“Beauty & The Beast”, que estreou no Universal Channel nessa segunda-feira (12), em seu primeiro episódio já trouxe imediatamente à lembrança de quem assistiu no fim dos anos 80 à série inspirada no mesmo conto francês e exibida pela CBS, nos Estados Unidos, e pela Globo, no Brasil, em versão dublada nas tardes de domingo. Mesmo com uma nova roupagem, caracterização e cenário, são claros os sinais de se tratar de um remake atualizado daquela criação de Ron Koslov, que tinha Linda Hamilton (de “O Exterminador do Futuro”) no papel de Catherine, a Bela, e Ron Perlman (de “Hellboy”) como Vincent, a Fera.
Mas, apesar do tratamento
modernizado, a essência continua a mesma na interpretação e direção do elenco.
Dessa vez, Jay Ryan (de “Terra Nova”) não precisa mais usar a juba de pelos,
garras e focinho de lobo do personagem anterior. Quando não está “possuído”
pela fera que tem dentro de si, ele apresenta apenas uma cicatriz no rosto.
Quando está, a transformação é feita por computação gráfica. Ele também não
mora no labirinto de túneis subterrâneos da cidade. Agora ocupa um prédio
antigo de uma fábrica de produtos químicos, aparentemente abandonada, onde
tenta descobrir um antídoto para a substância que lhe foi injetada durante a
guerra e que o transformaram num monstro.
A Catherine, ou Cat, de
Kristin Kreuk (de “Smalville”) também deixou de ser apenas uma advogada e
ganhou mais destaque na função de detetive de homicídios, embora ainda esteja
longe de chegar a ser uma Olivian Benson, interpretada por Mariska Hargitay em
“Law & Order”. Também não seria o caso. As situações são outras. Na criação de Sherri Cooper e Jennifer Levin,
os mesmos produtores de “Brothers & Sisters”, Vincent não faz parte de uma
sociedade secreta e utópica de párias, ele é um médico que, após perder seus
irmãos na tragédia do World Trade Center em 11 de setembro, se alistou no
exército e foi servir seu país na guerra no Afeganistão. Lá, aceitou servir de
cobaia de uma substância que tornariam os soldados fortes e invencíveis.
Só que a droga saiu do controle de todos e acabou transformando-os em seres que
viram verdadeiros monstros quando contrariados.
Para compensar a perda de
seu lado humano, Vincent passou a tentar usar seus poderes para ajudar os
outros. Foi assim que, em 2003, ele salvou Catherine de um assalto, no qual a
mãe dela foi morta. Passam-se os anos e, nos tempos atuais, os dois voltam a se
encontrar durante a investigação de um assassinato feito por ela, na qual o
descobre como alguém que tentou salvar a vítima. E assim começa uma relação de
cumplicidade que coloca os dois em perigo, já que a mesma organização que
contaminou o médico também está no encalço da detetive.
Os efeitos visuais são
feitos com a luz e dosagem certa. Felizmente não abusa dos avanços tecnológicos
exaustivamente usados em outras séries, como “Grimm”. E, apesar de trazer para uma linguagem
moderna, não tira o clima lúdico e de romance do conto francês “La Belle et la
Bête”, publicado por Gabrielle-Suzanne Barbot, em 1740, e que já ganhou as mais
diversas variantes no teatro, cinema e televisão.