segunda-feira, 27 de maio de 2013

“Morning Show”: Com apresentadores desconhecidos e exagerando no estrelismo, programa ignora sua classificação indicativa ao mostrar uma cena tórrida de beijo gay

Estreia dessa segunda-feira (27) na Rede TV!, o “Morning Show”, anunciado pela emissora como um “informativo” que tratará os assuntos com descontração, fez lembrar o extinto “Muito+” que Adriane Galisteu comandava ao lado de ilustres desconhecidos nas tardes da Band. O novo matinal faz pior: não traz nenhum conhecido do grande público. Em uma bancada estão o radialista e “especialista” em fofocas sobre celebridades Thiago Rocha, o publicitário e humorista Patrick Maia, a ex-“Chiquititas” Renata Del Bianco, a ex-Angeliquete Micheli Machado, e, como mediador da mesa o radialista Zé Luiz, que, para situar melhor, faz a campanha publicitária das Casas Bahia.

Ao vivo, diretamente de São Paulo, o programa que começou às 8h30, com uma hora de duração, abriu fazendo um breve histórico de quem era cada um dos apresentadores. Até ai tudo bem, pelo menos reconhecem que são iniciantes diante das câmeras no comando de uma atração própria. Mas houve certo exagero na tentativa de serem divertidos e engraçados o tempo todo. Em alguns momentos Zé Luiz parecia ter encarnado o estilo Marcelo Tas e seus parceiros no “CQC”.

As “notícias do dia” comentadas, sempre em tom de irreverência, foram sobre homens colocando botox para conseguir emprego na Espanha, uma loja francesa dando descontos a clientes que fossem às compras vestindo apenas lingeries, a confusão ocorrida nas agências da Caixa Econômica Federal no Brasil, semana passada, devido a boatos do fim do Bolsa Família, e o soco que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, deu em um músico em um restaurante após o mesmo tê-lo chamado de “bosta”.

No momento da leitura dessa nota sobre o agredido pelo prefeito, Bernardo Botkay, conhecido como Botika, Patrick tentou ironizar dizendo: “Essa nota tem que ser corrigida, onde está ‘conhecido como Botika’ deveria ser ‘também conhecido como Nada’”. Como se ele próprio fosse famoso como humorista. Já Micheli e Renata pareciam deslumbradas com as câmeras e não paravam de fazer caras e bocas quando eram focadas.

Teve ainda reportagem feita na Marcha das Vadias, que aconteceu em São Paulo; um passeio pela internet mostrando o vídeo de uma mulher fazendo ginástica na sala de sua casa e, no canto, aparecia um homem sentado numa privada no banheiro; a participação do público por telefone tentando adivinhar quem era o famoso na foto mostrada de um menino; uma piada com o celular de Sônia Abrão que tocou quando ela estava no ar no “A Tarde É Sua”, e um sósia do jogador Neymar, que faz parte da produção do programa. Ou seja, uma coletânea de plágios do que já há em outras atrações, só que em outros horários.

Eles também fizeram algumas provocações à Rede Globo, primeiro fazendo insinuações maldosas sobre os apresentadores André Marques e Fausto Silva e o músico-ator Léo Jaime num quadro sobre famosos gordos. Lançaram até a campanha “Fecha a Boca Faustão”, porque, segundo eles, além de o apresentador não deixar os convidados falarem, está voltando a engordar. E no “momento fofoca”, debateram sobre um “quebra-pau na novela das 21h: Antonio briga com Susana Vieira”. O ator teria reclamado de um atraso da atriz e o clima teria ficado tenso entre eles.

Mas, a maior apelação mesmo ficou por conta do suspense criado de uma cena "exclusiva" que seria mostrada de um beijo gay de Félix (Mateus Solano) em “Amor à Vida”. “Temos a cena”, garantia Zé Luiz. No último bloco, veio a “revelação”. “O Walcyr Carrasco (autor da novela das 21h da Globo) escreve lá e os ‘cara’ não mostram”, exagerou Thiago Rocha. E, em seguida, exibiram uma cena em que Mateus Solano e o ator Paulo Lontra dão um beijo de boca numa cena ousada em “Novela das 8” em que interpretam dois homossexuais. O filme do diretor Odilon Rocha é de 2011, mas voltou a ser comentado através dessa sequência postada no Youtube, na carona do personagem de Solano na novela da Globo.

Além do alarme falso, fica no ar uma questão: se o programa tem como classificação indicativa do Ministério da Justiça como “livre para todas as idades”, como justificar exibirem uma cena tórrida entre dois homens num beijo gay antes das 9h30 da manhã? Não é uma questão de preconceito, mas de bom senso.

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