terça-feira, 3 de julho de 2012

Análise: Situações inverossímeis e muito desinteressantes deixam histórias de casais desinteressantes em duas tramas globais


Encontros e desencontros amorosos são usados como combustível indispensável para manter aceso o interesse do público na maioria das novelas. E haja criatividade dos autores para criarem situações que afastem e reaproximem constantemente os apaixonados até o fim da história. O problema é que quando essa expectativa se prolonga por muito tempo, a espera acaba cansando até o telespectador. É o que vem acontecendo nas novelas “Amor Eterno Amor” e “Avenida Brasil”, da Rede Globo.

Na trama das seis, “Amor Eterno Amor”, está cada vez mais inverossímil ver Rodrigo (Gabriel Braga Nunes), um caipira que teve inteligência e sagacidade para assumir a presidência de uma grande empresa, deixar-se enganar de cara pela primeira mulher que chega se apresentando como Elisa (Mayana Neiva), o seu amor de infância. É exageradamente ingênuo alguém reconhecer, com mais de 30 anos, a namoradinha que conheceu aos 9 anos. Os detalhes que ela contou sobre a história vivida por eles já era conhecida de qualquer um que leu a revista na qual a foto de Rodrigo criança foi estampada na capa. E mesmo sendo a verdadeira Elisa, ninguém investiga sobre o que ela andou fazendo esses anos todos?  Nem mesmo a tão competente jornalista Miriam (Letícia Persiles) e o repórter tão sagaz Pedro (André Gonçalves)?  

Na novela das nove, “Avenida Brasil”, o enredo Nina/Rita (Débora Falabela) e Jorginho/Batata (Cauã Reymond) já saturou a paciência de qualquer telespectador. E no vai e vem escondido dos dois, sobra sempre para a noiva ioiô Débora (Natália Dill) segurar a onda do jogador quando ele está na pior. Sem falar em todos os outros casos mal resolvidos que povoam a história. É um troca-troca tanto no universo do subúrbio quanto no da Zona Sul. 

Monalisa (Heloísa Périssé) começou noiva do Tufão (Murilo Benício), depois se casou com Silas (Ailton Graça), ensaiou uma retomada com o antigo noivo e agora está sozinha de novo, pensando em voltar para o marido, sem saber que ele já está de caso com sua melhor amiga Olenka (Fabíula Nascimento). A amiga da onça, aliás, no começo da novela ficava escondido com o filho de Monalisa, Iran (Bruno Gissoni).  Tufão, depois de largar Monalisa, casou com Carminha (Adriana Esteves) e agora está apaixonado por Nina. Carminha há 12 anos trai o marido com Max (Marcelo Novaes) debaixo do teto de toda a família e ninguém nunca desconfiou de nada. E ainda tem Cadinho (Alexandre Borges) disputado por três mulheres, Suelen (Ísis Valverde) passando o rodo em todos os homens do Divino. E por aí vai...

Resta mesmo para o público divertir-se com os encontros e desencontros de “Cheias de Charme” que, pelo menos, são bem mais divertidos. E torcer para que os autores da novela das sete não deixem que o amor de Rosário (Leandra Leal) e Inácio (Ricardo Tozzi), que vinha indo tão bem e agora  desandou, não caia na mesmice dos folhetins que deixam para o último capítulo o grande encontro dos casais. É possível, sim, criar situações mais verossímeis que não transformem a expectativa tão cansativa a ponto de se perder o interesse pelas histórias.