quinta-feira, 18 de julho de 2013

“Saramandaia”: No papel de Dona Redonda, Vera Holtz não apenas se sobressai como dá à nova geração exemplo de talento e entrega total às suas personagens


Vera Holtz é uma atriz que serve de exemplo a muitas jovens que estão começando na profissão e deveriam aprender com ela o valor da entrega total às personagens que lhes caem nas mãos, independentemente de serem protagonistas ou coadjuvantes. Na nova versão de “Saramandaia”, novela das onze da Rede Globo, escrita por Ricardo Linhares, Vera cumpre com louvor a árdua missão de encarnar Dona Redonda, que marcou para sempre a trajetória de Wilza Carla, intérprete da personagem exageradamente gorda e que come compulsoriamente na história original escrita por Dias Gomes em 1976. O sucesso de Wilza, que já era obesa, foi tanto que ela reviveu o mesmo papel na mini-novela “Expresso Brasil”, em 1987.

Para Vera, que está longe de ter as mesmas proporções físicas da personagem, o trabalho requer ainda mais dedicação, paciência e paixão pelo trabalho. Para aparentar os 250 quilos da comilona, ela passa por um processo de caracterização que demora mais de quatro horas para ser concluído. A atriz é envolta por um enchimento que pesa por volta de 15 quilos. Do rosto da atriz só aparecem mesmo a testa, os olhos, o nariz e a boca. E depois de carregar esse fardo todo durante 12 horas de gravação, ela ainda tem que driblar o cansaço e se submeter a mais uma hora para retirada de toda a caracterização.
O talento de Vera Holtz nessa novela merece ser ainda mais exaltado levando-se em conta que ela acabara de ter interpretado a antológica Mãe Lucinda, a guerreira e sofrida “mãe do lixão” em “Avenida Brasil”, trama das nove de João Emanuel Carneiro. Não é qualquer atriz que consegue emendar um trabalho no outro sem levar resquícios do anterior para o seguinte.

Ao longo de 30 anos de televisão, sua versatilidade ficou evidente em seus diversos trabalhos, revezando-se em papéis engraçados, como a caçadora de vampiros, Ms. Alice Penn Taylor, de “Vamp”, em 1991, e dramáticos, entre eles a alcoólatra Santana de “Mulheres Apaixonadas”, em 2003. E olha que seu sotaque caipira marcante inconfundível de quem nasceu em Tatuí, interior de São Paulo, jamais prejudica ou se faz mais evidente do que suas interpretações, independentemente da época ou ambiente em que se passam as histórias em que atua.

Merecidamente, a intérprete da nova Dona Redonda, além de ganhar efeitos especiais produzidos nos Estados Unidos na cena antológica de sua explosão, não sumirá de vez. Vera reaparecerá como Bitela, a irmã gêmea mais magra da comilona que explodiu de tanto comer. O que não ocorria na versão original. Como diria a própria Redonda: “Pela máfia de Dom Lázaro”, isso sim é profissionalismo!