrou nada de novo.

Mas completamente dispensável mesmo foi a aparição do governador do Ceará em um vídeo gravado durante um almoço oferecido por ele às candidatas. Em ano eleitoral, esse tipo de participação é, no mínimo, comprometedor para a emissora.

Também parece ter acontecido um ruído na comunicação da direção do programa quando Adriane anunciou que a Miss Brasil 2011 faria seu “último desfile com a coroa”. Priscila Machado, eleita no ano passado, não só apareceu sem coroa como precisou de uma “cola”, lendo num papelzinho uma mensagem de apenas três frases.

Já o momento “perguntas às misses”, revelou que ainda há muitas candidatas desconectadas com a realidade. A candidata de Minas Gerais foi a que mais pisou na bola. Perguntada como agiria se fotos comprometedoras suas fossem parar na internet, ao invés de dizer que jamais se exporia a tal situação, ela disse que se isso acontecesse teria que responder por um ato seu e tomaria as medidas legais para tirar tais fotos do ar. Como assim? Momento celebridade? As que melhor se saíram nas respostas, e respondendo às perguntas mais difíceis, foram a gaúcha e a paulista. E foi das duas que saiu a vencedora. 

Enfim, a Band tenta modernizar o formato do “Miss Brasil”, mas está se esquecendo de que esse tipo de concurso é alimentado pelo glamour de outras épocas. É preciso modernizar também o processo de seleção das candidatas. Algumas mostradas nessa edição ainda não estão preparadas para uma nova era de misses. Precisam se preocupar menos em colocar silicone e mais em estudar e acumular cultura. O público de concurso de Miss não é o mesmo de concursos de popozudas. 




sábado, 29 de setembro de 2012

“Viva o Sucesso”: Regina Duarte vem dar um toque de classe e profissionalismo a programa que se propõe a contar histórias de artistas bem-sucedidos e de sucesso



Regina Duarte jamais abriu mão de ser chamada de Namoradinha do Brasil, alcunha conquistada quando fez “Minha Doce Namorada”, novela exibida em 1971. E nesses 50 anos de carreira só fez provar que o título lhe pertence. Muito embora ela já tenha dado mostras de que não é apenas a namoradinha, ela também é a mulher, a amante, a amiga de todas as horas. Foi o que mostrou o “Viva o Sucesso”, único programa inédito do canal Viva, que foi ao ar nessa sexta-feira (28).

Regina emocionou ao falar das dificuldades que enfrentou no início da carreira. “Quando comecei a trabalhar minha família passava por dificuldades. Carne, era uma vez por semana. Se queria comprar um livro ou um sapato novo, tinha que esperar. Éramos cinco irmãos”, contou a atriz, filha de um pai militar que veio do Ceará de pau-de-arara para servir ao exército no Rio Grande do Sul na época de Getúlio Vargas, e lá conheceu sua mãe, uma professora de piano.

Regina também relembrou ter sido descoberta através de um comercial pelo diretor Walter Avancini e lançada na novela “A Deusa Vencida”, em 1964. O programa fez ainda uma retrospectiva com suas personagens inesquecíveis, como a viúva Porcina, de “Roque Santeiro” (1985), as Helenas de “História de Amor” (1995), “Por Amor” (1997) e “Páginas da Vida” (2006), e seu trabalho mais recente como Clô, no remake de “O Astro” (2011).

Com aquele sorriso rasgado que é sua marca registrada, a intérprete de mulheres que entraram para a história da televisão brasileira afirmou sempre ter cultivado uma relação de carinho com os fãs. E mostrou que não parou no tempo em que os admiradores só se relacionavam com seus ídolos através de cartinhas. “No ‘Astro’, eu senti o retorno das pessoas na internet. O país inteiro comentando. Como se eu estivesse em um palco e a plateia virtual dissesse: ‘uau!’”, contou Regina, a namoradinha antenada na Era Digital.

