Diogo
Vilela é um daqueles atores que prende a atenção do público em qualquer
situação: seja fazendo humor na TV, como em “TV Pirata” e outros tantos
programas, seja no cinema, em "O Auto da Compadecida", entre outros
filmes de sucesso, seja mergulhando no mundo dramático de Shakespeare
interpretando “Hamlet” no teatro. Quem teve a chance de vê-lo nos palcos com
certeza reconhece a diferença. É um ator que parece engolir o personagem para
depois deixá-lo saltar através de seus olhos, seu gestual, a entonação de cada
palavra. Não tem sido diferente em “Aquele Beijo”, novela das sete da Globo que
está em sua reta final.
Seu
personagem, o nordestino Felizardo, ao longo desses oito meses de novela
inspirou os mais diversos tipos de sentimentos no telespectador: desprezo, pela
forma machista como trata sua mulher, Locanda (Stella Miranda); revolta, porque
sua ingenuidade não o deixa perceber que está sendo enganado pela falsa irmã, Damiana/Toinha
(Bia Nunes); indignação, por tratar a filha Raissa (Maria Maya) como se fosse
uma bastarda, e agora, apesar de todos os seus defeitos, consegue despertar
pena por estar sendo enganado mais uma vez e não saber que Agenor (Fiuk), seu
maior orgulho, na verdade é filho biológico de... Fábio Jr.
A cena de
sexta-feira (6), em que Agenor, já sabendo que não é filho biológico dele, diz:
“Na vida, o que importa não são as instituições e sim o afeto, o sentimento.
Eu, por exemplo, apesar de todas as suas maluquices, te adoro, pai!”, foi
marcante. Emocionado, mesmo sem saber da verdade, o nordestino chora e abraça o
rapaz. E no capítulo desse sábado (7), desmoronou ao ser esnobado por Locanda e
assumir que é apaixonado pela mulher. É a partir daí que Felizardo parece
começar a deixar que a emoção fale um pouco mais alto do que a razão e o
instinto de sobrevivência herdado de suas raízes.
Felizardo
é um cabra da peste, mas só a interpretação de Diogo Vilela seria capaz de não
transformá-lo em uma caricatura de Lampião. O ator tem o equilíbrio certo na
hora de pesar a emoção com gestos rudes, reações até mesmo grotescas, fruto da
necessidade de sobrevivência após a trajetória difícil que teve. Apenas com o
olhar, Diogo consegue chorar quando está feliz e sorrir quando está triste.
Com
tantos desfechos já previsíveis, a reação de Felizardo ao saber que Damiana não
é sua irmã e Agenor não é seu filho, com certeza será uma das cenas mais
aguardadas no fim de “Aquele Beijo”. E é de se esperar que Diogo não fique
novamente mais de uma década longe das novelas. Ele faz falta.