Não, “Macho Man” não
é o que há de melhor das séries que ganharam mais uma temporada e voltaram
ao ar essa semana na Globo. Sem pestanejar, o posto é de “Força Tarefa”. Mas o
roteiro da comédia de Fernanda Young e Alexandre Machado, como sempre, tem sua
qualidade realçada pela direção de José Alvarenga Jr.. O trio já assinou
sucessos como a série “Os Normais”. Mesmo assim, “Macho Man” é apenas mais um
besteirol para distrair quem fica em casa diante da televisão nas noites de
sexta-feira.
O primeiro episódio
mostrou Valéria (Marisa Orth) chegando de férias em um lugar paradisíaco
“morrendo de saudade de congestionamento”. Ao voltar ao trabalho no Fréderic's,
descobre que Zuzú (Jorge Fernando) se casou e sua mulher é a nova dona do
salão. O destaque da estreia ficou por conta de Ingrid Guimarães, fazendo o
papel da tal endinheirada esposa do ex-gay, uma “patrileia” (patricinha velha
como diz Valéria). A atriz tem um tempo de comédia que combina bem com o de
Jorge Fernando.
É bem verdade que Helô
lembra muito a top model Leandra Borges vivida por Ingrid em um quadro do
“Fantástico”, que também queria ter os cabelos de Gisele Bündchen. Em
"Macho Man", ela ainda viveu seu momento Meg Ryan no filme “Harry e
Sally”, no qual a atriz americana simulou um orgasmo diante de Billy Crystal em
um restaurante lotado. Helô fez a mesma simulação enquanto Zuzú fazia uma
escova em seus cabelos, prometendo dar “o maior volume” que ela já tinha visto.
Da mesma cena do filme vem a inspiração quando Helô diz: “Descobre o que é e
compra pra mim”, querendo saber o que anda tomando Venetta, a funcionária do
salão alcoólatra e tresloucada que fala absurdos, muito bem representada por
Rita Elmor.
Em alguns momentos, o
humor caricato toma tons de preconceito às avessas, como quando Zuzú afirma com
ar de sarcasmo: “O bom de ser hetero é que a gente pode ser canalha”. Como se
não houvesse canalhas entre os homossexuais. Caráter nada tem a ver com
condição sexual.
Mas os autores não
deixaram de fazer uma crítica inteligente quando Helô leva Zuzú a um jantar
beneficente no qual dividem a mesa com pessoas da alta sociedade. “Depois do
jantar contra a subnutrição vem o quê? Tiro ao alvo contra a violência? Bacanal
contra o assédio sexual?”, pergunta em tom irônico o cabeleireiro aos outros
convidados, que se levantam e vão embora.
Seria bom que mais
verdades fossem ditas, mesmo que em tom de comédia na ficção, mas que ganhassem
força e que deixassem de servir apenas como motivo de piada na vida real.
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