sexta-feira, 29 de junho de 2012

“As Brasileiras”: Fernanda Montenegro, Pedro Paulo Rangel e Paulo José, em plena sintonia no talento e na emoção, fazem do último episódio da série criada por Daniel Filho o melhor de todos dessa temporada



Fernanda Montenegro não cansa de mostrar, com a maior naturalidade do mundo, por que é considerada uma das maiores damas da TV, teatro e cinema de todos os tempos. Em “A Maria do Brasil”, último episódio de “As Brasileiras”, que foi ao ar nessa quinta-feira (28), ela mais uma vez conseguiu provocar risos e lágrimas no telespectador, contracenando com outros dois grandes nomes da história da dramaturgia: Pedro Paulo Rangel e Paulo José. A sintonia entre os três só valorizaram o texto de Ana Maria Moretzsohn e de Daniel Filho, que também assinou a direção.

O episódio conta a história de Mary Torres (Fernanda), uma atriz que, apesar da idade avançada, não perde a esperança de ainda atingir o estrelato. Ela divide suas frustações e dificuldades financeiras com o grande amigo Ney (Pedro Paulo). É tocante o começo da trama, quando Mary está em cena no palco de um teatro declamando a cena dramática da morte de sua personagem. Da coxia, Ney murmura junto todas as falas, decoradas até por ele, já que a mesma peça é encenada por Mary há 40 anos para uma plateia quase vazia.

O desespero eufórico de Mary ao receber um telefonema de uma emissora de TV convidando ela a fazer uma participação na novela do horário nobre reflete muito bem a realidade de muitos artistas que, da mesma forma, quase não tiveram oportunidades em suas carreiras. E o mais triste para ela foi constatar que já não tem mais a mesma memória nem audição de tempos atrás. Também parece fora da modernidade de uma produção. “A personagem é velha. Precisa de maquiagem? Eu sou mais velha do que ela!”, questiona para a maquiadora.

A gravação da cena, na qual contracena com o galã da novela, interpretado por Marco Ricca, é um desastre e ela acaba sendo dispensada. É chamada mais uma vez. “Quem nasceu para holofote jamais ficará na escuridão”, vibra seu amigo e parceiro, sempre otimista. Mas o convite é para ser figurante. Na hora, no entanto, graças à insistência de Ney, que a acompanha, ela consegue ganhar uma fala de uma frase. E em meio a muitos vai e vem no set, o destino coloca Mary diante de Rômulo (Paulo José), um fã apaixonado desde quando ela começou a atuar.

A presença de Paulo José em cena é sempre uma grata e emocionada surpresa. Não tem como não aplaudir a forma como o ator se entrega com paixão aos personagens. Vale ressaltar ainda a participação afetiva de Nathalia Timberg, que aparece apenas na tela da TV de Mary e Ney, fazendo a novela exibida dentro do episódio. E seu nome é citado por Mary, recordando dos tempos de juventude em que as duas trabalharam juntas. E, se a felicidade para a atriz veterana não chegou na forma de sucesso e fama, acabou chegando na forma de um grande amor.  “Em tempo algum teve um curso tranquilo o verdadeiro amor. Mas, tudo está bem quando acaba bem!”, afirma Ney, voltado para a câmera, enquanto Mary e Rômulo deixam a ficção para trás e vão ser felizes na “vida real”.