Citada durante quase todo o filme sem nunca
aparecer, a não ser na forma de uma morta empalhada, a mãe de Norman, Norma, ganha
destaque na série sendo interpretada por Vera Farmiga. Afinal, é a relação mãe
e filho que pontua toda a história. “Mãe, você é tudo para mim, todo meu eu. É
como se tivesse um cordão entre nós. Sempre fomos nós. Nós somos um do outro”,
diz o jovem de 17 anos, misturando citações de Orson Wells.
O cenário e as tomadas fiéis à obra do cinema
valorizam o produto feito para televisão. O argumento que leva ao início da
manifestação da psicopatia de Norman também é convincente: o jovem flagra a mãe
matando um homem com várias facadas após ter sido estuprada pelo intruso no
motel onde ela e o filho foram tentar recomeçar a vida após ela ter ficado
viúva.
Os detalhes fazem a diferença. O corpo do homem
assassinado por Norma é levado para a banheira com cortina de plástico no mesmo
quarto onde, no futuro, como foi mostrado no filme, Marion Crane (Janet Leigh) é
apunhalada na cena antológica do suspense. A estranha relação entre mãe e filho
também é acentuada pelos nomes dos dois questionada por um policial: “Muitos
filhos levam o nome do pai”, justifica Norma. E a localização do motel numa
área abandonada é explicada pela construção de uma estrada principal que
deslocou toda a movimentação para o lado oposto da cidade.
Há ainda o misterioso caderno encontrado por Norman
embaixo do carpete com anotações e desenhos conturbados de uma mulher sendo
presa, abusada sexualmente, amortecida por drogas... E a frase que reúne uma
justificativa aparentemente simplista, mas que remete ao que levou Norman a não
aceitar a morte de Norma: “Enquanto estivermos juntos nada vai acontecer, não é
Norman?”, diz a mãe. “Claro”, responde o filho.