quinta-feira, 26 de abril de 2012

“Máscaras”: Se o navio dessa história não se aprumar com urgência, logo haverá alguém gritando: “Vada a bordo, cazzo!”




Há um mês e meio no ar, “Máscaras”, de Lauro César Muniz, que estreou na Record no dia 10 de março trazendo a expectativa de ser mais uma novela de conteúdo, com temas inteligentes, delicados e instigantes, como é característico na obra do autor, vem decepcionando. Em algum momento o enredo se perdeu. E desde que a história passou a acontecer em um navio, onde a maioria dos personagens se reuniu, os capítulos passaram a se arrastar ainda mais em cenas intermináveis, com diálogos vagos, interpretações canastrônicas e uma direção que parece estar mareada.

A protagonista, Maria, interpretada por Miriam Freelam, só apareceu na primeira semana da novela. E o protagonista, Otávio Benaro, marido de Maria vivido por Fernando Pavão, transformou-se numa versão rural do Conde de Monte Cristo que foi parar num cruzeiro de luxo. Aliás ele está mais parecendo o protagonista da minissérie "Sansão e Dalila". Estranho que o tempo na novela passou e o tal sequestro de Maria e seu filho nunca foi investigado, nem pela polícia nem por investigadores particulares, já que dinheiro é o que não faltava para isso.Tanto que Otávio está financiando mais um cruzeiro para o psiquiatra-babá Décio (Petrônio Gontijo).

Para piorar a morosidade, ainda colocam flashbacks de Maria em cenas que nada acrescentam ao desenrolar da história. Pelo contrário, são repetitivas e não saem do mesmo lugar. Assim como são patéticas as que tentam instigar um mistério envolvendo as personagens de Paloma Duarte, Gisele Itié e Heitor Martinez. As situações são forçadas e as interpretações totalmente artificiais. Tão falsas quanto as joias que Nameless, a mulher “sem nome” vivida por Paloma, ganhou do Big Blond (Jonas Bloch) no capítulo dessa quarta-feira (25). Mais parecia um mostruário de bijuterias vendidas por camelôs nas ruas ou nas praias. O que valeu foi a aparição, no final, de Benvindo Sequeira, intérprete de Novais, um membro da máfia do Big Blond. Embora fosse para ser séria, a cena acabou sendo engraçada ao ter o ótimo Benvindo fazendo o personagem principal da situação.
    
De qualquer forma, esse navio de máscaras parece estar à deriva. E se não se aplumar, logo, logo haverá alguém gritando: “Vada a bordo, cazzo!”.