domingo, 15 de julho de 2012

“Na Moral”: Pedro Cardoso causa e isso não é novidade para quem é veterano na área e sabe que ele não dá entrevistas e sempre foi inimigo de paparazzi. Qual a novidade? Ouviram algo que nunca foi dito antes?



Essa “polêmica” nitidamente criada em torno da participação de Pedro Cardoso no “Na Moral” está tão ridícula quanto a “mídia da vida particular” citada pelo ator no programa que tinha os paparazzi como tema. Parece até uma mídia da “vida profissional” de quem ganha a vida trabalhando em publicações voltadas para a intimidade das celebridades. Sim, porque não é nenhuma novidade para quem tem anos de estrada que Pedro Cardoso é um ator arredio a qualquer tipo de imprensa. Fico surpresa de ver tanta gente alarmada e ofendida com a atitude de uma pessoa que corresponde totalmente ao comportamento que vem mostrando ao longo de anos. Ele está sendo coerente com o que sempre foi.  Quem se mostra surpreso, ofendido, atingido, mostra não ter tantos anos de experiência como diz ter, já que ainda perde o sono com discursos inflamados em cima de temas babacas. Com certeza não viveram ou se esqueceram dos tempos de “O Que É Isso Companheiro?”. 

Boa parte das minhas duas décadas de profissão foi dedicada ao jornalismo sério, começando em Porto Alegre em várias emissoras de rádio e TV e continuando no Rio. Aqui, acompanhei Zuenir Ventura na inauguração da Casa da Paz em Vigário Geral, onde comemos uma galinhada supimpa preparada pelo povo da favela. Só para citar uma das muitas incursões importantes de todas as subidas a morros cariocas, como também aconteceu no Dona Marta, Tuiuti, Rocinha...

Desses mais de 20 anos, durante três me submeti a trabalhar num veículo voltado a celebridades. Não citei nomes antes, não vou citar agora. E, por iniciativa própria, pedi as contas e fui embora. Não estava feliz fazendo o que fazia. Não concordava com o ‘gerenciamento’ da equipe e do veículo. A decisão foi minha.  E desde então vivo mergulhada em elocubrações do que é o jornalismo que eu sonhei e o que é o jornalismo onde fui parar.

Foca nos anos 80, tive o privilégio de conhecer um jornalismo consciente, política e socialmente engajado, que hoje procuro por todas as partes e não encontro mais.  Era uma época em que a vontade, desejo ou vocação de ser jornalista vinha acompanhada de uma ideologia. Éramos supostos salvadores da pátria, poetas da vida real, candidatos a mártires que almejavam apenas por um mundo melhor.
Bial foi uma testemunha ocular de fatos históricos e mundiais que só ele teve a chance de registrar. Por mais ou por menos que ele faça, nada nem ninguém vai tirar essa façanha do currículo dele. E é isso que dói nos invejosos que jamais terão a mesma chance de viver o que ele viveu.

Pedro Cardoso é um chato e petulante. E daí? O que algum repórter ganha ou perde entrevistando ou não ele?  Não foi novidade ele ter se comportado com a irreverência e arrogância peculiar a seu modo de ser. Fico surpresa de ver tantos profissionais do meio se mostrando ofendidos, indignados e surpresos com um comportamento que faz parte do perfil que Pedro Cardoso nunca disfarçou e sempre mostrou ao longo de anos. Cadê a novidade?

Continuo esperando por alguém ou algo maior que realmente me acompanhe no mergulho real no que é o jornalismo que eu sempre sonhei. E me ajude a preservar a todos definitivamente desse falso "jornalismo" que se alastra, no qual um dia fui parar e do qual não me orgulho. Mas, felizmente, tenho conseguido me manter inatingível.