domingo, 23 de outubro de 2016

“Zero 1”: Programa parece brincadeira de criança na qual Tiago Leifert é o dono da bola e exige ser o centro das atenções


É até estranho comentar sobre “Zero1”, programa focado em videogames e todo tipo de informação que esteja ligado a esse universo, que estreou na madrugada desse domingo (23), logo após o “Altas Horas”. Primeiro porque a sensação que se teve não foi a de se estar assistindo a uma atração que deveria seguir os padrões de qualidade da Rede Globo, mas sim a um vídeo caseiro produzido e estrelado por Tiago Leifert. Segundo porque parece que a Vênus Platinada simplesmente perdeu a rota e não está sabendo administrar e nem sabendo controlar a vaidade da própria equipe.

O programa começou com o apresentador disputando uma partida com Wendell Lira, jogador de futebol de Goiás que após ganhar o prêmio Puskas de gol mais bonito de 2015, resolveu se aposentar, aos 27 anos, e virar youtuber. Mesmo que Wendell fosse uma figura ilustre nacionalmente conhecida, quem fica na madrugada de sábado para domingo querendo ver uma partida de videogame entre ele e Leifert?

E aí aparece Tiago comemorando sua vitória no joguinho. É tal qual aquela atitude do menino mimado que corre de forma inconveniente entre as mesas de um restaurante e quem está à volta pensa: “a culpa é dos pais que não souberam educar nem dar limites, simplesmente fizeram todas as vontades dessa criança”. Também não funcionou o quadro em que o apresentador conversa sozinho com a câmera, em um cenário totalmente poluído. Parecia um cosplay do Otávio Mesquita no “Okay Pessoal”, do SBT.

Resumindo, Tiago Leifert parece ser a personificação do estagiário que chegou ao poder. Ele se coloca tanto à frente em qualquer cena que pouco resta a avaliar sobre o programa em si. E fica claro que o projeto, de autoria do apresentador, nada mais é do que a tentativa de ganhar vitrine em um canal aberto usando uma linguagem cibernética metamorfoseada de conceitos criados pela própria televisão. Ainda pode dar certo. Mas, para isso, Tiago precisa controlar o ego, abrir mão de ser o centro das atenções, senão o nome do programa vai passar a ser “Zero à Esquerda”.

Independentemente da análise do programa realizado, curioso é que, pouco antes de sua estreia, no “Altas Horas”, Serginho Groisman levantou a questão de um menino de 13 anos que foi encontrado morto com uma corda no pescoço e em frente ao computador após participar de uma partida de videogame no começo da semana. E nenhuma mensagem ou adendo de alerta foi feito na estreia do “Zero 1”. Tempo para isso Tiago Leifert teve. Afinal, ele também é jornalista.