Que o Jornalismo vem definhando, agonizando, morrendo aos
poucos, isso não é novidade. Mas foi vergonhoso e deprimente o que o “Fantástico”
fez nesse domingo (23) na reportagem, ou melhor, pseudo reportagem sobre Gustavo,
de 13 anos, que morreu há uma semana após participar do League of Legends, um
jogo online no qual o perdedor é desafiado a fazer o Chockin Game, uma prova de
asfixia. O menino morava no litoral de São Paulo e foi encontrado com uma corda
no pescoço diante do computador ainda com vida, mas não resistiu e morreu no
hospital.
E o que o “Show da Vida” da Rede Globo fez? Simplesmente
colocou um jovem que nem repórter é com uma dessas câmaras portáteis em punho
conversando com outros adolescentes sobre cuidados com o hábito de se divertir
com videogames. Tudo de uma forma extremamente jovial, descomprometida, até
descontraída. Aí, para dar “credibilidade”, o tal rapaz-repórter, no auge da
nova tecnologia, entrevista uma psicóloga online e diz: “Parece que foi um
acidente...”. A resposta da profissional, no mesmo nível de comprometimento, pouco
acrescenta.
E a matéria que mereceu chamada no começo do programa e que atraiu um público formado não apenas por pais e filhos, figuras que poderiam se identificar com os personagens, mas também por outras pessoas sensibilizadas com a tragédia, terminou como começou: sem o devido tratamento jornalístico que merecia. Diluiu-se como se fosse apenas mais uma pauta de comportamento. Menosprezou uma vida, banalizou uma morte, privilegiou o que mesmo?