sábado, 21 de julho de 2012

“Avenida Brasil”: Juca de Oliveira pega carona no meio do caminho da história e praticamente assume o posto de condutor de um bonde cercado de mistérios


Juca de Oliveira e Vera Holtz protagonizaram uma cena que, na minha visão, representa o auge do encontro perfeito entre texto, interpretação e direção no capítulo de “Avenida Brasil” dessa sexta-feira (20), quando Santiago e Mãe Lucinda se encontram. A cena é aquela em que Lucinda, desesperada por Nina (Débora Falabela) ter conseguido fotos que denunciam o adultério de Carminha (Adriana Esteves), busca ajuda do velho amigo. São poucos minutos de puro teatro na TV, graças a um talento irretocável de um ator que já foi o “galã número um” da televisão quando fez o personagem-título da novela “Nino, o Italianinho”, em 1969. E construiu uma carreira baseada puramente na arte de atuar.
 
“É a roda do destino. Você não pode segurar as engrenagens. Não deixa que a tua culpa mascare a verdade”, diz Santiago, através da fala emocionada e entregue de seu intérprete. “A Carminha nunca teve coração, conheço tão bem aquela índole, aquela alma corrompida. Eu tenho medo dela”, revela Santiago a uma Lucinda sempre disfarçada nos seus sentimentos.  

Na linguagem popular, Juca pegou o bonde andando. Entrou na novela de João Emanuel Carneiro, sucesso absoluto de público e de crítica, praticamente na metade da história. E nem precisaria pedir para sentar na janela. Já chegou mostrando que comanda o rumo da sua história e da história dos personagens que lhe colocam nas mãos. Está em suas mãos o único segredo ainda não revelado da novela.

Após uma carreira tão bem construída, um grande ator não precisa de cem capítulos em uma novela, basta uma cena e o olhar mais sensível e criterioso para ser identificado.  Aos 77 anos, Juca mantém a fala suave e cativante do galã que quer conquistar a amada: “Eu queria tanto que você não saísse por aquela porta, que me desse uma chance. Nada mudou para mim. O que eu senti por você, nada se apagou”, diz Santiago a Lucinda. 

Grande Santiago! Grande Juca!