Dirigido por Pablo Uranga, o programa feito pela produtora independente Los Feliz estreou em 31 de agosto tendo Sandy como convidada. Agradou ao fã clube da cantora, mas se mostrou amador, buscando o caminho mais fácil. Depois vieram a escritora Thalita Rebouças, uma escolha pouco feliz para um programa estreante, já que se trata de uma convidada pouco conhecida do público em rede nacional; a apresentadora Ana Maria Braga, que deixou de contar muitas histórias que poderiam ter sido mais enriquecedoras, mas que fazem parte de sua longa passagem pela Record; o cantor Latino, que está longe de ser um representante sério de uma história de sucesso; e agora, finalmente, uma convidada que faz jus ao nome da atração.

Resta esperar que os próximos convidados mantenham o mesmo nível dessa quinta edição. Para quem perder nas noites de sextas-feiras, tem reprise em horários alternativos no fim de semana.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

“Cheias de Charme”: Novela termina em clima de festa, com elenco comemorando a liberdade de ousar nas interpretações graças ao texto de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, apostas da nova safra de autores


Cláudia Abreu resumiu muito bem em uma frase o que foi a novela “Cheias de Charme”, que teve seu último capítulo exibido nessa sexta-feira (28), na Globo: “Foi uma alegria do início ao fim”, afirmou a intérprete da Brabuleta Chayenne durante entrevista no início da tarde para o “Vídeo Show”. Filipe Miguez e Izabel de Oliveira fizeram uma estreia surpreendente como autores principais de uma novela, com um texto primoroso, recheado de novas expressões, situações inusitadas e personagens com inúmeras possibilidades de seus intérpretes alçarem voos mais altos. Sem falar na direção sensível de Denise Saraceni.

Coragem de ousar e correr risco não faltou a Cláudia, que chegou até a virar mulher gorila e cantar com voz de pato após tomar o famigerado chá de ferragoela. Ricardo Tozzi se superou ao flutuar entre o tímido e traumatizado Inácio e o cabotino Fabian, um cantor egocêntrico, mimado e sem noção. E as Marias vividas por Leandra Leal, Taís Araújo e Isabelle conseguiram juntas fazer das Empreguetes uma espécie de Frenéticas dos novos tempos. Individualmente, Penha e Rosário se destacaram bem mais do que Cida. Os demais personagens também tiveram seus momentos de destaque. Nenhum deles ficou na sombra do outro.

Mas o ponto alto do último capítulo foi mesmo o encerramento no qual apareceram todos os envolvidos nesse trabalho, desde cinegrafistas, produtores, figurinistas, maquiadores, camareiras, diretores, autores e demais integrantes da equipe técnica. É verdade que outras novelas já mostraram os profissionais que ficam por trás das câmeras reunidos em uma grande festa ou em uma única cena, tipo posando para uma foto coletiva na qual não se podia distinguir direito o rosto de cada um. Nem havia tempo para isso. Nessa, eles foram valorizados e ganharam mais tempo e destaque na tela.

Em termos de desfecho, o penúltimo capítulo, exibido nessa quinta-feira (27), foi bem mais impactante, com a revelação do segredo de Inácio, a humilhação de Sarmento (Tato Gabus Mendes) na cadeia diante de Cida e da mulher, Sônia (Alexandra Richter), a volta das Empreguetes aos palcos e até o romântico pedido de casamento que Rodinei (Jayme Matarazzo) fez a Liara (Tainá Muller) usando sua arte do grafite.

Para o final mesmo, ficou o clima de festa. Mas, sem dúvida, Filipe e Izabel apenas vêm reafirmar que uma nova geração de autores está tendo sua chance de dar uma arejada, mesmo não abrindo mão de conceitos e fórmulas essenciais na construção de um folhetim. É o que se vê também em “Lado a Lado”, novela de época das seis que ganhou uma roupagem totalmente atualizada no texto dos também estreantes Claudia Lage e João Ximenes Braga.

