Poucas
vezes vi alguém fazer Marília Gabriela empostar cada vez mais sua voz
naturalmente rouca ao perceber que não era a mais inteligente da entrevista
como fez Moacyr Franco no “De Frente Com Gabi” desse domingo (6), no SBT. Com
seu jeitão de quem diz se considerar um jeca, o comediante, cantor, ator e
apresentador literalmente engoliu a jornalista. Ganhador do prêmio de melhor
ator coadjuvante no Festival de Cinema de Paulínia por sua participação no
filme “O Palhaço”, de Selton Mello, Moacyr dominou o programa com histórias
deliciosas sobre suas experiências na vida artística, política e pessoal.
“Metido
que só”, foi o máximo que Marília conseguiu dizer para parecer à vontade e
disfarçar seu visível desconforto de estar diante de alguém com anos luz de
vivência à frente dela e que, educadamente, discorria sobre experiências
pessoais bem mais interessantes do que o tipo de respostas geralmente propostas
às perguntas triviais feitas pela apresentadora.
Ao falar
sobre sua passagem pela política, quando teve 70 mil votos para se eleger
deputado e 411 mil votos para senador, Moacyr lembrou que ganhou de Gabi o
troféu de mais ausente em Brasília, quando ela tinha programa na Band. “Eu
tinha até comprado um sítio, morava lá (em Brasília). Deve ter sido
essas coisas de produção”, ironizou ele. “Eu não me lembro disso. Eu estava
onde?”, desculpou-se ela, fugindo rapidamente para outro assunto. E logo em
seguida, ao chamar o intervalo comercial, assumiu: “Eu perdi o controle dessa
entrevista”.
Moacyr
também não perdeu a chance de comentar a experiência de Gabi como atriz:
“Lembro que quando você fez um especial de fim de ano aqui com humor se saiu
bem, achei que se daria bem, mas quando foi para a Globo botaram você no
drama...”. “Mas até me diverti com ‘Cinquentinha’”, despistou ela rapidamente.
Autor da
música “Tudo Vira Bosta”, gravada por Rita Lee e que esteve na trilha sonora da
novela “Senhora do Destino”, ele revelou o trecho de uma nova composição que
fez para a mesma roqueira: “Faça amor, mas não faça neném, faça amor, mas não
faça ninguém. Quem não nasce não sofre, quem não nasce não chora. Quem não
nasce não mata, quem não nasce não morre”.
Depois de
muitas outras frases, de efeito mas com conteúdo, Moacyr largou um: “Eu sou um
cego regando flores”, quando Gabi pediu que ele se autodefinisse. “Você
escreveu em casa essa frase”, reagiu ela, com um sorriso irônico e tentando
mais uma vez ser mais esperta. Mas a resposta dele foi imediata e, de novo,
definitiva: “Há muitos anos...”. Fecha o pano!