segunda-feira, 30 de julho de 2012

Gatos: Animal Planet exibe séries e documentários de qualidade voltados aos felinos, provando que eles estão cada vez mais invadindo o mercado e ganhando destaque na programação televisiva

Gatófilos de plantão ganharam três boas opções de programas voltados exclusivamente aos bichanos e que começaram a serem exibidos nesse mês de julho no Animal Planet. Merecem especial atenção o inédito “Meu Gato Endiabrado” e “ABC Felino” e “Amor de Gato”, que já tiveram temporadas exibidas ano passado. São três formatos diferentes entre si, mas todos contendo muitas informações básicas para quem quer entrar no mundo dos felinos e com outras tantas curiosas e nem tão conhecidas até para quem se considera expert no assunto. São todas produções internacionais. Mas gato é gato e, como todo bicho, fala a mesma língua em qualquer parte do mundo. 

A novidade, “Meu Gato Endiabrado”, é uma espécie de “Dr. Pet”, só que voltado somente para gatos. E, diferentemente do visualmente certinho adestrador Alexandre Rossi, é conduzido por Jackson Galaxy, uma figura que mais parece fazer parte do “Miami Ink”, embora sua função se pareça muito mais com a de uma “SuperNanny” de felinos. Coberto de tatuagens nos braços, costeleta desenhada ornando com a barba-cavanhaque, dirigindo um Oldsmobile e levando seus “equipamentos” de adestramento dentro de um estojo de um violão, o músico à noite e treinador de bichanos de dia surpreende até seus clientes na chegada. Mas logo se revela um profundo entendedor da alma felina, um “encantador de gatos”, como é chamado.

No programa dessa sexta-feira (27), por exemplo, Jackson se superou ao resolver dois casos bem complexos. O primeiro envolvia uma gata da raça Sphynx, Avery. O bicho subia em tudo, destruía objetos de arte da decoração e, pior, bisbilhotava nas gaiolas onde seu dono guardava animais exóticos selvagens, como cobras e tarântulas, usados em seu trabalho de pesquisa ambiental. E ainda havia o lado emocional da questão: o dono continuava sofrendo pela perda da gata que teve antes de Avery, que era mansa, companheira, mas morreu há dois anos. Quem já sofreu uma perda sabe o quanto é difícil a adaptação a um novo bicho. Mas os que ainda estão aqui precisam de nós, e nós deles.

Jackson ainda teve que lidar com Fifi, uma gata rebelde que atacava, arranhava e mordia os donos, um casal de namorados junto há nove meses. A nova dona, alérgica, ameaçava fazer o parceiro ter que escolher entre ela ou a gata. E olha que a moça, tão estressada e retroativa ao bicho, era professora de yoga. O que ela ensinava para os outros não era usado por ela própria na prática. São situações como essa que fazem Jackson se certificar cada vez mais de que seu trabalho não é apenas de coordenar o comportamento do animal, mas também mostrar aos donos que estão tendo uma ação que está gerando uma reação.

Já o “ABC Felino” trata a cada episódio de diferentes raças. O primeiro foi sobre gatos domésticos de pelo curto, considerado o mais popular do mundo. Como o formato é de documentário, há informações do tipo: nos Estados Unidos há hoje 80 milhões de gatos domésticos e no mundo mais de 600 milhões. “Dois gatos que cruzam durante dez anos podem produzir 80 milhões de gatos. Por isso devem ser castrados”, explica uma veterinária.

A cada bloco o programa traça um perfil completo de cada espécie, com recomendações de cuidados no trato com cada uma delas, seus comportamentos individuais e necessidades específicas. Começou pelos gatos britânicos de pelo curto, iguais ao da animação "Alice no País das Maravilhas". Depois vieram os gatos da raça Munchkin, como o que apareceu em “O Mágico de Oz”, de patas curtas, tipo cachorro “salsicha”; os gatos Devon Rex, por serem brincalhões são conhecidos como “gato disfarçado de macaco”, o La Perm, uma mutação do gato doméstico com pelos cacheados e felpudos, e o American Bobtail, um bichano de rabo curtíssimo e preferido por caminhoneiros por serem ótimas companhias em viagens.

O ponto negativo nessa série ficou por conta do espaço dedicado à raça Devon Rex. Como além das informações didáticas há uma parte ilustrativa em que se mostram exemplos de donos e suas histórias com as respectivas espécies, quando foi a vez dessa raça se viu um mau exemplo. Em função do seu temperamento ágil e brincalhão, a dona usa sua criação para pintar telas de arte com as patinhas. Em nenhum momento ficou esclarecido se as tintas usadas por ela eram especiais, já que se forem tóxicas, podem afetar a saúde dos gatinhos ao serem inaladas e também absorvidas pela pele da sola das patinhas.

E para completar tem o “Amor de Gato”, que lembra esses realities shows de culinária nos quais chefs saem mundo afora em busca de novos sabores. Aqui, é John Fulton, um assumidamente louco por gatos que pega a estrada e saí América afora em busca de histórias fantásticas de gatos e donos malucos. Um dos casos mais curiosos foi de Joey, um gato selvagem que apareceu em uma emissora de televisão na cidade de Litlle Rock, no Arkansas, e foi adotado pela equipe do telejornal matinal. Ao se sentir bem tratado, Joey começou a entrar em cena nos programas, ao vivo, e se tornou o maior astro da cidade. A audiência da THV aumentou e Joey virou a maior celebridade do estado. Tem mais de 5 mil amigos no Facebook.

O episódio mostrou ainda dois engenheiros que ficaram famosos produzindo vídeos caseiros e bem divertidos com gatos para a internet. São dias de treino, horas à espera de uma cena. O legal é que esses vídeos são feitos com gatos abandonados e, com a divulgação nas redes, podem ser adotados. Outros casos mostraram um gatinho sem o pezinho de uma patinha ganhando uma prótese, um escultor de troncos de gatos em uma fazenda e uma pousada cinco estrelas para gatos no Mississipi.

É bom mais uma vez lembrar que são programas feitos principalmente para quem gosta de gatos, mas também podem ser instrutivos para quem se interessa por bichos em geral. E também esclarecer que a palavra “gatófilos” é apenas uma adaptação popular de ailurófilo, vinda do grego áilouros, que significa gato, acrescido do sufixo “filos”.