Sem esquecer que João Emanuel Carneiro, que hoje colhe os louros com o sucesso de “Avenida Brasil” também fez sucesso quando estreou como autor absoluto em “Da Cor do Pecado”, atualmente sendo reprisada no “Vale a Pena Ver de Novo”. Que outros novos autores também tenham sua chance de inovar e renovar com qualidade a nossa teledramaturgia.

“Lado a Lado”: Maria Eduarda se reafirma como atriz de personalidade marcante e forte que se sobressai sem medo de contracenar com talentos veteranos


Maria Eduarda faz parte de um time de atores que não se importam se foram escalados para ficarem no banco de reserva. Ela está no jogo para ganhar. E mesmo sabendo que foi chamada para fazer apenas uma curta participação em “Lado a Lado”, tem marcado seu território na novela das seis da Rede Globo como Eliete, atriz em busca de uma oportunidade de ascender na profissão.

Sem dúvida é uma atriz de presença forte no vídeo e que não deixaria nenhum tipo passar em branco em suas mãos. Nas cenas em que já apareceu contracenando com Maria Padilha, Paulo Betty e Maria Clara Gueiros, Maria Eduarda mostrou que em poucos anos de carreira já tem cacife para encarar muitos veteranos pela frente.

E ela não é de fazer um tipo só. O primeiro trabalho foi como a secretária cômica Odete de “Paraíso Tropical” (2007). O segundo foi a doce Carminha de “Três Irmãs” (2008) e o mais recente, a rebelde Nanda de “A Vida da Gente” (2011), também no horário das 18h. E agora em "Lado a Lado" ela volta a mostrar que fica à vontade fazendo cenas com um toque de humor, mesmo sendo um trabalho de época. Exatamente como já havia revelado em sua estreia como Odete. “Ao longo da novela o papel cresceu, porque ela é boa atriz, com ótimo timing de comédia. Uma grata revelação”, afirmou na época Ricardo Linhares, que dividia a autoria de "Paraíso Tropical" com Gilberto Braga.

Se os autores da atual novela das seis, João Ximenes Braga e Claudia Lage, mantiverem a decisão de interromper a trajetória de Eliete, com certeza Maria Eduarda fará falta em cena.

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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

“Cheias de Charme”: Isabelle Drummond perde chance de ousar, se acomoda no papel de Gata Borralheira e faz de Cida a Empreguete mais sem graça do grupo





Isabelle Drummond poderia ter virado o jogo e transformado a Cida de “Cheias de Charme”, novela das sete da Rede Globo, em uma Gata Borralheira moderna, com mais garra, determinação e altivez. Diferentemente de Taís Araújo, que se impôs em cena e fez de Penha a Maria mais forte das Empreguetes, destacando-se até mais que Rosário, a vocalista do trio vivida por Leandra Leal, Isabelle parece ter se acomodado na interpretação da menina delicada, boazinha e até mimada, que tem marcado suas personagens em novelas.

Mesmo o perfil da personagem descrito pelos autores Filipe Miguez e Izabel de Oliveira ter indicado inicialmente que ela seria uma jovem sonhadora, a atriz poderia ter imprimido em Cida algum tipo de diferencial que a tornasse mais marcante. O que não faltam são exemplos de atores que mudaram o rumo de seus personagens, muitas vezes até simples coadjuvantes. Um caso é a dupla Zezé e Janaína, interpretadas respectivamente por Cacau Protásio e Cláudia Missura em “Avenida Brasil”. Graças às suas interpretações diferenciadas, elas levaram suas personagens da cozinha para a sala.

Mesmo em “Cheias de Charme”, vimos Rodinei, personagem de Jayme Matarazzo, cujo perfil se resumia a ser apenas um “grafiteiro que adora a cultura hip-hop, tem um discurso antiburguês, ama Cida, mas não hesita em pular a cerca ao primeiro desapontamento com a gata”, mudar seu rumo e se tornar um artista famoso internacionalmente. Ou seja, o coadjuvante chega à reta final da história com uma trajetória bem mais impactante do que a daquela que é uma das protagonistas.
Em entrevistas, despida de qualquer personagem, Isabelle já deu mostras de ter uma personalidade forte e muita vivência. Mas as cenas de Cida deixaram muito a desejar.

