sábado, 5 de novembro de 2011

“Macho Man”: Ingrid Guimarães dá um novo fôlego ao besteirol das noites de sexta-feira


Não, “Macho Man” não é o que há de melhor das séries que ganharam mais uma temporada e voltaram ao ar essa semana na Globo. Sem pestanejar, o posto é de “Força Tarefa”. Mas o roteiro da comédia de Fernanda Young e Alexandre Machado, como sempre, tem sua qualidade realçada pela direção de José Alvarenga Jr.. O trio já assinou sucessos como a série “Os Normais”. Mesmo assim, “Macho Man” é apenas mais um besteirol para distrair quem fica em casa diante da televisão nas noites de sexta-feira.

O primeiro episódio mostrou Valéria (Marisa Orth) chegando de férias em um lugar paradisíaco “morrendo de saudade de congestionamento”. Ao voltar ao trabalho no Fréderic's, descobre que Zuzú (Jorge Fernando) se casou e sua mulher é a nova dona do salão. O destaque da estreia ficou por conta de Ingrid Guimarães, fazendo o papel da tal endinheirada esposa do ex-gay, uma “patrileia” (patricinha velha como diz Valéria). A atriz tem um tempo de comédia que combina bem com o de Jorge Fernando.

É bem verdade que Helô lembra muito a top model Leandra Borges vivida por Ingrid em um quadro do “Fantástico”, que também queria ter os cabelos de Gisele Bündchen. Em "Macho Man", ela ainda viveu seu momento Meg Ryan no filme “Harry e Sally”, no qual a atriz americana simulou um orgasmo diante de Billy Crystal em um restaurante lotado. Helô fez a mesma simulação enquanto Zuzú fazia uma escova em seus cabelos, prometendo dar “o maior volume” que ela já tinha visto. Da mesma cena do filme vem a inspiração quando Helô diz: “Descobre o que é e compra pra mim”, querendo saber o que anda tomando Venetta, a funcionária do salão alcoólatra e tresloucada que fala absurdos, muito bem representada por Rita Elmor.

Em alguns momentos, o humor caricato toma tons de preconceito às avessas, como quando Zuzú afirma com ar de sarcasmo: “O bom de ser hetero é que a gente pode ser canalha”. Como se não houvesse canalhas entre os homossexuais. Caráter nada tem a ver com condição sexual.

Mas os autores não deixaram de fazer uma crítica inteligente quando Helô leva Zuzú a um jantar beneficente no qual dividem a mesa com pessoas da alta sociedade. “Depois do jantar contra a subnutrição vem o quê? Tiro ao alvo contra a violência? Bacanal contra o assédio sexual?”, pergunta em tom irônico o cabeleireiro aos outros convidados, que se levantam e vão embora. 

Seria bom que mais verdades fossem ditas, mesmo que em tom de comédia na ficção, mas que ganhassem força e que deixassem de servir apenas como motivo de piada na vida real. 


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