Juca de Oliveira e Vera Holtz protagonizaram
uma cena que, na minha visão, representa o auge do encontro perfeito entre
texto, interpretação e direção no capítulo de “Avenida Brasil” dessa
sexta-feira (20), quando Santiago e Mãe Lucinda se encontram. A cena é aquela
em que Lucinda, desesperada por Nina (Débora Falabela) ter conseguido fotos que
denunciam o adultério de Carminha (Adriana Esteves), busca ajuda do velho
amigo. São poucos minutos de puro teatro na TV, graças a um talento irretocável
de um ator que já foi o “galã número um” da televisão quando fez o
personagem-título da novela “Nino, o Italianinho”, em 1969. E construiu uma
carreira baseada puramente na arte de atuar.
“É a roda do destino. Você não pode segurar
as engrenagens. Não deixa que a tua culpa mascare a verdade”, diz Santiago,
através da fala emocionada e entregue de seu intérprete. “A Carminha nunca teve
coração, conheço tão bem aquela índole, aquela alma corrompida. Eu tenho medo
dela”, revela Santiago a uma Lucinda sempre disfarçada nos seus sentimentos.
Na linguagem popular, Juca pegou o bonde
andando. Entrou na novela de João Emanuel Carneiro, sucesso absoluto de público
e de crítica, praticamente na metade da história. E nem precisaria pedir para
sentar na janela. Já chegou mostrando que comanda o rumo da sua história e da
história dos personagens que lhe colocam nas mãos. Está em suas mãos o único
segredo ainda não revelado da novela.
Após uma carreira tão bem construída, um
grande ator não precisa de cem capítulos em uma novela, basta uma cena e o
olhar mais sensível e criterioso para ser identificado. Aos 77 anos, Juca mantém a fala suave e
cativante do galã que quer conquistar a amada: “Eu queria tanto que você não
saísse por aquela porta, que me desse uma chance. Nada mudou para mim. O que eu
senti por você, nada se apagou”, diz Santiago a Lucinda.
Grande Santiago! Grande Juca!