Fátima Bernardes tem carisma, é inteligente e passa
credibilidade. Ponto! E ao se aventurar como apresentadora e sair de trás de
uma bancada de telejornal, como fez no “Encontro Com Fátima Bernardes”, que
estreou segunda-feira (25), mostrou que também tem desenvoltura para se
movimentar no palco de um estúdio diante de uma plateia. O que não deve ser tão
difícil assim para quem já foi bailarina. O que está faltando é a jornalista se
soltar mais, deixar um pouco de lado o tom professoral, didático e até maternal
e dar mais descontração na apresentação das atrações, necessária a qualquer programa
diário e matinal.
Seis meses após se despedir do “Jornal Nacional” e
desde então ter se dedicado a um projeto que ela dizia ter alimentado por mais
de três anos, foi tanto treinamento para não fazer feio na nova empreitada que
Fátima parece ter ficado engessada nas aulas que teve. Falta mais naturalidade
e mostrar que está sentindo prazer e se divertindo com a nova função. É tudo
muito rigorosamente seguindo um roteiro. Até quando fugiu a ele, como aconteceu
nessa quarta-feira (27), quando alguém da plateia revelou de cara quem era a
manicure de Alcione, e a ideia era fazer suspense, a apresentadora ficou
perdida ao sair do programado.
O problema mais grave, no entanto, são as pautas.
Fracas, monótonas e nada criativas. São assuntos que já foram tratados exaustivamente,
como relacionamento entre pessoas com grande diferença de idade, pagar ou não
gorjetas, unhas postiças coloridas... Sem falar que ter um tema semanal tratado
diariamente, começando com adoção, é tão repetitivo que acaba ficando cansativo
e até chato para o horário. É todo dia o mesmo caso com personagens diferentes
de histórias semelhantes mostradas para emocionar e comover. Será que alguém quer
começar o dia chorando e se emocionando com histórias dramáticas? Nessa hora, sou mais o “Acorda, menina!” da
Ana Maria Braga.
Fora as pautas, o cenário, com imagens
excessivamente coloridas e em movimento, tornam o estúdio ainda mais poluído fazendo
o contrapondo a uma plateia na qual não se sabe quem é convidado, quem faz parte
da equipe e quem é figuração. Parece cenário de programa noturno. E a conversa, em muitos momentos monótona e sem trilha sonora, dá sono.
A tal “Cabine”, com anônimos respondendo à pergunta
do dia, parece mais uma encheção de linguiça. Não é nada atrativa. E os humoristas
Marcos Veras, que faz parte do elenco do "Zorra Total", e Victor
Sarro, revelado em um concurso de humor do “Tudo é Possível”, programa
comandado por Ana Hickmann na Record, deveriam ter continuado onde estavam.
Suas reportagens feitas nas ruas não tem nenhuma graça. Sem falar que “Encontro
com” é um título já usado em um programa religioso chamado “Encontro Com Cristo”,
e até teve o “Encontro Marcado”, com Luiz Gasparetto, na Rede TV!. Ou seja, nem
tão original assim.
Não é à toa que, passada a euforia da estreia, na
segunda-feira (25), quando o programa, após uma campanha agressiva de
divulgação, registrou uma das melhores médias dos últimos anos da emissora no Ibope
no horário, mais de 10 pontos, a audiência começou a cair, empatando com os
desenhos animados do SBT no segundo dia e perdendo para os mesmos já no
terceiro. A ideia do formato é boa e poderia ser muito bem aproveitada, mas não
como programa diário e matinal. Depois de se informar com as notícias dos “Bom
Dia” locais e “Bom Dia Brasil”, os telespectadores querem mais é matérias de
comportamento que sejam de entretenimento, úteis e com um tom mais otimista e
menos emotivo. Deixa a emoção e a seriedade para o “Jornal Nacional”. Solta a
franga, menina!
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