Angela Leal, no primeiro capítulo da versão
atual de “Dona Xepa” que foi ao ar nessa terça-feira (21) na Record, deu mostras de
ter vestido a modernidade da personagem-título da novela que foi um marco na
Rede Globo em 1977, tendo no papel a saudosa atriz Yara Cortes. A atriz encarnou
uma feirante repaginada que, antes de ser considerada uma barraqueira, é uma defensora dos
próprios direitos condizentes com o que a categoria conquistou ao longo dos
anos. E o faz de uma forma equilibrada, sem um histrionismo que pareceria
exagerado em qualquer tempo.
É a primeira novela de autoria própria escrita por
Gustavo Reis, com direção de Ivan Zettel e inspirada no texto criado para o
teatro, e que agora ganha novos elementos. Como Dafne (Roberta Portella), uma mulher-fruta sendo “rifada”. Qualquer
semelhança com fatos da vida real não é mera coincidência. Thaís Fersoza parece
mais segura ao fazer Rosália, a alpinista social filha de Xepa, secretária de
um escritório de arquitetura no qual é amante do patrão.
Nos demais núcleos, houve pouco espaço para apresentação na estreia.
Mas pelas poucas cenas em que apareceu já se percebeu que Benvindo Cerqueira
vai roubar muitas cenas na feira. Já Luiza Tomé está fora de época usando
aquela peruca de boneca Suzy. Ou seria essa a real visão de mau gosto dada a peruas
paulistanas, excêntricas e que adoram ostentar riqueza, por mais que elas nem
sejam tão ricas assim? Fica a dúvida.
É sempre bom lembrar que “Dona Xepa” é uma peça teatral escrita por Pedro Bloch em 1952; ganhou uma versão cinematográfica em 1959 com Alda Garrido no papel principal; 18 anos depois teve Yara brilhando no papel na televisão, na TV Globo, e agora, passados 36 anos, continua atual na versão da Record. Acima de tudo, a história vem provar que mostrar a classe C não é uma tendência das novelas atuais, já que os menos favorecidos na pirâmide social vêm sendo mostrados nos folhetins há décadas. Inclusive sendo o núcleo central da trama.