Gordon James Ramsay, o chef de cozinha escocês que ficou conhecido pela forma ríspida e exigente como já conduziu vários realities shows gastronômicos, prova mais uma vez que culinária e criatividade, quando usadas na medida certa, são garantia de sucesso. É o caso da segunda temporada de “Gordon´s Great Escape”, que estreou nessa segunda-feira (23) no Fox Life, na qual o sisudo apresentador de séries como “Hell's Kitchen”, “Kitchen Nightmares” e “Masterchef”, surpreende ao se colocar na posição de aprendiz. Mas, o que é melhor, enquanto aprende ele também dá aulas de história.
Dono de
uma rede de restaurantes no Reino Unido e nos Estados Unidos, Gordon busca nessa
série pesquisar as raízes dos pratos típicos de diferentes partes do mundo e,
através dessa aventura, aprender a preparar as melhores receitas conforme seu
próprio paladar. Se na primeira temporada de “Great Escape”, ano passado, ele foi
para a Índia, dessa vez resolveu desbravar o universo gastronômico do
sudeste asiático, começando pelo Camboja. O mais interessante é que o programa
não se restringe à cozinha. Gordon mostra belas imagens enquanto conta um pouco
da história do país, enquanto explica a origem da culinária local.
No
programa de estreia, Gordon conta que a culinária cambojana é uma herança dos
tempos difíceis em que o povo, no fim dos anos 70, sob o governo comunista de
Khmer Rouge, foi obrigado a ir para o campo viver da terra. O que gerou muita
fome e fez as pessoas, no pós-guerra civil, pegarem o que
encontrassem pela frente nas florestas para cozinhar e comer. O fato de os
cambojanos ainda comerem insetos, caracóis, lagartos, não surpreende. Faz parte
de sua herança gastronômica.
Ver
Gordon fazendo cara de repulsa ao experimentar ovos com feto de pato que,
segundo a vendedora de comida de rua, “faz o homem mais viril”, pode até
lembrar o “Anthony Bourdain: Sem Reservas”, do Travel & Living Channel. Mas
é diferente. O objetivo não é chocar apenas pela busca de comidas nojentas.
Gordon também participa ativamente na caça a tarântulas, consumidas fritas como
aperitivo. “É estranho. É nojenta e cabeluda”, diz o chef enquanto uma das
aranhas caçadas caminha sobre sua camisa.
Ele também não se priva de entrar em
um rio cheio de cobras para pegar sapos para o preparo do bicho recheado. Diverte-se
com uma tribo que usa fumaça de ervas queimadas para conseguir pegar mel de uma
colmeia repleta de abelhas. “É o maior baseado que eu já vi”, diz ele. E ainda
mostra uma instituição que oferece curso de chef e alimentação a crianças de
rua. “Pensei encontrar adolescentes, e tem crianças de 3, 4, 5 anos”, comove-se
Gordon.
A
aventura toda é para, no final, ele próprio preparar um jantar para a família
real do Camboja oferecendo o que descobriu da culinária local. “Ele trouxe o
campo para a cidade”, elogiou uma das convidadas. E, na cozinha, Gordon dividiu
a responsabilidade com o jovem considerado o melhor aluno da instituição para
menores moradores de rua.
A próxima aula de história da culinária asiática será na Malásia.
A próxima aula de história da culinária asiática será na Malásia.