Viviane Araújo ao conquistar o prêmio de R$ 2 milhões no “A Fazenda 5”, da Record, que chegou ao fim nessa quarta-feira (29), veio mostrar mais uma vez que em realities shows que têm celebridades como competidores, seja de que quilate for, ganha quem tiver um maior fã clube ou uma assessoria mais eficiente que mobilize mais votação via internet ou SMS. E tendo como concorrentes o ator Felipe Folgosi e o transformer Léo Áquila, ficou difícil definir parâmetros de merecimento para algum deles levar a bolada.
No conjunto geral dos três meses de programa, os
deslizes de cada um dos 16 participantes nivelaram todos no posto de não merecedores
de grande torcida. O que movimentou o programa e atraiu alguma audiência foram
mesmo os momentos de barracos, micos, piadas, gracinhas muitas vezes sem graça, falhas de português.
Mas, afinal, é um reality show ou um humorístico?
O que se percebe é que a influência da internet está
direcionando cada vez mais o destino de qualquer programa que, na pretensão de
promover a interatividade, acaba apresentando no final resultados nem sempre justos. Recentemente,
no quadro “Top Chef Celebridades” do “Mais Você”, Milena Toscano obteve os
melhores resultados em todas as provas de culinária, conquistando até uma nota 10 do chef paulista
Roberto Ravioli. Mas perdeu a competição para o ator Max Fercondini, que desde
sua primeira indicação à Panela de Pressão mostrou fazer uma campanha ferrenha
no Twitter e Facebook a seu favor.
Ainda em andamento, o “Dança dos Famosos” do “Domingão
do Faustão” é outro exemplo de competição no qual a popularidade do
participante junto aos internautas pode influenciar no resultado final,
independentemente de seu merecimento ou não ao prêmio. Rodrigo Simas desponta
como grande favorito, e essa posição tem muito mais a ver com as fãs que votam
no jovem ator do que no seu real desempenho como dançarino.
De qualquer forma, a final de “A Fazenda 5” reuniu
três tipos de participantes bem distintos, que se revelaram logo na primeira
pergunta do apresentador Britto Júnior sobre por que cada um se sentia
merecedor do prêmio. Felipe Folgosi, sempre com seu sorriso de soslaio, deixou
de lado a tentativa de parecer humilde e revelou-se definitivamente nada modesto
ao se autoproclamar como o “melhor jogador e melhor fazendeiro” da temporada. Logo
ele que foi flagrado duas vezes não sendo nada delicado com os animais. Só o
tratamento dado ao lhama quanto ao pavão já justificaria seu não merecimento em
estar na final.
Já Léo Áquila mais uma vez foi infeliz ao trocar a imagem de vítima mostrada durante todo o programa por uma de conformista,
dizendo que “por ter chegado até aqui” já se sentia "vitoriosa". Viviane foi a
que mostrou ter se preparado melhor para o desafio, com respostas sempre
politicamente corretas. A sua fórmula certa de ganhar esse tipo de jogo? “Pedir
a Deus sabedoria”, respondeu Vivi. Certinha demais para quem também não mostrou
ter tanta afinidade com animais num programa em que eles eram, e vão continuar sendo, as
verdadeiras estrelas.
Talvez esteja faltando um pouco de iniciativa das
produções de quadros ou programas que seguem o formato de reality show de deixarem um pouco
de lado “aquela velha fórmula formada sobre tudo”. Falta
buscar algo mais original e autêntico que volte a surpreender o telespectador promovendo
uma atração que deixe de ser essa competição decidida por agentes e assessores que
conseguem direcionar o resultado final. Ou continuaremos assistindo a essas
campanhas enfadonhas na internet que direcionam os resultados até nas mais
ralés das pesquisas.