Foi providencial a repaginada que o “Esquenta” ganhou
na nova fase que estreou nesse domingo (16), na Rede Globo, após ter ficado
quase um ano fora do ar. A ideia de levar Regina Casé a cada semana a assistir ao
programa gravado junto a uma família de um estado diferente acabou um pouco com
aquele egocentrismo exacerbado que mantinha um foco excessivo sobre a
apresentadora e seus amigos sambistas fixos do programa. Mas ela está se repetindo
muito no estilo dos tempos em que viajava pelo país com atrações como “Brasil
Legal” e “Central da Periferia”.
A primeira família visitada no novo “Esquenta” foi a Holanda,
que mora em Fortaleza, no Ceará, e reuniu pais, filhos, netos, sobrinhos,
irmãos. A matriarca até contratou um decorador profissional para preparar o
ambiente especialmente para a ocasião. Claro que tem muito o trabalho da
produção de garimpar famílias que realmente sejam animadas e com “causos” para
contar, como foi a história de Vera Lúcia, a empregada que virou mais um membro
da família Holanda e que foi quem fez a inscrição para participarem do programa. Regina também
esteve na casa de Vera Lúcia, onde conheceu Marlene, a empregada dela que é tratada como filha.
Fica um clima de que a parte feita fora do estúdio é
ao vivo, mas na verdade trata-se de um programa gravado dentro de outra
gravação, com as imagens intercaladas pela edição. Enquanto no palco continuam as
atrações musicais e algumas histórias de anônimos na plateia, como foi o caso
de adoção de Amanda, que fez o gancho com a adoção de um menino na família de
Fortaleza.
No final, a família Holanda prestou uma homenagem a
todos os integrantes da equipe do “Esquenta”, cantando “Como é Grande o Meu Amor
Por Você”, de Roberto Carlos. A cena foi gravada com celular, já que os
cinegrafistas foram convidados a assistirem à apresentação sentados no sofá. Se
foi armado ou não, valeu a intenção.
Regina Casé, no entanto, poderia tentar amenizar um pouco no velho e batido estilo de tentar comover com seus tradicionais discursos populistas. Ficou muito estranho tentar forçar uma barra insistindo em buscar uma forma de vitimizar a empregada da família Holanda. Vera Lúcia está mil vezes melhor do que milhões de desempregados no Brasil. Até porque, a própria também é patroa de Marlene, a funcionária que cuida dos filhos dela. Então, para que aquela choradeira toda? Não adianta mexer no formato se não houver uma mudança também na abordagem do conteúdo e, principalmente, uma atualização na forma de apresentá-lo. Principalmente se tratando de um programa exibido logo no começo das tardes de domingo.
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