Eram sempre com a mesma expressão chorosa, com uma lágrima grossa caindo do olho. Foi assim quando, nos primeiros capítulos, flagrou seu então namorado Rodinei beijando Brunessa (Chandelly Braz), foi assim quando Conrado (Jonatas Faro) a trocou por Isadora (Giselle Batista), foi assim quando desistiu de Elano (Humberto Carrão) para voltar com Conrado, foi assim quando achou ser filha de Sarmento (Tatu Gabus), foi assim quando descobriu não ser filha do mesmo, e foi assim quando resolveu assumir seu amor por Elano. Ou seja, a expressão foi sempre a mesma. 

Talento, disciplina e garra Isabelle tem. Está faltando mais coragem em se impor como atriz e ser mais audaciosa ao doar a suas personagens um pouco mais da sua própria vivência e criatividade. Com certeza ela estará contribuindo não apenas para seu crescimento na profissão como também para a evolução da história contada pelos autores da vez. Afinal, o que seria do Nilo de “Avenida Brasil” se o ator José de Abreu não tivesse criado a famosa risadinha para mostrar os dentes amarelos e podres do personagem que vive no lixão? 

E o que seria de Socorro se Titina Medeiros não tivesse se despido do medo do ridículo e pesado a mão nas cenas mais bizarras da “personal curica” ao lado de uma atriz como Cláudia Abreu na mesma “Cheias de Charme”? Está na hora de Isabelle perceber que agora ela não vive mais por trás da caracterização da boneca Emília do “Sítio do Picapau Amarelo”. Agora é sua própria cara em cena. E, para não ser sempre igual, precisa imprimir a sua marca.

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“Avenida Brasil”: Tufão, o marido traído, mostra que amor incondicional ultrapassa barreiras da paternidade biológica e faz parte da realidade de pais adotivos



Tufão viveu um momento não só aguardado pelo público de “Avenida Brasil” na cena que encerrou o capítulo dessa terça-feira (25), como mais uma vez mostrou que não é apenas, em linguagem popular, o “corno manso” da vez. O ex-jogador vivido por Murilo Benício, alvo de chacotas desde a estreia da novela das nove da Rede Globo, há seis meses, viveu um momento crucial ao mostrar que, muito mais que o noivado com Monalisa (Heloisa Périssé), o casamento com Carminha (Adriana Esteves) e a paixão platônica por Nina (Débora Falabela), o que sempre realmente o moveu foi o amor incondicional por Jorginho (Cauã Reymond), o filho adotado oriundo do lixão.
 
Ao visitar o filho na cadeia, após mais uma armação de Carminha para prejudicar não apenas Nina como o próprio filho biológico da megera, Tufão recebe de um só golpe revelações das quais Jorginho vinha tentando lhe poupar desde o início: a de que Carminha se autossequestrou mancomunada com o amante, Max (Marcelo Novaes), e, a pior de todas, de que ele é filho biológico dos dois trambiqueiros criminosos.

A cena foi tocante porque mostrou Tufão e Jorginho em mais uma situação no qual muitos pais e filhos adotivos talvez vão se espelhar ou se reconhecer. Não pelo contexto da sequência, criada na ficção pelo autor João Emanuel Carneiro, mas pelo amor incondicional que também acontece nos relacionamentos que unem famílias na vida real e não são resultado, necessariamente, de um laço consanguíneo. E essa trama mostra que os laços de confiança ultrapassam qualquer sinal de parentesco. O amor entre os dois ultrapassa limites que só são transponíveis por quem conhece e tem autoridade para ultrapassar o limite do outro. Tem a ver com amor, confiança, respeito.   

