O sucesso de três novelas mexicanas no SBT,
“Rosalinda”, “Cuidado Com o Anjo” e “Rubi”, levou a emissora a não mudar sua
programação na tarde desta quinta-feira (30), dia em que se comemora Corpus Christi.
Há anos, nos feriados a grade costumava ser preenchida nessa faixa horária por filmes
e desenhos animados. A vice-liderança que os três folhetins têm conquistado, no
entanto, garantiram sua permanência no ar em datas em que se considera que haja
uma baixa geral no número de televisores ligados.
A pergunta que fica no ar é até que ponto altos
índices de audiência é suficiente para se definir o padrão de qualidade de um
programa? A escolha do horário em que cada atração é exibida pode interferir,
prejudicando ou ajudando, na média atingida no ibope. Grandes produções,
geralmente minisséries, já registraram desempenho irrelevante no ibope por
terem sido exibidas muito tarde da noite. Há ainda aqueles matinais que mal
saem de um traço por estarem totalmente fora de sintonia nos assuntos que apresentam
a quem acabou de acordar.
Já nesse caso da concorrência por audiência na parte
da tarde, fica a dúvida se o gosto duvidoso é dos programas das emissoras ou do
público. Enquanto a Rede Globo mantém sua liderança absoluta com o “Vale a Pena
Ver de Novo”, atualmente reprisando a novela “O Profeta”, e os filmes da
“Sessão da Tarde”, os dramalhões mexicanos do SBT deixam para trás, disputando
o terceiro lugar, a Record, a Rede TV! e a Band.
No ar das 14h45 às 15h35, “Rosalinda”, protagonizada
por Thalia, e “Cuidado Com o Anjo”, exibida entre 15h35 e 16h30, têm mais
público do que “Programa da Tarde”, da Record, “A Tarde É Sua”, da Rede TV!, e
os desenhos animados da Band. “Rubi”, apresentada entre 16h30 e 17h25, vence
dos mesmos programas da Record e Rede TV! e do “Brasil Urgente”, jornalístico
sensacionalista apresentado por José Luiz Datena na Band.
A comparação é desproporcional. Os três folhetins do
SBT trazem muito dos mesmos componentes das histórias mexicanas: uma heroína
romântica e sofredora, que invariavelmente é a personagem-título da trama, que
sofre muito por amor, por conflitos familiares, por traições de amigas e toda
uma série de infortúnios que só acabam no último capítulo com um final feliz
para os bons, e infeliz para os vilões.
Concorrendo com os enlatados estão, além dos
desenhos da Band, dois programas que, apesar do mérito de serem produzidos aqui
e apresentados ao vivo, não primam pela melhor qualidade de conteúdo. Na Rede
TV!, há sete anos Sonia Abrão comanda o “A Tarde É Sua”, que flutua entre o
mórbido do mundo do crime e os clichês do universo das celebridades e das
novelas, além dos dramas da vida real relacionados a algum “famoso” de terceiro
escalão.
Já na Record, Britto Júnior, Anna Hickmann e Ticiane
Pinheiro tentam mostrar muita descontração na apresentação do “Programa da
Tarde”, que mistura fofocas de celebridades, entrevistas-jogos com artistas da
casa, serviço de defesa do consumidor com Celso Russomano e um concurso bizarro
chamado “Dança dos Anões”. A miscelânea ainda não é o pior. Difícil é agüentar
a pouca naturalidade dos apresentadores, forçando a barra na disputa entre quem
é o mais (ou seria o menos?) “engraçadinho”.
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