E eis que
a revolucionária “Aline” após perturbar os conservadores da TV aberta vem agora
colocar à prova os valores dos assinantes dos canais a cabo. A série moderninha
da Globo que foi tirada do ar precocemente está de volta desde segunda-feira
(14), em reprise, no GNT. Aline é a personagem-título vivida por Maria Flor,
uma jovem à frente de seu tempo que divide apartamento com seus dois namorados:
Pedro (Pedro Neschling) e Otto (Bernardo Marinho), e só quer curtir a vida,
mesmo com alguns empecilhos.
Após ser
exibido em um especial de fim de ano em janeiro de 2009, o programa virou
série, exibida entre outubro e novembro do mesmo ano. Da segunda temporada de
oito episódios, apenas cinco foram ao ar. A desculpa para ser suspensa: baixa
audiência em alguns estados. Para quem não viu antes, a série tem uma linguagem
diferenciada e aborda assuntos já tratados em outras atrações, mas de forma
descolada, beirando o nonsense.
Uma
qualidade da série é ter locações de São Paulo em externas acontecendo
exatamente nos mesmos lugares em que os personagens dizem estar: Viaduto do
Chá, Galeria do Rock, Parque Ibirapuera, Avenida Paulista. Também não há como
não sentir a perfeita sintonia entre Maria Flor, Pedro Neschling e Otto
Bernardo Marinho nos papéis principais. Sem falar nas presenças marcantes de
Daniel Dantas e Malu Galli.
Mas houve
quem considerasse um mau exemplo uma menina com dois namorados e os pais
separados com seus respectivos namorados, como mostra a trama. Deixou-se de
lado uma preocupação com o que há de mais importante: a autenticidade ao
mostrar na ficção temas polêmicos, mas atuais da vida real. Se for comédia
besteirol, pode. Mas se for dramaturgia inteligente, bem tratada e com uma
pitada de humor, não pode? Será que o público só consegue separar ficção da
realidade e aceitar um triângulo amoroso se um dos parceiros for mostrado como
"invisível"? E, de preferência, que seja uma relação entre um homem e
duas mulheres?
Bom, só
resta torcer para que nesta reprise de "Aline" no canal GNT sejam
exibidos os últimos episódios da segunda temporada que a Globo ficou devendo na
íntegra.