Tufão foi ingênuo desde o início da novela, quando, após atropelar Genésio (Tony Ramos), deduziu que a vítima, ao balbuciar o nome Carminha, estava pedindo que ele ajudasse a viúva. Podia ter desconfiado de que o moribundo estava denunciando sua algoz, independentemente de ter sido vítima de um acidente. Foi covarde quando, para se livrar de um processo policial, consciente ou inconscientemente, preferiu se deixar seduzir pela vilã, abrindo mão da noiva Monalisa.

O cúmulo da falta de esperteza de Tufão foi ter passado doze anos sendo traído sob o mesmo teto pela mulher, Carminha, e, o pior, com seu próprio cunhado, Max. Mas uma qualidade Tufão tem, e parece passar totalmente despercebida: o sentimento paternal mesmo não tendo um filho seu biológico. Ele é pura atenção com Ágata (Ana Karolina Lannes), mesmo achando que ela é filha de Carminha com Genésio, e tem por Jorginho, o garoto adotado do lixão, um amor imensurável. 

Tufão não tem filhos biológicos, mas é um exemplo como pai. Será que isso vale menos do que ser o marido com fama de corno? 


terça-feira, 25 de setembro de 2012

“Mais Você”: José de Abreu faz uma dissertação sobre corrupção ao falar de seu personagem na novela “Avenida Brasil”


José de Abreu se emocionou e também surpreendeu durante sua participação no “Mais Você” dessa terça-feira (25), na Rede Globo, ao tomar o já tradicional café da manhã com Ana Maria Braga. Quem ainda não sabia um pouco mais de sua história pode descobrir o homem cheio de histórias e com uma bagagem riquíssima de vivência tanto na arte de atuar quanto na política. Sem fazer bancar o bom moço apenas para amenizar a imagem de vilão do Nilo, seu personagem em “Avenida Brasil”, o ator revelou o máximo de sinceridade ao falar sobre a dicotomia do bem e do mal nos personagens da novela de João Emanuel Carneiro. “O ser humano é bom e mau junto. As pessoas brigam muito comigo por causa de corrupção e tal, mas vai ter corrupção enquanto houver ser humano, o ser humano é pecador. Não tem jeito. Vai ter roubo, vai ter assassinato, pedofilia, pecado. Eu já estudei quase todas as religiões e duas coisas existem em todas: o pecado só existe na sua cabeça e todo mundo tem a sua consciência interior. Todo mundo sabe o que é certo e o que é errado. Mas às vezes não sabe a atitude certa, ou a errada”, afirmou o ator, deixando a apresentadora meio desconcentrada.

Para amenizar, Zé trouxe Nilo de volta para o assunto, justificando que em algum momento na vida o personagem deve ter pirado para agir de forma tão agressiva. “Quando a vida te apresenta um problema maior do que a sua capacidade de solucioná-lo, você pode, por defesa, pirar. O bom e o mal convivem dentro da gente, e a todo momento nós temos que optar pelo bem. Mas a qualquer momento a gente pode optar errado, por falta de informação, por falta de inteligência ou esperteza na vida. É louco isso”, filosofou o ator.

E quando começou a falar da época que foi seminarista, misturando religião com política, Ana Maria viu que o papo iria longe e acabou interrompendo o ator para convidá-lo a voltar ao programa após terminar a novela e o fim do Mensalão, para ele falar mais sobre corrupção na política. Com certeza, apenas um café da manhã é pouco para José de Abreu, 68 anos de idade, falar sobre seus 45 de carreira, sua militância política nos tempos da ditadura, o exílio na Europa, as viagens alucinantes que fez para Grécia, Índia, Turquia, e ainda sobre a vida amorosa agitada que lhe renderam quatro casamentos, cinco filhos e quatro netos.

