domingo, 9 de dezembro de 2012

“Esquenta”: Programa apara arestas e mostra amadurecimento ao se preocupar um pouco mais com sua função social do que com o oba-oba do “churrasco da laje”


Regina Casé voltou totalmente reciclada na nova temporada do “Esquenta”, que estreou nesse domingo (9) na Rede Globo. Repaginado, o programa ganhou maior versatilidade, com espaço para temas sérios serem tratados de forma informal e sem exagero nos momentos mais divertidos. Como foi a forma natural e descontraída como foram mostrados os portadores de deficiência, atletas paraolímpicos e de integrantes do bloco Senta Que Eu Empurro que compareceram em massa na plateia. “O interessante é que descobrimos que a maioria deles vem aqui por vontade própria, porque se sentem, bem e isso é maravilhoso”, afirmou a apresentadora.

A estreia também contou com a presença luxuosa da presidenta da República Dilma Roussef em uma entrevista gravada em Brasília na unidade da rede de hospitais Sarah Kubitschek, centro de reabilitação. A conversa girou em torno de vários assuntos, mas principalmente focou na necessidade da inclusão social de portadores de deficiência. Funcionou bem a ideia de intercalar a entrevista costurando vários momentos de outras atrações, e não apresentá-la em um único bloco, pois não prejudicou a dinâmica do programa. E a informalidade de Dilma, no clima do “Esquenta”, contribuiu para o bom resultado. Ela soltou até um "ajunta", em homenagem aos seus conterrâneos mineiros.

Arlindo Cruz e Leandro Sapucahy, participantes fixos desde a primeira temporada, agora ganharam o reforço de Péricles, ex vocalista do Exaltasamba, e Xande de Pilares, vocalista do grupo Revelação. Também teve a presença de Herbert Vianna, cantando e contando um pouco de sua condição de cadeirante. Já a presença de estudantes de Medicina da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que foram comemorar sua formatura no programa, ficou meio desnecessária, ou não funcionou como deveria.

Deu para perceber que várias arestas foram aparadas em relação às temporadas anteriores: a música “Esquenta (Tema de Regina)” já não é mais tocada à exaustão numa verdadeira lavagem cerebral de exaltação à apresentadora; Regina Casé, acredite, está menos deslumbrada, deixando que os outros também apareçam e se jogando menos diante das câmeras para dominar a cena, como fazia antes; e a edição pode melhorar, mas está bem mais cuidadosa, sem aqueles cortes abruptos que eram feitos. 

A declaração de amor de Estevão Ciavatta, um dos diretores do programa e marido de Regina, que ficou temporariamente tetraplégico após um acidente de cavalo em 2008, encerrou a estreia com chave de ouro. O mais marcante, porém, foi a mensagem deixada por um atleta paraolímpico: “Para quem é guerreiro, nada é impossível”.