domingo, 26 de agosto de 2012

“Domingão do Faustão”: Lutador Anderson Silva fica constrangido em mais um “Arquivo Confidencial” que explora de forma não autorizada histórias pessoais do convidado



 Anderson Silva é mais um a ser pego de surpresa por um “Arquivo Confidencial” no “Domingão do Faustão” e a levantar o questionamento: até que ponto o programa de Fausto Silva tem direito de escarafunchar o passado de uma pessoa famosa, seja por seus feitos como artista ou como esportista, e escancarar suas histórias mais íntimas, ao vivo, sem autorização prévia? Para qualquer telespectador com um mínimo de sensibilidade ficou visível o constrangimento do lutador ao assistir ao depoimento gravado por sua mãe biológica, que o entregou para ser criado por tios, e também pais de criação dela.


“Se ele estivesse comigo, hoje ele não seria quem ele é”, tentou justificar-se ela. “A família sente falta, mas em breve a gente vai se encontrar”, continuou dona Vera Lúcia, em tom sofredor. E, diante de um Anderson que mostrava em seu semblante um misto de emoção e de questionamentos sobre o porque de estar ali vendo e ouvindo aquilo, Faustão deu a declaração menos propícia para o momento: “Imagina o que essa mulher deve ter passado. E não está você aqui para criticar ou julgar seu pai biológico, a dona Vera Lúcia”, sentenciou o apresentador.

“Pois é Fausto. Em parte foi ruim o que aconteceu. Em parte foi bom, porque a minha tia (que o criou) passou bons e maus bocados comigo também. Mas me deram todo amor que eu precisava”, resumiu Anderson, humildemente e sem estender o assunto. Para os mesmos telespectadores com um mínimo de sensibilidade ficou claro que, assim como a mãe biológica, o lutador também tem sua versão dos fatos, e também não estava ali para ser criticado nem julgado.

Não é a primeira vez que o “Arquivo Confidencial” extrapola os limites entre a homenagem e a exposição sensacionalista e desnecessária. Em 2008, ao participar como jurada do “Dança dos Famosos”, Maitê Proença deixou Faustão numa saia justa ao confessar, ao vivo, ter ficado chateada com um “Arquivo Confidencial” feito com ela em 2005, expondo o caso que envolvia a morte de sua mãe. O apresentador não teve outra saída a não ser desculpar-se.

Em outubro do ano passado, ao ser homenageada no quadro, Arlete Salles foi surpreendida quando o primeiro depoimento foi do morador de um casebre no interior de Pernambuco, onde, segundo o programa, era a casa onde ela tinha passado sua infância. Sem graça, a atriz explicou que tinha saído de lá ainda bebê. “Eu devia engatinhar pelos cômodos. Saí quando tinha três meses”, corrigiu Arlete, visivelmente chateada.

Se não é para criticar nem julgar ninguém, a produção do quadro deveria ter, no mínimo, o cuidado de não transformar a homenagem em um tribunal no qual o homenageado acaba sendo colocado como réu de sua própria história. História que, por sinal, nem sempre tem a ver com seu trabalho e que só ele tem direito de autorizar ou não ver exposta em rede nacional, ao vivo e em cores.