Débora Duarte, após 48 anos de carreira na
televisão, ainda consegue surpreender mostrando novas facetas de seu talento,
como vem acontecendo em “Lado a Lado”, novela das seis da Globo em que
interpreta a falsa beata Eulália. No capítulo desse sábado (10), a atriz
protagonizou mais uma cena em que não economizou nos olhares de soslaio e nas
expressões faciais que denotavam um irônico prazer em contar a Fernando (Caio
Blat) que ele não é filho de Margarida (Bia Seidl), mas de uma das amantes de
seu pai, Bonifácio (Cássio Gabus Mendes). A matriarca decidiu revelar o segredo que
apenas ela conhecia, além de Margarida e Bonifácio, após Fernando ter ensaiado um pedido de desculpas ao filho dela, o delegado Praxedes (Guilherme Piva), por tê-lo desacatado na delegacia. Eulália não só soltou o verbo como ainda encerrou sua
vingança com um “Nervosinho”, sorrindo, enquanto Fernando ia embora
desesperado.
Vale ressaltar em toda a sequência envolvendo esses
acontecimentos o trabalho dos autores Cláudia Lage e João Ximenes Braga, e dos
diretores que fazem parte do núcleo de Dennis Carvalho e estão conduzindo a
novela. Assim como foi vibrante a sintonia no tom da emoção de Cássio Gabus Mendes e Caio
Blat no embate entre seus personagens, que culminou com o filho dando um soco no
rosto do pai que sempre o desprezou. Os dois atores deram um show à parte nesse capítulo.
Eulália, ao ser a mola mestra que desencadeou a
derrubada da máscara do ex-senador, veio só reforçar a importância da
personagem de Débora Duarte, que se tornou uma coadjuvante de luxo. E a atriz consegue
fazer a personagem tomar as rédeas da sua história, impondo-se
quando a situação é de drama, como foi o caso agora, ou de humor, como quando
Praxedes descobriu que a mãe guardava escondido o livro “O Crime do Padre Amaro”,
condenado pela igreja na época. Flagrada diante do padre da cidade, a viúva se
desdobrou em mil caretas e acabou convencendo a todos que a obra pertencia ao
seu falecido marido. E, após fingir ter botado fogo livro, ela ressurgiu com
ele escondido sob o chale de tricô que ela sempre usa em seu figurino preto, de
luto.
Também foram marcantes suas interpretações como Vilminha, filha problemática de Salviano Lisboa (Lima Duarte) na primeira versão de “Pecado Capital” (1975), personagem que no remake da novela, 23 anos depois, foi interpretada pela filha da atriz, Paloma Duarte, e como a mãe de Zélia Gattai, Angelina, em “Anarquistas Graças a Deus”, de 1984, minissérie inspirada no primeiro livro da escritora. Entre outros tantos trabalhos de destaque. Não será de estranhar se Eulália render a Débora Duarte mais um prêmio, ou, no mínimo uma indicação por mais essa excelente atuação.