Susana
Vieira coleciona diversas personagens inesquecíveis ao longo de mais de 50 anos
de carreira, mas, sem dúvida, Marina, de “A Sucessora”, exibida em 1978, tem um
significado especial para ela. Não só por ter sido sua primeira protagonista,
mas também por considerar “a novela mais linda da sua vida”. E para as novas
gerações que não tiveram a oportunidade de assistir à trama de autoria de Manoel
Carlos, ela estreou nessa segunda-feira (6) no “Novelão da Semana”, quadro do “Vídeo
Show”. Através de um clipe de cenas, sob a narração de Ricardo Gonçalves intercalada
com alguns diálogos dos personagens, em cinco dias é feito um resumão de toda a
história.
No primeiro
“capítulo” do resumão já se teve ideia do enredo: na década de 20, um viúvo
milionário do Rio de Janeiro, Roberto Steen (Rubens de Falco) vai a uma fazenda
comprar terras e, ao conhecer Marina (Susana), filha da proprietária, ambos se
apaixonam à primeira vista. E despertam os ciúmes de Miguel (Paulo Figueiredo),
que ama a moça, mesmo sem ser correspondido. Marina e Roberto se casam e vão
morar na mansão dele no Rio, a então capital federal. Ao chegar, a nova senhora
Steen se depara não apenas com um imenso quadro com a imagem da falecida
mulher, Alice Steen, como também com Juliana (Nathalia Timberg), a misteriosa
e malévola governanta.
O que na
época precisou de vários capítulos para ser contado, com muito suspense, foi
perfeitamente entendido em apenas cinco minutos. Fica até uma curiosidade quando, no fim do quadro, mostram a vinheta de "A seguir, cenas dos próximos capítulos". Além da comparação de como uma novela de época era feita há 34 anos atrás, é curioso perceber como, mesmo sem dispor de
recursos tecnológicos mais avançados, a abertura de “A Sucessora” supera em elegância
a muitas feitas atualmente, mostrando uma sequência de cartões-postais que
remetiam ao romantismo dos anos 20. E a música “Odeon”, de Vinicius de Moraes e
Ernesto Nazareth, encaixa-se perfeitamente na voz de Nara Leão.
Em uma das
entrevistas que fiz com Susana Vieira recordando alguns dos momentos mais
significativos de sua trajetória, ela afirmou ter sido esse o seu melhor trabalho
em novelas. “Fiz
uma menina de 16 anos, eu já tinha 35 e convenci. Foi a primeira e única novela
em que me entreguei tanto à personagem que confundia ficção com realidade. Eu
tinha medo da Nathalia Timberg – que era a má da história – até no camarim. E
me apaixonei pelo Rubens de Falco de verdade, a gente até namorou depois. Se daqui
a 30 anos eu tiver que sentar para assistir a uma novela e ficar feliz vai ser ‘A
Sucessora’”, afirmou Susana.
Diferentemente
do “Vale a Pena Ver de Novo”, que reapresenta novelas através de um compacto dos
capítulos, o “Novelão” não é uma reprise, mas sim uma forma de se usar uma narrativa
ilustrada por imagens de arquivo para contar em uma semana a história de um
folhetim, usando apenas suas partes principais, começando na segunda e
terminando na sexta-feira. A vantagem é
que, por não exibir capítulos inteiros, novelas mais antigas estão podendo ser
resgatadas.
Desde 28
de maio, quando o quadro estreou, já foram contadas resumidamente as novelas: “Tieta”
(1989), “Brega & Chique” (1987), “A Gata Comeu” (1985), “Renascer” (1993), “A
Viagem” (1985), “História de Amor” (1995), “Celebridade” (2003), “Cobras &
Lagartos” (2006), “Estrela Guia” (2001) e “Pedra Sobre Pedra” (1992).
É torcer para que nas próximas semanas mais novelas dos anos 70, assim como está acontecendo com “A Sucessora”, ganhem a sua vez no “Novelão”, como “O Casarão”, de 1976, “Locomotivas”, de 1977, “Dancin’ Days”, de 1978, e tantas outras inesquecíveis, mas que dificilmente voltarão no “Vale a Pena Ver de Novo”.