sexta-feira, 4 de novembro de 2011

“Força Tarefa”: Em sua terceira temporada, seriado explora o psicológico do herói e aperfeiçoa a linguagem de cinema na TV


Tão instigante quanto nas duas temporadas anteriores, “Força Tarefa” voltou ao ar nessa quinta-feira (3), na Globo, trazendo um elemento a mais além da ação: o aspecto emocional de seu protagonista, Wilson, agora promovido a Capitão, em uma irretocável interpretação de Murilo Benício. 

O episódio começa mostrando Wilson em uma sessão de terapia. O motivo de sua perturbação é explicado:  sente-se culpado pela morte de seus colegas de corregedoria durante uma ação na qual ele estava à frente. Para piorar, sofre dois atentados pouco antes de ser promovido a Capitão. Fugindo do estereótipo de herói perfeito, Wilson mostra sua fragilidade, bebe até cair nos bares e ainda enfrenta uma crise no seu casamento com Jaqueline (Fabíula Nascimento), com quem tem um filho, Bruno Felipe (Gabriel Palhares), de 3 anos.

Visivelmente mais calvo e com aparência de mais velho, caracterização estimulada pelo próprio ator, Murilo faz lembrar Bruce Willis em “Duro de Matar” nas cenas de ação. E tem seu momento “Sexto Sentido”, também protagonizado por Willis, quando conversa com o fantasma do ex-colega e amigo Jonas (Rogério Trindade), que aparece para relembrar a morte dos parceiros da corregedoria.

É notável a sintonia entre a direção geral de José Alvarenga Jr. e o roteiro final de Fernando Bonassi e Marçal de Aquino. Mas sem dúvida a linguagem visual é a grande responsável pela qualidade cinematográfica que o programa ganha na televisão. A luz e a fotografia reforçam a atmosfera policial investigativa e intimista. Era de se esperar, já que o responsável é o renomado diretor Lula Carvalho, que também fez a fotografia dos filmes “Tropa de Elite” 1 e 2.

Com a morte de antigos personagens, a temporada atual ganha um elenco renovado. O que foi um ponto positivo, até porque trouxe para a TV atores vindos do cinema: Eucir de Souza (tenente Demétrio), Sérgio Cavalcante (perito Léo) e Naruna Costa (sargento Lidiane). Felizmente continua em cena o talentoso Milton Gonçalves fazendo o coronel Caetano.

Ao se encerrar com um “Finaliza no próximo episódio”, ficou o jogo de palpites sobre quem planejou os atentados contra Wilson e quem mandou matar seus parceiros da corregedoria. E ainda a interrogação sobre o desaparecimento de Jaqueline. Zé Alvarenga conseguiu o que queria: provocar o lado detetive dos telespectadores.


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