Gatófilos de plantão ganharam três boas opções de programas voltados exclusivamente aos bichanos e que começaram
a serem exibidos nesse mês de julho no Animal Planet. Merecem especial atenção o
inédito “Meu Gato Endiabrado” e “ABC Felino” e “Amor de Gato”, que já tiveram
temporadas exibidas ano passado. São três formatos diferentes entre si, mas
todos contendo muitas informações básicas para quem quer entrar no mundo dos
felinos e com outras tantas curiosas e nem tão conhecidas até para quem se
considera expert no assunto. São todas produções internacionais. Mas gato é
gato e, como todo bicho, fala a mesma língua em qualquer parte do mundo.
A novidade, “Meu Gato Endiabrado”, é uma espécie de
“Dr. Pet”, só que voltado somente para gatos. E, diferentemente
do visualmente certinho adestrador Alexandre Rossi, é conduzido por Jackson
Galaxy, uma figura que mais parece fazer parte do “Miami Ink”, embora sua
função se pareça muito mais com a de uma “SuperNanny” de felinos. Coberto de
tatuagens nos braços, costeleta desenhada ornando com a barba-cavanhaque,
dirigindo um Oldsmobile e levando seus “equipamentos” de adestramento dentro de
um estojo de um violão, o músico à noite e treinador de bichanos de dia
surpreende até seus clientes na chegada. Mas logo se revela um profundo
entendedor da alma felina, um “encantador de gatos”, como é chamado.
No programa dessa sexta-feira (27), por exemplo, Jackson
se superou ao resolver dois casos bem complexos. O primeiro envolvia uma gata
da raça Sphynx, Avery. O bicho subia em tudo, destruía objetos de arte da
decoração e, pior, bisbilhotava nas gaiolas onde seu dono guardava animais
exóticos selvagens, como cobras e tarântulas, usados em seu trabalho de
pesquisa ambiental. E ainda havia o lado emocional da questão: o dono continuava
sofrendo pela perda da gata que teve antes de Avery, que era mansa,
companheira, mas morreu há dois anos. Quem já sofreu uma perda sabe o quanto é
difícil a adaptação a um novo bicho. Mas os que ainda estão aqui precisam de
nós, e nós deles.
Jackson ainda teve que lidar com Fifi, uma gata
rebelde que atacava, arranhava e mordia os donos, um casal de namorados junto
há nove meses. A nova dona, alérgica, ameaçava fazer o parceiro ter que
escolher entre ela ou a gata. E olha que a moça, tão estressada e retroativa ao
bicho, era professora de yoga. O que ela ensinava para os outros não era usado
por ela própria na prática. São situações como essa que fazem Jackson se
certificar cada vez mais de que seu trabalho não é apenas de coordenar o
comportamento do animal, mas também mostrar aos donos que estão tendo uma ação que está gerando uma reação.
Já o “ABC Felino” trata a cada episódio de diferentes
raças. O primeiro foi sobre gatos domésticos de pelo curto, considerado o mais
popular do mundo. Como o formato é de documentário, há informações do tipo: nos
Estados Unidos há hoje 80 milhões de gatos domésticos e no mundo mais de 600
milhões. “Dois gatos que cruzam durante dez anos podem produzir 80 milhões de
gatos. Por isso devem ser castrados”, explica uma veterinária.
A cada bloco o programa traça um perfil completo de cada
espécie, com recomendações de cuidados no trato com cada uma delas, seus
comportamentos individuais e necessidades específicas. Começou pelos gatos britânicos de pelo curto, iguais ao da animação "Alice no País das Maravilhas". Depois vieram os gatos da raça
Munchkin, como o que apareceu em “O Mágico de Oz”, de patas curtas, tipo cachorro
“salsicha”; os gatos Devon Rex, por serem brincalhões são conhecidos como “gato
disfarçado de macaco”, o La Perm, uma mutação do gato doméstico com pelos
cacheados e felpudos, e o American Bobtail, um bichano de rabo curtíssimo e
preferido por caminhoneiros por serem ótimas companhias em viagens.
O ponto negativo nessa série ficou por conta do
espaço dedicado à raça Devon Rex. Como além das informações didáticas há uma
parte ilustrativa em que se mostram exemplos de donos e suas histórias com as
respectivas espécies, quando foi a vez dessa raça se viu um mau exemplo. Em função
do seu temperamento ágil e brincalhão, a dona usa sua criação
para pintar telas de arte com as patinhas. Em nenhum momento ficou esclarecido
se as tintas usadas por ela eram especiais, já que se forem tóxicas, podem
afetar a saúde dos gatinhos ao serem inaladas e também absorvidas pela pele da
sola das patinhas.
E para completar tem o “Amor de Gato”, que lembra esses
realities shows de culinária nos quais chefs saem mundo afora em busca de novos
sabores. Aqui, é John Fulton, um assumidamente louco por gatos que pega a
estrada e saí América afora em busca de histórias fantásticas de gatos e donos
malucos. Um dos casos mais curiosos foi de Joey, um gato selvagem que apareceu
em uma emissora de televisão na cidade de Litlle Rock, no Arkansas, e foi
adotado pela equipe do telejornal matinal. Ao se sentir bem tratado, Joey
começou a entrar em cena nos programas, ao vivo, e se tornou o maior astro da
cidade. A audiência da THV aumentou e Joey virou a maior celebridade do estado.
Tem mais de 5 mil amigos no Facebook.
O episódio mostrou ainda dois engenheiros que
ficaram famosos produzindo vídeos caseiros e bem divertidos com gatos para a
internet. São dias de treino, horas à espera de uma cena. O legal é que esses
vídeos são feitos com gatos abandonados e, com a divulgação nas redes, podem
ser adotados. Outros casos mostraram um gatinho sem o pezinho de uma patinha
ganhando uma prótese, um escultor de troncos de gatos em uma fazenda e uma
pousada cinco estrelas para gatos no Mississipi.
É bom mais uma vez lembrar que são programas feitos principalmente
para quem gosta de gatos, mas também podem ser instrutivos para quem se
interessa por bichos em geral. E também esclarecer que a palavra “gatófilos” é
apenas uma adaptação popular de ailurófilo, vinda do grego áilouros, que
significa gato, acrescido do sufixo “filos”.