quarta-feira, 22 de maio de 2013

“Dona Xepa”: Angela Leal traz modernidade e transmite verdade na personagem-título da novela da Record em personagem que foi criada para o teatro há mais de 60 anos


Angela Leal, no primeiro capítulo da versão atual de “Dona Xepa” que foi ao ar nessa terça-feira (21) na Record, deu mostras de ter vestido a modernidade da personagem-título da novela que foi um marco na Rede Globo em 1977, tendo no papel a saudosa atriz Yara Cortes. A atriz encarnou uma feirante repaginada que, antes de ser considerada uma barraqueira, é uma defensora dos próprios direitos condizentes com o que a categoria conquistou ao longo dos anos. E o faz de uma forma equilibrada, sem um histrionismo que pareceria exagerado em qualquer tempo.
   
É a primeira novela de autoria própria escrita por Gustavo Reis, com direção de Ivan Zettel e inspirada no texto criado para o teatro, e que agora ganha novos elementos. Como Dafne (Roberta Portella), uma mulher-fruta sendo “rifada”. Qualquer semelhança com fatos da vida real não é mera coincidência. Thaís Fersoza parece mais segura ao fazer Rosália, a alpinista social filha de Xepa, secretária de um escritório de arquitetura no qual é amante do patrão.

Nos demais núcleos, houve pouco espaço para apresentação na estreia. Mas pelas poucas cenas em que apareceu já se percebeu que Benvindo Cerqueira vai roubar muitas cenas na feira. Já Luiza Tomé está fora de época usando aquela peruca de boneca Suzy. Ou seria essa a real visão de mau gosto dada a peruas paulistanas, excêntricas e que adoram ostentar riqueza, por mais que elas nem sejam tão ricas assim? Fica a dúvida.

É sempre bom lembrar que “Dona Xepa” é uma peça teatral escrita por Pedro Bloch em 1952; ganhou uma versão cinematográfica em 1959 com Alda Garrido no papel principal; 18 anos depois teve Yara brilhando no papel na televisão, na TV Globo, e agora, passados 36 anos, continua atual na versão da Record. Acima de tudo, a história vem provar que mostrar a classe C não é uma tendência das novelas atuais, já que os menos favorecidos na pirâmide social vêm sendo mostrados nos folhetins há décadas. Inclusive sendo o núcleo central da trama.