O que
leva um telespectador a se interessar pelos bastidores das cirurgias plásticas,
no qual o que mais se houve são expressões que estão longe de fazer parte do
vocabulário do nosso dia a dia, como dissecação preseptal, sutura, colocação
subperiosteal? Pois por incrível que pareça “Dr. Hollywood”, da Rede TV!, que
mostra esse universo e tem como figura principal o cirurgião plástico
brasileiro Robert Rey, é uma das melhores audiências da emissora aos domingos.
Claro que não é nada perto dos pontos daquelas que lideram no Ibope. Mas chega
inclusive a empatar com a audiência do “De Frente Com Gabi”, do SBT, no mesmo
horário.
As
operações acontecem em uma clínica de Beverly Hills e os casos mostrados são
escolhidos a dedo para que haja um quê de sensacionalismo, mas com aparência de
seleção natural. Nesse domingo (13), por exemplo, uma das pacientes era um
transexual, Taryn, que depois de operar para se tornar mulher queria colocar
uma prótese de silicone para ter seios e ficar mais feminina. O curioso é que a
seu lado, dando apoio, estava sua companheira, Jeniffer. “Somos praticamente um
casal de lésbicas”, brincou a namorada.
Rey
contou que há próteses masculinas e femininas, mas que o transexual sempre pede
a de mulher: “A cirurgia é quase a mesma, a diferença é que o homem sangra um
pouco mais por que é peludo e as artérias que irrigam os pelos provocam um
sangramento maior”. Difícil é ver os procedimentos cirúrgicos sendo
mostrados em close. Dá uma aflição ver o bisturi em ação.
Há o lado
elucidativo em que Dr. Rey explica como são feitos os procedimentos cirúrgicos.
Mas há também o lado delicado e perigoso que é o da glamorização da cirurgia
plástica puramente estética. Pode incentivar um crescimento do desfile que já
há de pessoas querendo colocar botox, fazer implantação de próteses de silicone
nos seios e bundas, fazer verdadeiras transformações em seus rostos e corpos. O
ideal seria que houvesse informações mais detalhadas sobre os contras, as
consequências e tudo que pode acarretar no futuro cada tipo de cirurgia.
Nos
Estados Unidos, o programa se chama “Dr. 90210”, e é exibido pelos canais E!
Enterteinment e People and Arts. Lá pode fazer sucesso, mas aqui chega a ser
quase cômico o jeito hollywoodiano de ser do médico musculoso que fala o tempo
todo sorrindo, mostrando uma alegria que parece também ser siliconada. É uma
caricatura brega do latino que venceu na terra das grandes celebridades do
cinema norte-americano.
Na Rede
TV!, Daniela Albuquerque faz a apresentação. O que seria totalmente dispensável.
Como apresentadora, ela não tem carisma, segurança nem simpatia. Quem sabe o
Dr. Rey não descobre uma forma de fazer uma plástica no ego da moça e tira dali
alguns quilos de presunção?