quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

“Os Fatos Espetaculares de 2012”: Band inova ao fazer retrospectiva do ano diferente, brincando com acontecimentos bizarros, mas pesa a mão nas baixarias e palavrões em atração indicada como Livre


A ideia da Band de buscar uma forma diferente de fazer a tradicional retrospectiva de fim de ano que invade quase todos os veículos de comunicação nos últimos dias de dezembro, dessa vez em formato de um game, poderia ter sido mais bem desenvolvida não fossem as “estrelas” escolhidas para o projeto. Para começar, a apresentação de “Os Fatos Espetaculares de 2012”, que foi ao ar na noite de terça-feira (18), coube a Danilo Gentili, que insiste naquele seu jeito Homer Simpson de ser, apostando que fazer humor é misturar tiradas escatológicas, mostrar um ar blasé e rir ele próprio de suas gracinhas. O humorista abriu o especial dizendo: “O que faz um jogo ser bom? A qualidade dos competidores. Por isso a nossa equipe fez contato com as celebridades mais badaladas do país para participar. Depois que todas recusaram a gente chegou a essas que estão aqui”.

Aí vem o “elenco de pesos pesados da casa”: Gominho, o blogueiro que se acha famoso, mas ninguém sabia quem era até ele aparecer no falido “Muito+” (na verdade, muita gente continua não sabendo quem ele é); Denílson, o enjoado ex-jogador do “Deu Olé” que se acha o próprio “Filho de Francisco” por ser genro de Zezé di Camargo; Roger, o vocalista do Ultraje a Rigor, grupo remanescente dos anos 80 que faz a trilha do “Agora É Tarde”, o comentarista esportivo Neto e o jornalista Ricardo Boechat, apresentador do “Jornal da Band”, que, dono de um humor inteligente, acabou parecendo um peixe fora d’água na atração.

Não bastasse esse casting, o jogo de perguntas e respostas sobre acontecimentos mais marcantes, na verdade bizarros, de 2012 contou com a presença de convidados “especiais”, como o sempre polêmico Alexandre Frota; o produtor musical Miranda, além de Marcelo Adnet e Dani Calabresa, os dois humoristas que exploram sem modéstia do merchan de “casal 20 da MTV”.

Entre os “fatos espetaculares” lembrados na disputa estavam o vexame do ator Wagner Moura encarnando Renato Russo num show, a Luiza que estava no Canadá, o leilão de virgem na webe e a falsa grávida de quadrigêmeos de Tatuapé. Danilo dava a dica e as duplas tinham que acertar a resposta para ganhar o prêmio: um carro Gurgel todo enferrujado. Marcelo Adnet e Miranda venceram as outras duas duplas formadas por Frota e Neto, e Boechat e Calabresa.

Mas o que mais rolou mesmo foram palavrões e piadas de mau gosto. Chegou ao ponto de Alexandre Frota ter “ameaçado” Gominho, que estava no papel de curinga do jogo: “Se errar eu não te como mais”, disse o ator para o blogueiro. Essa foi apenas uma entre as muitas outras baixarias do gênero ditas o tempo todo. Tudo bem que o intuito era muito mais de fazer graça do que de tocar em assuntos sérios. Não precisavam, no entanto, ter descido tanto o nível, principalmente porque a classificação indicativa do programa era Livre. Ou seja, aconselhado para telespectadores de todas as idades, inclusive crianças. Estragaram o que poderia ter sido uma ideia nova e original.