sábado, 10 de novembro de 2012

“Lado a Lado”: Débora Duarte, em excelente atuação como a falsa beata Eulália, impulsiona sequência forte em que Caio Blat e Cássio Gabus Mendes deram um show no embate entre pai e filho na novela das seis


Débora Duarte, após 48 anos de carreira na televisão, ainda consegue surpreender mostrando novas facetas de seu talento, como vem acontecendo em “Lado a Lado”, novela das seis da Globo em que interpreta a falsa beata Eulália. No capítulo desse sábado (10), a atriz protagonizou mais uma cena em que não economizou nos olhares de soslaio e nas expressões faciais que denotavam um irônico prazer em contar a Fernando (Caio Blat) que ele não é filho de Margarida (Bia Seidl), mas de uma das amantes de seu pai, Bonifácio (Cássio Gabus Mendes).  A matriarca decidiu revelar o segredo que apenas ela conhecia, além de Margarida e Bonifácio, após Fernando ter ensaiado um pedido de desculpas ao filho dela, o delegado Praxedes (Guilherme Piva), por tê-lo desacatado na delegacia. Eulália não só soltou o verbo como ainda encerrou sua vingança com um “Nervosinho”, sorrindo, enquanto Fernando ia embora desesperado.

Vale ressaltar em toda a sequência envolvendo esses acontecimentos o trabalho dos autores Cláudia Lage e João Ximenes Braga, e dos diretores que fazem parte do núcleo de Dennis Carvalho e estão conduzindo a novela. Assim como foi vibrante a sintonia no tom da emoção de Cássio Gabus Mendes e Caio Blat no embate entre seus personagens, que culminou com o filho dando um soco no rosto do pai que sempre o desprezou. Os dois atores deram um show à parte nesse capítulo.

Eulália, ao ser a mola mestra que desencadeou a derrubada da máscara do ex-senador, veio só reforçar a importância da personagem de Débora Duarte, que se tornou uma coadjuvante de luxo. E a atriz consegue fazer a personagem tomar as rédeas da sua história, impondo-se quando a situação é de drama, como foi o caso agora, ou de humor, como quando Praxedes descobriu que a mãe guardava escondido o livro “O Crime do Padre Amaro”, condenado pela igreja na época. Flagrada diante do padre da cidade, a viúva se desdobrou em mil caretas e acabou convencendo a todos que a obra pertencia ao seu falecido marido. E, após fingir ter botado fogo livro, ela ressurgiu com ele escondido sob o chale de tricô que ela sempre usa em seu figurino preto, de luto.

Com 46 novelas em seu histórico, Débora também coleciona vários prêmios. Já em seu terceiro folhetim, “Beto Rockfeller”, em 1968 na Tupi, ela ganhou o Troféu Roquette Pinto e o Troféu Imprensa como Melhor Atriz daquele ano. Também levou duas vezes o Troféu APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de Melhor Atriz de televisão por suas atuações em “Corpo a Corpo”, em 1985, e em “Terra Nostra”, em 2000, ambas novelas da Rede Globo.

Também foram marcantes suas interpretações como Vilminha, filha problemática de Salviano Lisboa (Lima Duarte) na primeira versão de “Pecado Capital” (1975), personagem que no remake da novela, 23 anos depois, foi interpretada pela filha da atriz, Paloma Duarte, e como a mãe de Zélia Gattai, Angelina, em “Anarquistas Graças a Deus”, de 1984, minissérie inspirada no primeiro livro da escritora. Entre outros tantos trabalhos de destaque. Não será de estranhar se Eulália render a Débora Duarte mais um prêmio, ou, no mínimo uma indicação por mais essa excelente atuação.