Essa
“polêmica” nitidamente criada em torno da participação de Pedro Cardoso no “Na
Moral” está tão ridícula quanto a “mídia da vida particular” citada pelo ator
no programa que tinha os paparazzi como tema. Parece até uma mídia da “vida
profissional” de quem ganha a vida trabalhando em publicações voltadas para a
intimidade das celebridades. Sim, porque não é nenhuma novidade para quem tem anos de
estrada que Pedro Cardoso é um ator arredio a qualquer tipo de imprensa. Fico
surpresa de ver tanta gente alarmada e ofendida com a atitude de uma pessoa que
corresponde totalmente ao comportamento que vem mostrando ao longo de anos.
Ele está sendo coerente com o que sempre foi.
Quem se mostra surpreso, ofendido, atingido, mostra não ter tantos anos
de experiência como diz ter, já que ainda perde o sono com discursos inflamados
em cima de temas babacas. Com certeza não viveram ou se esqueceram dos tempos
de “O Que É Isso Companheiro?”.
Boa parte
das minhas duas décadas de profissão foi dedicada ao jornalismo sério,
começando em Porto Alegre em várias emissoras de rádio e TV e continuando no
Rio. Aqui, acompanhei Zuenir Ventura na inauguração da Casa da Paz em Vigário
Geral, onde comemos uma galinhada supimpa preparada pelo povo da favela. Só
para citar uma das muitas incursões importantes de todas as subidas a morros
cariocas, como também aconteceu no Dona Marta, Tuiuti, Rocinha...
Desses
mais de 20 anos, durante três me submeti a trabalhar num veículo voltado a
celebridades. Não citei nomes antes, não vou citar agora. E, por iniciativa
própria, pedi as contas e fui embora. Não estava feliz fazendo o que fazia. Não
concordava com o ‘gerenciamento’ da equipe e do veículo. A decisão foi minha. E desde então vivo mergulhada em elocubrações
do que é o jornalismo que eu sonhei e o que é o jornalismo onde fui parar.
Foca nos
anos 80, tive o privilégio de conhecer um jornalismo consciente, política e
socialmente engajado, que hoje procuro por todas as partes e não encontro
mais. Era uma época em que a vontade,
desejo ou vocação de ser jornalista vinha acompanhada de uma ideologia. Éramos
supostos salvadores da pátria, poetas da vida real, candidatos a mártires que
almejavam apenas por um mundo melhor.
Bial foi
uma testemunha ocular de fatos históricos e mundiais que só ele teve a chance
de registrar. Por mais ou por menos que ele faça, nada nem ninguém vai tirar
essa façanha do currículo dele. E é isso que dói nos invejosos que jamais terão
a mesma chance de viver o que ele viveu.
Pedro
Cardoso é um chato e petulante. E daí? O que algum repórter ganha ou perde
entrevistando ou não ele? Não foi
novidade ele ter se comportado com a irreverência e arrogância peculiar a seu
modo de ser. Fico surpresa de ver tantos profissionais do meio se mostrando ofendidos,
indignados e surpresos com um comportamento que faz parte do perfil que Pedro
Cardoso nunca disfarçou e sempre mostrou ao longo de anos. Cadê a novidade?
Continuo
esperando por alguém ou algo maior que realmente me acompanhe no mergulho real no que é o
jornalismo que eu sempre sonhei. E me ajude a preservar a todos definitivamente desse falso
"jornalismo" que se alastra, no qual um dia fui parar e do qual não me orgulho. Mas, felizmente, tenho conseguido me manter inatingível.