quinta-feira, 5 de julho de 2012

“De Frente com Gabi”: No clima intimista do programa, Luiza Possi diz que sofreu preconceito e afirma que não pensou em repetir a história de sua mãe, Zizi Possi


Zizi Possi e Luiza Possi, definitivamente, fazem parte da linha de mães e filhas que dividem a mesma profissão e mantêm uma relação que tem muito mais sentimento de amizade do que propriamente maternal.  No “De Frente Com Gabi” que foi ao ar nessa quarta-feira (4), no SBT, as duas se posicionaram de forma franca, mostrando cumplicidade, mas também respeito por suas individualidades. “Existem diferentes pontos de vista para uma mesma história, depende de quem as conta”, brincou Luiza quando a conversa girava em torno de sua infância e adolescência.

As duas falaram abertamente sobre vários momentos de suas vidas, como os seis meses em que Zizi ficou hospitalizada por uma série de problemas de saúde, deixando todos apreensivos. “Envelhecer é muito difícil”, disse ela. E como foi difícil para Luiza aceitar a separação, ainda criança, do pai, o produtor musical Líber Gadelha, a quem era muito apegada. “Eu só fui amar minha mãe aos 12 anos”, contou a jovem.
 
O assunto mais delicado, porém, foi sobre os boatos que perseguem Luiza há dois anos sobre um possível namoro entre ela e a cantora Maria Gadú. E Marília Gabriela soube fazer a pergunta com elegância e propriedade: “Quando eu soube da fofoca de um caso entre você e a Maria Gadú, pensei: ‘Acho que a Luiza vai reproduzir a mãe, que já confessou um dia que era bissexual’. Passou por aí?”, indagou a jornalista.

Em uma das muitas respostas que já deu sobre o assunto, dessa vez, diante da mãe, Luiza se aprofundou mais na explicação. Após negar que estivesse querendo reproduzir a história de Zizi, confessou ter ficado muito triste com tudo. “Minha mãe teve a história dela, lá nos anos 70, eu não era nem um espermatozoide ainda. E ela, com toda dignidade do mundo, foi construindo a carreira dela distante dessa história, que foi difícil demais. Aí, de repente o que aconteceu comigo trouxe à tona uma história que não é minha, e eu sei o quanto a machucou tudo que aconteceu com ela. Então, já estar vivendo o peso em cima de mim e ainda saber que estava trazendo à tona uma coisa de minha mãe foi muito triste”, afirmou Luiza.

Marília, é claro, não perdeu a chance de incluir Zizi no tema. Mas, para a cantora veterana, foi mais cuidadosa e perguntou se ela havia perdido muito profissionalmente “na época do seu buchicho”, sem falar abertamente do escândalo que marcou o fim do relacionamento que Zizi teve com a cantora Ângela Ro Rô nos anos 80 e que foi amplamente explorado pela imprensa na época. “Eu não sei o que a gente perde, o que a gente ganha. Na verdade, quando me senti produto principal de um jornal que você espreme e sai sangue, eu não gostei desse papel. Não é minha escolha ficar nutrindo as pessoas com bobagens e coisa que não vai levar a lugar nenhum. Se na minha vida pessoal eu fiz isso, dei pra não sei quem, comi não sei quem, é problema meu. E se deu certo ou se não deu, a história é minha”, enfatizou Zizi.

Criado em 1988, no SBT, mas com alguns hiatos de anos fora do ar, o “De Frente Com Gabi”, continua firme tanto na emissora de Silvio Santos quanto no canal GNT, onde leva o nome “Marília Gabriela Entrevista”,  justamente por quase sempre trazer entrevistas reveladoras e polêmicas. Além da experiência e competência da apresentadora, o cenário com fundo escuro contribui para que seja criada uma intimidade com o convidado, que abstrai até a presença de mais alguém no estúdio.

Nesse clima intimista, Luiza Possi se soltou para pedir um adendo e fazer mais um desabafo no fim do programa, antes do “bate-bola, jogo rápido”: “O que eu fico mais triste é que os anos passam e o preconceito não. Eu sei que não sou gay. Seria, sem o menor problema, mas depois do preconceito que eu passei fico imaginando e vendo como vivem as pessoas que realmente são gays. A gente acha que ‘Ah, (as pessoas) são ultramodernas, estão em 2012’. Vírgula, ponto, parágrafo. Ainda existe, sim, um preconceito grande, que eu senti na pele e não foi legal. Quero deixar claro que não é porque estou dizendo que não sou (gay) que esse preconceito venha comigo, de jeito nenhum. Eu passei por isso na pele e acho abominável”, concluiu Luiza.