Faltou
graça justamente no “Reviva Especial” voltado para o humor, que encerrou na
segunda-feira (18), no canal Viva, a série de cinco programas temáticos sobre vários
gêneros de atrações da televisão brasileira. O jornalista Zeca Camargo comandou
o bate-papo que reuniu o humorista Marcius Melhem, o ator Diogo Vilela, a autora
Maria Carmen Barbosa e o diretor Maurício Farias. O problema é que, apesar de
todos trabalharem com comédia, fora de cena não demonstram muita descontração.
Pelo contrário, com exceção de Maria Carmen, são até bastante sérios.
O que
valeu mesmo foram os clipes reunindo imagens de sucessos memoráveis como “Escolinha
do Professor Raimundo”, “Os Trapalhões”, “Viva o Gordo” e “Sai de Baixo”, entre
outros. Mas, num canal voltado para a reprise de programas antigos, faltou a
presença de profissionais mais veteranos da área para o debate ficar mais rico
de histórias e também mais descontraído, como os divertidos Agildo Ribeiro e
Paulo Silvino.
Ao
tratarem de temas como a forma como o humor é tratado atualmente e os valores
de tempos atrás, foram os depoimentos gravados por Hebe Camargo, Jorge
Fernando, Maurício Sherman e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho que temperaram
a discussão. “Vejo com tristeza esse humor agressivo. Não que eles não tenham
talento. Eu respeito, mas não quero que ninguém grite comigo, dê soco na minha
cabeça, que ninguém me menospreze. É uma covardia, o sujeito me entrevista e
depois edita e me ridiculariza, quando ele que me entrevistou é muito inferior
à minha competência não só como artista, também como intelectual”, afirmou
Boni.
O “TV
Pirata” foi um dos mais comentados, certamente por estar sendo reprisado pelo
canal atualmente. Diogo Vilela, que fazia parte do elenco do humorístico, falou
sobre a irreverência do programa: “A anarquia estimulava uma autocrítica. Acho
que isso era uma novidade”. Já Marcius Melhem comentou sobre a nova safra de
comediantes: “Tem muitos colegas chegando agora, eu chamo de adolescência da
fama. Agride, agride e nem sabe aonde quer chegar. Aí, esquece de fazer humor e
fica uma coisa do próprio umbigo”, alfinetou.
E em meio
a muitas teorias sobre a necessidade de renovação, o que ficou mesmo foi a
sensação de que os grandes mestres do humor ficaram no túnel do tempo. Como
afirmou Boni, após a exibição de imagens com vários personagens criados e vividos
por Chico Anysio: “Ele é único no mundo. Você não via o Chico fazendo o Paulo.
Era o Paulo. Era a alma do personagem. Esses artistas são especiais. São os
Chaplins”, concluiu Boni.
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