quarta-feira, 28 de novembro de 2012

“Salve Jorge”: Novela aposta em novo casal e exagera na repetição de trilha sonora de cantores famosos quando conteúdo do romance poderia fazer mais a diferença




Uma semana sem assistir a “Salve Jorge” e ao voltar a acompanhar a novela das nove da Globo nessa terça-feira (27) a sensação foi de que não perdi praticamente nada. O capítulo não trouxe qualquer enredo que surpreendesse ou que mostrasse alguma guinada na história escrita por Glória Perez. O começo mostrou a primeira noite de amor de Zyah (Domingos Montagner) e Bianca (Cleo Pires), uma cena que já era previsível e esperada há vários capítulos. Um tanto forçada e com tomadas explorando detalhes das tatuagens da atriz e dos anéis que caracterizam o personagem turco do ator. Sinceramente, não entendi se estava nesses detalhes uma intenção de mostrar algum choque de cultura entre os amantes.

De qualquer forma, o que mais se sobressaiu foi a trilha sonora do casal, “Me Deixas Louca”, tocada insistentemente e quase exaustivamente em um único capítulo. A versão feita por Paulo Coelho de um bolero mexicano gravado por Elis Regina em 1981 e agora interpretado pela filha da cantora, Maria Rita, está sendo tão explorado quanto foi “Esse Cara Sou Eu”, de Roberto Carlos, para embalar o romance xoxo de Théo (Rodrigo Lombardi) e Morena (Nanda Costa). Sem falar que a entonação de Maria Rita em alguns momentos da música faz lembrar a imitação que a comediante Samantha Schmütz faz da cantora, com muita competência, diga-se de passagem.

Deixando de lado a aposta em dois casais desencontrados e que parece estarem sendo usados pela autora como cobaias para ver qual deles “cativa” mais o público, as outras tramas se repetem. Jéssica (Carolina Dieckmann) continua com aquele ar de quem foi para a Espanha trabalhar como balconista, ganhar em dólares e em seis meses realizar o sonho da casa própria, mas, chegando lá, descobriu que tinha virado quenga. A expressão da personagem é tão enfadonha que perde até para aquelas jovens que caíram no conto do tráfico de pessoas e que, tarde demais, chegaram à conclusão de que deveriam ter feito umas maracutaias por aqui mesmo e conseguido uma boquinha no “Minha Casa Minha Vida”. Só no Primeiro Mundo da ficção uma prostituta do Terceiro Mundo deixa a cafetina feliz por ter feito o “cliente” gastar com algumas garrafas de vodca, como aconteceu no capítulo de ontem. “Ela vai encher o caixa hoje”, disse, esperançosa, a personagem russa de Vera Fischer. Sem falar que as primeiras garrafas eram baratinhas, como lembrou o cafetão.

Está tudo soando muito falso, enfadonho e de uma fantasia pouco fantástica. Mas o que está mais chato e repetitivo é ouvir cinco, seis vezes num mesmo capítulo ou "Esse Cara Sou Eu" ou "Me Deixas Louca". Já que não conseguem variar a história, vamos varirar pelo menos a trilha sonora, né?  Até porque, Roberto Carlos não é tão   exclusividade assim da novela das nove. Ele também está em "Subúrbia", e numa fase bem melhor de sua carreira...