Mas, voltando às amenidades, ele contou que criou a famosa risadinha de Nilo para mostrar os dentes podres e amarelos do morador do lixão, que ficavam escondidos pelos volumosos bigode e barba. E também analisou bem o fato de a trama envolvendo Carminha (Adriana Esteves) e Nina (Débora Falabela) ter passado por um período de marasmo: “As pessoas esquecem que a novela tem um tempo diferente do da gente na vida real. O público quer que o núcleo da Nina se desenvolva mais rápido, mas a velocidade cênica é diferente, ele (o autor) não pode deixar o lixão, o Cadinho (Alexandre Borges), a Suelen (Isis Valverde)... Tem que segurar um pouco um núcleo para os outros se desenrolarem junto e se encontrarem no fim”, explicou o ator.

Divertido e o tempo todo com seu iPad conferindo os comentários de seus seguidores no Twitter sobre a entrevista que estava dando ao vivo, Zé contou que acompanha a novela sempre conectado às redes sociais e que curte essa troca imediata com os telespectadores. Admitiu, porém, que nem só de elogios é feita a relação com os internautas e que é preciso estar receptivo também para as pedradas.  “O Chico Buarque tem uma piada que ele fala que entrou no Twitter e ficou um dia só, porque achava que era uma unanimidade. É preciso estar preparado, eu mesmo recebo críticas tanto para o Nilo quanto para mim, Zé de Abreu”, brincou o ator.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

“Programa da Tarde”: Record faz mistureba com ingredientes da concorrência, pegando carona em assuntos policiais da Rede TV! e futilidades do programa das tardes da Band




Ana Hickmann visita a casa de praia de Gugu Liberato no Guarujá, litoral de São Paulo, para o “Programa da Tarde”, na tarde dessa segunda-feira (24), na Record, e num momento de extrema intimidade ela pergunta: “Você troca a cueca após tomar banho?”. Bom, esse nem foi o momento mais bizarro da descontraidamente estranha entrevista. Após verificar que no closet do apresentador só havia um par de tênis velhos, ela pergunta se Gugu alguma vez curtiu o visual da praia da varanda de sua suíte pelado. Ensaiando uma falsa timidez, o apresentador confessa que sim, já ficou nu diante daquela bela visão marítima.

A Record comemora o fato de Gugu ter garantido à atração seus maiores picos de audiência desde a estreia, há 14 dias, encostando até na novela “Malhação”, da Globo. Mas em termos de qualidade, está longe de ter uma identidade própria. O programa apresentado por Brito Júnior e Ana Hickmann é uma espécie de mix do “Muito +”, da Band, levado por uma trupe que parece disputar a tapas o posto de apresentador, e o “A Tarde É Sua”, que Sônia Abrão conduz com o respaldo de profissionais como o psicólogo Haroldo Lopes e o especialista em segurança Jorge Lordello, na Rede TV!.

Na sexta-feira (21), foi até constrangedor ver Brito Júnior e Ticiane Pinheiro entrevistando a mãe de Lore, a estudante universitária assassinada por criminosos encomendados pelo ex-marido dela, no interior de São Paulo. Sem o menor preparo para esse tipo de matéria policial, os dois repetiram várias vezes a mesma pergunta: “Por que a senhora acha que ele fez isso?”. E a mãe da vítima repetia: “Eu já disse que também gostaria de saber”. Enquanto isso, no mesmo horário, o pai de Lore estava no “A Tarde é Sua”, respondendo a perguntas mais consistentes e análises feitas com mais conteúdo sobre o caso.

Já nessa segunda-feira, antes de mostrar a matéria reveladora do “quarto do Gugu”, foi exibido um quadro no qual Gustavo Sarti e Matheus Mazzafera analisaram o look de famosas, exatamente o mesmo que estava sendo feito na mesma hora no “Muito +”, por Raphael Mendonça. Engraçado é que esse quadro do programa da Band era cativo das quintas-feiras. De repente, mudou de dia.

Sem entrar na questão do que surgiu primeiro, o ovo ou a galinha, esse programa da Record está parecendo uma omelete de frango, pegando carona nos ovos de uns e na galinha de outros. Resta saber qual desses pratos é o menos indigesto.