quinta-feira, 28 de junho de 2012

“Encontro Com Fátima Bernardes”: Engessado e com pautas fracas, programa exagera ao apelar para a emoção e mostrar uma descontração artificialmente forçada

Fátima Bernardes tem carisma, é inteligente e passa credibilidade. Ponto! E ao se aventurar como apresentadora e sair de trás de uma bancada de telejornal, como fez no “Encontro Com Fátima Bernardes”, que estreou segunda-feira (25), mostrou que também tem desenvoltura para se movimentar no palco de um estúdio diante de uma plateia. O que não deve ser tão difícil assim para quem já foi bailarina. O que está faltando é a jornalista se soltar mais, deixar um pouco de lado o tom professoral, didático e até maternal e dar mais descontração na apresentação das atrações, necessária a qualquer programa diário e matinal.

Seis meses após se despedir do “Jornal Nacional” e desde então ter se dedicado a um projeto que ela dizia ter alimentado por mais de três anos, foi tanto treinamento para não fazer feio na nova empreitada que Fátima parece ter ficado engessada nas aulas que teve. Falta mais naturalidade e mostrar que está sentindo prazer e se divertindo com a nova função. É tudo muito rigorosamente seguindo um roteiro. Até quando fugiu a ele, como aconteceu nessa quarta-feira (27), quando alguém da plateia revelou de cara quem era a manicure de Alcione, e a ideia era fazer suspense, a apresentadora ficou perdida ao sair do programado.  

O problema mais grave, no entanto, são as pautas. Fracas, monótonas e nada criativas. São assuntos que já foram tratados exaustivamente, como relacionamento entre pessoas com grande diferença de idade, pagar ou não gorjetas, unhas postiças coloridas... Sem falar que ter um tema semanal tratado diariamente, começando com adoção, é tão repetitivo que acaba ficando cansativo e até chato para o horário. É todo dia o mesmo caso com personagens diferentes de histórias semelhantes mostradas para emocionar e comover. Será que alguém quer começar o dia chorando e se emocionando com histórias dramáticas?  Nessa hora, sou mais o “Acorda, menina!” da Ana Maria Braga.  

Fora as pautas, o cenário, com imagens excessivamente coloridas e em movimento, tornam o estúdio ainda mais poluído fazendo o contrapondo a uma plateia na qual não se sabe quem é convidado, quem faz parte da equipe e quem é figuração. Parece cenário de programa noturno. E a conversa, em muitos momentos monótona e sem trilha sonora, dá sono.

A tal “Cabine”, com anônimos respondendo à pergunta do dia, parece mais uma encheção de linguiça. Não é nada atrativa. E os humoristas Marcos Veras, que faz parte do elenco do "Zorra Total", e Victor Sarro, revelado em um concurso de humor do “Tudo é Possível”, programa comandado por Ana Hickmann na Record, deveriam ter continuado onde estavam. Suas reportagens feitas nas ruas não tem nenhuma graça. Sem falar que “Encontro com” é um título já usado em um programa religioso chamado “Encontro Com Cristo”, e até teve o “Encontro Marcado”, com Luiz Gasparetto, na Rede TV!. Ou seja, nem tão original assim.   

Não é à toa que, passada a euforia da estreia, na segunda-feira (25), quando o programa, após uma campanha agressiva de divulgação, registrou uma das melhores médias dos últimos anos da emissora no Ibope no horário, mais de 10 pontos, a audiência começou a cair, empatando com os desenhos animados do SBT no segundo dia e perdendo para os mesmos já no terceiro. A ideia do formato é boa e poderia ser muito bem aproveitada, mas não como programa diário e matinal. Depois de se informar com as notícias dos “Bom Dia” locais e “Bom Dia Brasil”, os telespectadores querem mais é matérias de comportamento que sejam de entretenimento, úteis e com um tom mais otimista e menos emotivo. Deixa a emoção e a seriedade para o “Jornal Nacional”. Solta a franga, menina!



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