terça-feira, 24 de julho de 2012

“Gordon´s Great Escape”: Gordon Ramsay acerta ao mesclar informações históricas e culturais com a culinária de países asiáticos


Gordon James Ramsay, o chef de cozinha escocês que ficou conhecido pela forma ríspida e exigente como já conduziu vários realities shows gastronômicos, prova mais uma vez que culinária e criatividade, quando usadas na medida certa, são garantia de sucesso. É o caso da segunda temporada de “Gordon´s Great Escape”, que estreou nessa segunda-feira (23) no Fox Life, na qual o sisudo apresentador de séries como “Hell's Kitchen”, “Kitchen Nightmares” e “Masterchef”, surpreende ao se colocar na posição de aprendiz. Mas, o que é melhor, enquanto aprende ele também dá aulas de história.
  
Dono de uma rede de restaurantes no Reino Unido e nos Estados Unidos, Gordon busca nessa série pesquisar as raízes dos pratos típicos de diferentes partes do mundo e, através dessa aventura, aprender a preparar as melhores receitas conforme seu próprio paladar. Se na primeira temporada de “Great Escape”, ano passado, ele foi para a Índia, dessa vez resolveu desbravar o universo gastronômico do sudeste asiático, começando pelo Camboja. O mais interessante é que o programa não se restringe à cozinha. Gordon mostra belas imagens enquanto conta um pouco da história do país, enquanto explica a origem da culinária local.

No programa de estreia, Gordon conta que a culinária cambojana é uma herança dos tempos difíceis em que o povo, no fim dos anos 70, sob o governo comunista de Khmer Rouge, foi obrigado a ir para o campo viver da terra. O que gerou muita fome e fez as pessoas, no pós-guerra civil, pegarem o que encontrassem pela frente nas florestas para cozinhar e comer. O fato de os cambojanos ainda comerem insetos, caracóis, lagartos, não surpreende. Faz parte de sua herança gastronômica.

Ver Gordon fazendo cara de repulsa ao experimentar ovos com feto de pato que, segundo a vendedora de comida de rua, “faz o homem mais viril”, pode até lembrar o “Anthony Bourdain: Sem Reservas”, do Travel & Living Channel. Mas é diferente. O objetivo não é chocar apenas pela busca de comidas nojentas. Gordon também participa ativamente na caça a tarântulas, consumidas fritas como aperitivo. “É estranho. É nojenta e cabeluda”, diz o chef enquanto uma das aranhas caçadas caminha sobre sua camisa. 

Ele também não se priva de entrar em um rio cheio de cobras para pegar sapos para o preparo do bicho recheado. Diverte-se com uma tribo que usa fumaça de ervas queimadas para conseguir pegar mel de uma colmeia repleta de abelhas. “É o maior baseado que eu já vi”, diz ele. E ainda mostra uma instituição que oferece curso de chef e alimentação a crianças de rua. “Pensei encontrar adolescentes, e tem crianças de 3, 4, 5 anos”, comove-se Gordon.

A aventura toda é para, no final, ele próprio preparar um jantar para a família real do Camboja oferecendo o que descobriu da culinária local. “Ele trouxe o campo para a cidade”, elogiou uma das convidadas. E, na cozinha, Gordon dividiu a responsabilidade com o jovem considerado o melhor aluno da instituição para menores moradores de rua. 
A próxima aula de história da culinária asiática será na Malásia.