Nesse domingo (6), no “Domingão do Faustão”,
convidada para receber elogios por sua atuação como Tereza Cristina em “Fina
Estampa”, Christiane Torloni não perdeu a chance de mais uma vez fazer um
discurso contra o desmatamento da Amazônia. Alguns cobram que a atriz não
coloca o pé na lama nessa luta. A mim vale ao menos ela usar sua condição de
celebridade para ajudar uma questão séria: a sustentabilidade de uma floresta
rica não apenas em sua flora como em sua fauna. Afinal, a Amazônia não é feita
apenas de vegetação, mas de uma riqueza inigualável de diversas espécies
animais.
Logo em seguida, no começo do “Domingo Espetacular”,
na Record, vi uma emocionante reportagem tendo um bicho como personagem
principal. Era a história da cadela Meg, que ao ouvir os gritos de socorro de
sua dona quando a casa onde a família mora, em Araçatuba, São Paulo, estava sendo
assaltada, foi para o quintal sem fazer alarde e avançou na perna de um dos
bandidos. Meg, da raça Shar Pei, levou um tiro, mas sobreviveu. E os criminosos
fugiram sem levar nada. A matéria foi feita num tom real, sem apelo emocional.
Mas com certeza tocou quem gosta de animais e os respeita.
Infelizmente, momentos depois, uma reportagem no
“Fantástico” exalta como herói um peão de rodeio de Pilar do Sul, interior de
São Paulo. O “terror das arenas” venceu o campeonato mundial de montaria em
touros em Las Vegas, Estados Unidos. Ganhou o título e US$ 1 milhão após
participar de 30 rodeiros e montar 110 touros gigantes. Não bastasse esse
incentivo à ganância dos adultos ainda há o péssimo exemplo às crianças de maus
tratos aos animais: o começo do tal peão foi na infância, montando nos
carneirinhos do sítio do avô. Não acredito na felicidade de alguém que se diz
ser bem sucedido às custas do sofrimento de outros seres vivos.
Já tinha escrito sobre maus tratos a animais no
artigo “Bicho não vota, mas seus donos sim” (http://tvindependentebyelenacorrea.blogspot.com/2011/10/bicho-nao-vota-mas-seus-donos-sim.html),
quando o “Superpop”, da Rede TV! entrevistou um vereador de Porto Alegre autor
de uma lei que permite o sacrifício de animais em rituais religiosos. Volto ao
assunto por considerar que as emissoras de televisão poderiam ser mais
coerentes com a linha ideológica que alardeiam seguir. Ou combatem ou
incentivam a destruição e os maus tratos. Para isso, precisam filtrar melhor as
pautas de seus programas. Afinal, a vida de um ser vivo vale mais que todo tipo
de lucro e está acima de qualquer índice de audiência...